Destaque da 34ª
Bienal de São Paulo, a obra composta por 160 imagens foi escolhida para a
primeira exposição individual da artista na Fundação, com abertura no dia 10 de
agosto, às 14h. Entrada gratuita
Entre 2017 e 2018, a artista
Carmela Gross (SP) colecionou diversas fotos de vulcões
publicadas em jornais e livros. A partir dessas imagens, ela desenvolveu a
visualidade de cada uma, utilizando operações digitais para ampliar, recortar e
simplificar suas formas em manchas compactas em preto e branco. Isso serviu de
base para um exercício diário de reprodução dessa visualidade por meio de
desenhos a nanquim e lápis sobre papel.
Com esses esboços em mãos, em
2019, Carmela escolheu o Ateliê de Gravura da Fundação Iberê para uma imersão
de duas semanas nos processos gráficos da monotipia, com a colaboração
do artista e impressor Eduardo Haesbaert. Durante esse período,
desenvolveu centenas de trabalhos: manchas escuras de tinta que seriam
impressas sobre papel e seda, remetendo à ideia de uma grande explosão. “As
formas de vulcão têm uma concentração na forma e no gesto dela, do traço, que
deixa aquilo pulsante, parecendo que vai explodir”, recorda Haesbaert, que foi
impressor de Iberê Camargo nos últimos quatro anos de vida e produção do pintor
gaúcho.
Esse processo no Ateliê de
Gravura ainda estava em andamento quando os curadores da 34ª Bienal de São
Paulo, Paulo Miyada e Jacopo Crivelli Visconti, convidaram a artista para expor
os trabalhos na Bienal. “Cento e sessenta vezes, Carmela Gross repete esse ciclo.
A cada vez, uma nova erupção, uma nova silhueta, uma nova densidade do
pigmento. Cada uma não é necessariamente melhor ou pior que a anterior. Com o
acúmulo do fazer, entretanto, o movimento se desvencilha da tendência ao
triângulo escaleno, adquirida no desenho repetido dos vulcões. A mancha se
torna mais e mais uma mancha, conforme a artista insiste em seu labor. De tanto
ser mancha, entretanto, torna-se também pedregulho, meteorito, buraco, tumor”,
escreve Miyada.
Agora, em sua primeira
exposição individual na Fundação Iberê, Carmela Gross apresenta integralmente
as monotipias de BOCA DO INFERNO. A obra evoca o
desabafo e a crítica social feroz do poeta baiano Gregório de Matos, conhecido
como “Boca do Inferno”, no século XVII. BOCA DO INFERNO representa o
produto de um processo poético de apreensão e elaboração, remetendo às ideias
de vulcão, explosão e impacto, gerando uma verdadeira erupção visual.
“As obras de Carmela Gross
parecem ser um exercício premonitório dos tristes acontecimentos recentes em
nossa região. Vulcões, em vez das águas que também nos trouxeram destruição,
como um retrato em negativo”, destaca Emilio Kalil, diretor-superintendente da
Fundação Iberê, que precisou rever o cronograma de exposições devido à tragédia
climática no Rio Grande do Sul: “BOCA DO INFERNO estava prevista
para início de junho, mas Porto Alegre ainda não estava pronta para abrir
algumas de suas instituições, nem mesmo para receber visitantes. Tudo havia
sido tomado pelas águas, como uma lava”.
A exposição ocupa
o terceiro andar da Fundação Iberê. A abertura será no dia 10 de agosto, às 14
horas, com entrada gratuita, e segue até o dia 17 de novembro.
SERVIÇO
BOCA DO INFERNO
Artista: Carmela
Gross
Abertura: 10 de agosto | Sábado | 14h
Visitação: até 17 de novembro (domingo)
Onde: Terceiro andar da Fundação Iberê (Avenida Padre
Cacique, 2000 – Praia de Belas)
Durante o mês de agosto, a entrada é gratuita
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