Com estigma de ser mais resistente às consultas médicas periódicas, a ala masculina em geral tem diagnóstico tardio da osteoporose Freepik |
Com
estigma de ser mais resistente às consultas médicas periódicas, a ala masculina
em geral tem diagnóstico tardio da doença, o que acaba por comprometer o
tratamento, alerta Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico
A osteoporose
figura no hall das chamadas doenças silenciosas e assintomáticas. Caracterizada
pela redução da massa óssea, acarreta aumento da suscetibilidade a fraturas,
associadas também à dor crônica, depressão, perda da independência e
deformidade, além de problemas de saúde pública.
O Ministério da
Saúde estima que entre 10 e 15 milhões de pessoas convivem com a enfermidade no
Brasil e apenas 20% sabem ter a doença, que provoca 200 mil mortes por ano no
país. No mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a doença
causa 9 milhões de fraturas por ano, principalmente, no quadril, punho e na
coluna. Destas ocorrências, cerca de 300 mil levam pacientes à morte.
Conhecida por
afetar mulheres na fase pós-menopausa, em função da queda nos níveis de
hormônio que protegem o esqueleto, a osteoporose pode, no entanto, trazer
complicações mais sérias para a saúde dos homens. Isso porque, em geral, como
não fazem visitas regulares ao médico, eles tendem a descobrir a doença de
maneira tardia quando ela já encontra-se em estágio avançado.
“A osteoporose é
uma doença metabólica que provoca perda da massa óssea, deterioração da
microarquitetura do tecido ósseo e aumento da suscetibilidade a fraturas. Com o
aumento da fragilidade dos ossos, podem ocorrer fraturas após traumas mínimos,
como, por exemplo, quedas da própria altura ou mesmo sem nenhum trauma
aparente. Por isso, muitas pessoas só sabem que têm osteoporose após sofrerem
uma fratura por fragilidade”, explica o presidente da Sociedade Brasileira do
Trauma Ortopédico, Marcelo Tadeu Caiero.
No homem, a
osteoporose pode ser dividida em três categorias: a do tipo involucional,
relacionada ao envelhecimento, que ocorre em homens com mais de 60 anos; a
idiopática, que acomete homens jovens ou adultos de meia idade, antes dos 60
anos, por problemas genéticos ou hábitos de vida desfavoráveis; e a secundária,
definida quando há uma causa subjacente associada à perda de massa óssea, como doenças,
medicamentos e consumo excessivo de álcool e cigarros. A deficiência de
vitamina D também deve ser considerada em todos os casos.
Fratura
do quadril é a consequência mais dramática da osteoporose
Segundo um estudo
global da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, estima-se que o Brasil terá
quase quatro vezes mais incidentes de fratura do quadril até 2050, com a
situação mais preocupante entre os homens. Uma das descobertas inéditas do
trabalho é que a disparada de fraturas no quadril pelo mundo deve ser maior
entre os homens nos próximos 30 anos, apesar de a osteoporose ser mais comum em
mulheres. Atualmente, no Brasil, há cerca de 121.700 fraturas de quadril por
ano, número que deve aumentar para 160.000 fraturas anuais em 2050.
De acordo com
estudos realizados pela Federação Internacional da Osteoporose, os elevados
custos do tratamento da fratura de quadril no Brasil causam sobrecarga ao
sistema saúde e serão particularmente afetados pelo crescente aumento da
população idosa no mundo.
Prevenção
é a palavra-chave
O diagnóstico da
perda de massa óssea deve ser feito por meio do exame de densitometria óssea. A
determinação da densidade mineral óssea (DMO) é um preditor importante de
fraturas. Estudos mostram que a diminuição de cada desvio padrão na DMO do
quadril está associada a um aumento no risco relativo de fratura de quadril de
2,6 vezes.
“Além do exame, a
prevenção passa pela abstenção de fatores nocivos, como o consumo excessivo de
álcool e fumo. O tecido ósseo, por ser dinâmico e sofrer modificações ao longo
da vida, necessita de ingestão calórica adequada, particularmente proteínas,
cálcio e vitamina D, bem como da prática de exercícios de carga”, ressalta o
presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico.
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