Sem tratamento, tipos B e C são responsáveis por 96% dos óbitos pela doença, ao evoluir para cirrose, insuficiência hepática e câncer hepático
Doenças de progressão lenta e que por isso foram por muito tempo
negligenciadas, as hepatites virais do tipo B e C afetam 325 milhões de pessoas
no mundo, chegando a causar 1,4 milhão de mortes por ano. Para alertar sobre
prevenção e tratamentos dessas doenças, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
criou, em 2010, o Dia Mundial das Hepatites Virais, 28 de julho. No Brasil, o
Julho Amarelo se dedica a ações de vigilância, prevenção e controle das
hepatites virais. Especialistas defendem a vacinação como proteção contra os
vírus.
Curitiba
vem passando por um surto de hepatite A, com mais de 360 casos registrados e
cinco mortes, em 2024, contra cinco casos no ano passado. Essa infecção ocorre,
na maioria dos casos, de pessoa a pessoa ou por meio de alimentos contaminados,
porém a via sexual já está comprovada e tem sido o principal meio de contágio
na capital do Paraná, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.
De
acordo com a infectologista Ana Rosa dos Santos, do Sabin Diagnóstico e Saúde,
as hepatites são provocadas pela inflamação das células do fígado devido ao
contágio por via oral, sexual, alimentos contaminados ou pelo compartilhamento
de agulhas e seringas, além de transfusões de sangue. A ingestão de álcool pode
acelerar o desenvolvimento da doença e causar progressão até quatro vezes mais
rápido que o normal, dependendo da quantidade ingerida. Outras atividades de risco
são o uso de drogas injetáveis ou inaladas, já que as agulhas e canudos podem
transmitir sangue de uma pessoa para outra, além da relação sexual sem
proteção.
SINTOMAS | As hepatites
virais podem ser causadas por diferentes vírus, causando sintomas variados.
Enquanto em crianças costuma ser assintomática, a hepatite A em adultos
apresenta sintomas semelhantes aos de uma gripe, que se manifestam cerca de um
mês após a infecção, e não costuma causar maiores complicações. Porém, segundo
as autoridades curitibanas, o atual surto está levando muitos pacientes à
internação hospitalar. Já a do tipo E é o menos comum e, assintomática, não
costuma evoluir para quadros crônicos, exceto em pacientes imunodeprimidos,
como transplantados e HIV+. O tratamento é feito com medicação antiviral.
Os
tipos B, C e D, causam uma doença silenciosa, que se desenvolve ao longo dos
anos, e que só apresenta sintomas quando o fígado já está comprometido. O
diagnóstico precoce viabiliza tratamentos que prolongam a vida do paciente e
podem até eliminar o vírus, a depender do tipo. No caso da hepatite C, mais de
90% dos casos em que o tratamento da infecção é iniciado precocemente e seguido
corretamente têm cura.
Segundo
a OMS, sem tratamento, as hepatites B e C podem levar a cirrose, insuficiência
hepática e câncer hepático, sendo responsáveis por 96% de todos os óbitos por
hepatites virais. Além disso, o vírus da hepatite D só é capaz de infectar
pessoas já vivendo com hepatite B crônica, de modo que as ações para a eliminação
da hepatite B também acarretam a eliminação da hepatite D.
No
período de 2000 a 2022, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan) do Ministério da Saúde teve registrados 750.651 casos confirmados de
hepatites virais no Brasil. Destes, 22,5% foram de hepatite A; 36,9% de
hepatite B; 39,8% aos de hepatite C; 0,6% aos de hepatite D; e 0,2% ao tipo E.
Entre 2000 e 2021, o país teve 85 mil óbitos por hepatites virais.
VACINAÇÃO | A médica
infectologista explica que, ao contrário da hepatite viral aguda (dos tipos A e
E), a hepatite crônica pode durar anos, por isso, “buscar orientação e cuidados
ajudam a diagnosticar, tratar e prevenir a hepatite viral crônica”. Ana Rosa
observa que é imprescindível disseminar a importância da vacinação para obter
proteção contra os vírus. Alerta ainda, “qualquer pessoa que não tenha sido
vacinada ou previamente infectada pode ser infectada com o vírus da hepatite A
e recomenda aos viajantes se vacinarem ao se deslocarem para áreas de alta
endemicidade.” No Brasil, o sistema público e os serviços privados de saúde,
como o Sabin, oferecem vacinas contra as hepatites A e B. “A vacinação é a
estratégia de saúde mais eficaz, ajuda a reduzir novas infecções e o número de
mortes por cirrose hepática e câncer”.
A
primeira dose da vacina para o tipo B deve ser aplicada ao nascer e, para o
tipo A, recomenda-se a imunização aos 12 meses de vida. Além disso, a prevenção
da hepatite B inclui a prática de sexo seguro e o não compartilhamento de
instrumentos cortantes ou objetos de higiene pessoal; para a hepatite A, “além
de melhoria no sistema de saneamento básico e na higienização de alimentos, são
necessários cuidados com manuseio fecal-oral, por meio do contato sexual
inter-humano, especialmente, em homens que fazem sexo com homens”, orienta a
infectologista.
Grupo Sabin
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