Até 2070, 38% da população será formada por pessoas da terceira idade, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE; envelhecimento trará impactos nos gastos públicos
O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira
(22/08) que, em 2070, os idosos deverão representar quase 38% da população do
Brasil, tornando-se o maior grupo etário do país, com uma média de 4 para cada
10 brasileiros. A expectativa é que o número de pessoas idosas passe dos atuais
33 milhões em 2023 para 75,3 milhões em 2070. O resultado apresenta desafios
expressivos para as políticas públicas, principalmente na área da saúde.
Estudos do
governo federal indicam que o envelhecimento populacional terá um impacto
significativo nos gastos públicos com saúde, que devem aumentar em R$ 67,2
bilhões entre 2024 e 2034. Este montante inclui despesas com assistência
farmacêutica e atendimento hospitalar, à medida que a população idosa demanda
proporcionalmente mais cuidados médicos.
Dados do DRG
Brasil, que analisaram 1.587.542 altas hospitalares em 2023, mostram que os
idosos tendem a necessitar de internações mais longas. Pacientes com 80 anos ou
mais permanecem, em média, 7,4 dias internados, em comparação com a média de
2,9 dias para pacientes de 20 a 29 anos. Em termos práticos, os idosos utilizam
2,55 vezes mais dias de leito hospitalar por internação.
Além disso, o
aumento da demanda por cuidados de saúde deve impulsionar outros custos, como o
uso de múltiplos medicamentos (polifarmácia) e a necessidade de cuidados
domiciliares e de longa duração.
“O
envelhecimento está diretamente relacionado ao aumento da prevalência de
doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer
e doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Esses problemas de
saúde requerem cuidados contínuos, o que eleva a demanda por serviços médicos,
medicamentos e tratamentos”, explica Marcelo Carnielo, especialista em gestão
de custos hospitalares e diretor de Serviços da Planisa.
Diante desse
cenário, o país precisa adaptar suas unidades de saúde para atender às
necessidades específicas dos idosos, o que inclui a capacitação de
profissionais, adaptações de infraestrutura e o investimento em tecnologias
assistivas, telemedicina e inovações nos cuidados de saúde.
“O
envelhecimento da população também afeta outras áreas, como as despesas com
aposentadorias e pensões, o que pode causar desequilíbrios fiscais, caso não
haja uma reforma previdenciária adequada. Além disso, a diminuição da população
economicamente ativa pode impactar negativamente a produtividade e o
crescimento econômico”, ressalta.
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