Perita médica dá detalhes sobre o processo e explica a importância do trabalho
O
trágico acidente aéreo ocorrido no início da tarde da última sexta-feira (9) em
Vinhedo, no interior de São Paulo, traz à tona um processo doloroso pelo qual
as famílias terão de enfrentar, tendo em vista a natureza do fato: a
identificação dos 61 corpos.
Segundo
explica a médica perita Caroline Daitx, nesse momento o trabalho da perícia é
fundamental e deve contar com a participação dos familiares. “A identificação
de corpos em acidente aéreos é sempre um desafio por conta da carbonização.
Neste caso, serão necessários exames de DNA, além da reunião de outros
elementos que ajudem na identificação, como exames de arcada dentária, ficha
odontológica, fotografias que registrem o sorriso da pessoa, prontuários
médicos, entre outros”, detalha.
Uma
das primeiras tentativas de identificação, quando possível, é realização do
exame de necropapiloscopia, com a coleta das impressões digitais. Caso o exame
seja inviabilizado, os peritos realizam o exame odontolegal, onde são
analisados e comparados os arcos dentários com a documentação de atendimentos
clínicos odontológicos, tratamentos ortodônticos e até mesmo fotografias da
vítima em vida apresentadas pela família.
Ainda
segundo Caroline, exames de antropologia forense também podem auxiliar o
processo de identificação humana. Nesse caso, o médico-legista e odontolegista
realizam uma análise do corpo ou ossos em relação a aspectos físicos, como
marcas de nascença, cirurgias, sinais, tatuagens e outras características
individualizadoras que possam contribuir para a Identificação. Objetos pessoais
encontrados nos destroços também podem auxiliar no processo.
Os
resultados desses exames saem, em média, entre 48 e 72 horas. “Mas podem
demorar mais por conta do volume de amostrar em decorrência do número de
vítimas”, alerta Caroline. Caso não haja resultado compatível ou satisfatório,
a identificação passa para a última etapa, que é a realização do exame de DNA.
Neste caso, são coletados material biológico no corpo da vítima e de um
familiar de primeiro grau e essas amostras são encaminhadas para análise.
Fonte:
Caroline Daitx é médica perita, com residência em medicina legal e perícia médica na Faculdade de Medicina da USP. Foi médica legista concursada na polícia científica do Paraná até 2023. É médica perita particular e ex-diretora científica da Associação de Médicos Legistas do Paraná.
Que Deus os tenha!!
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