Sintomas associados à dor de dente e de ouvido também podem ser indicativos de disfunção de ATM, que é uma alteração da articulação da mandíbula; avaliação cabe a um cirurgião buco maxilo facial ou a um especialista em DTM
A queixa, quase sempre, chega primeiro ao dentista
ou ao otorrinolaringologista. Afinal, os sintomas mais comuns envolvem
justamente dores e desconfortos na região da boca e do ouvido. O que nos faz
crer, em princípio, se tratar de algo relacionado a essas duas especialidades.
Por isso, aliás, que é um muito corriqueiro partir
desses profissionais de saúde a indicação para o tratamento da chamada DTM
(Disfunção Temporomandibular). E não, propriamente, de um cirurgião buco maxilo
facial ou de especialista em DTM, a quem de fato cabe tal avaliação e,
sobretudo, a definição dos recursos terapêuticos necessários para a solução do
problema.
Isso ocorre porque a dor ocasionada pela DTM pode
manifestar em locais diferentes da sua origem – conforme explica a Dra. Juliana
Mussi, cirurgiã buco maxilo facial do Hospital Paulista.
"Normalmente, as pessoas identificam a
alteração, mas têm dúvidas em relação ao profissional que devem procurar. Por
isso, é muito comum os encaminhamentos virem de dentistas, otorrinos e, até
mesmo, de profissionais de outras especialidades, como neurologistas.”
Para não “batermos na porta errada”, como é tão
comum, a cirurgiã recomenda observar certos aspectos que são muito típicos da
DTM e podem ajudar a confirmar (ou mesmo descartar) qualquer suspeita nesse
sentido.
"Além das dores e desconfortos na região da
boca e do ouvido, a Disfunção Temporomandibular se notabiliza por ruídos nas
articulações, cansaço nos músculos da mastigação, estalos ao abrir a boca,
dificuldade de abertura da boca, além de movimentos irregulares ao abrir e
fechar a boca. Por isso, é sempre importante observar se há alguma dessas
características associadas. Um cirurgião buco maxilo facial ou um especialista
em DTM e dor orofacial poderá auxiliar nesse sentido, a partir de uma avaliação
clínica e solicitação de exames.”
Diagnóstico e tratamentos
A especialista explica que, na avaliação clínica, a
depender do caso, é verificada a articulação e a musculatura através de exames
de imagens, como, por exemplo, a ressonância magnética. Os tratamentos, por sua
vez, são divididos em dois grupos: clínico e cirúrgico.
"O primeiro é o indicado para a grande maioria
dos pacientes. Ele pode envolver ações como fisioterapia, agulhamento seco,
acupuntura, uso da placa de mordida e laserterapia, além de uma equipe
multidisciplinar para avaliação dos aspectos psicológicos, por exemplo.
Dependendo do caso, podem também ser prescritos medicamentos para dores agudas
e crônicas.”
Quanto aos procedimentos cirúrgicos, a cirurgiã
destaca que, dependendo do quadro clínico, é possível aplicar soluções menos
invasivas.
"É o caso das infiltrações de substâncias
dentro da articulação, lavagem (artrocentese) e da artroscopia. São procedimentos
minimamente invasivos e com pequenas incisões, que permitem investigar o
interior de uma articulação com uma microcâmera, fazer o diagnóstico e realizar
o procedimento necessário para melhorar a condição articular.”
Já nos mais graves, ainda de acordo com a
especialista, a opção é pelas chamadas “cirurgias abertas”, que são mais
invasivas e ocorrem quando há necessidade de acessar a articulação.
Mulheres mais propensas
Com relação ao perfil dos pacientes, a Dra. Juliana
explica que, em tese, as mulheres são mais suscetíveis a desenvolver a DTM.
"As mulheres, curiosamente, são as que mais recorrem ao tratamento
especializado. Isso pode ser explicado por estudos que apontam o estrogênio
(hormônio sexual feminino) como um possível fator de alteração do metabolismo
ósseo e da cartilagem da articulação temporomandibular, bem como do mecanismo
regulador da dor.”
Quanto à faixa-etária que esse tipo de problema
pode ser mais recorrente, a especialista explica que a DTM pode aparecer em
qualquer idade, embora seja mais comum em mulheres adultas de meia idade.
Hospital Paulista de
Otorrinolaringologia
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