Também originada da picada de mosquito, doença tem
sintomas confundidos com os da dengue, destaca infectologista do CEJAM
O número de casos confirmados de febre Oropouche tem aumentado no Brasil.
Apenas em 2024, o país já registrou mais de 6.600 casos, com a maioria
concentrada no Amazonas e em Rondônia. Contudo, notificações também foram
reportadas em todas as outras regiões do país, segundo o Ministério da Saúde, o
que acende um alerta.
Assim
como a dengue, a doença é causada por um arbovírus e transmitida através da
picada de mosquitos infectados. No entanto, o principal vetor nesse caso é o
mosquito Culicoides paraenses, popularmente conhecido como maruim ou
mosquito-pólvora. Outras espécies, como o Coquilletti diavenezuelensis e
o Aedes serratus, também são capazes de disseminar a doença.
Por
ser um quadro que ainda não é amplamente conhecido pela população e com
sintomas semelhantes aos da dengue e da Chikungunya, sua identificação ainda
causa bastante confusão.
Abaixo,
a infectologista Rebecca Saad, do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr.
João Amorim”, responde às principais dúvidas sobre o tema. Confira!
Quais são os sintomas da febre Oropouche?
A
doença é aguda, ou seja, aparece de repente, com sintomas que incluem febre
alta, dor de cabeça forte, dores musculares, nas articulações e nas costas. A
doença pode ter sinais sugestivos de meningite, que, além desses indícios,
também ocasiona fotofobia, sinais de irritação meníngea, náuseas e vômitos.
Como é feito o diagnóstico?
O
diagnóstico envolve a detecção do material genético do vírus, através de um
teste chamado PCR em tempo real. Também pode ser feito o isolamento do vírus em
culturas celulares e a identificação de anticorpos específicos no sangue do
paciente usando técnicas de laboratório, como o teste ELISA e a inibição da
hemaglutinação.
Como posso diferenciar a febre Oropouche da dengue?
Os
sintomas dessas duas infecções virais são muito semelhantes, portanto, a
maneira mais eficaz de distingui-las é através do diagnóstico por exames
laboratoriais.
É verdade que o vírus dessa doença é transmitido para o mosquito pelo
bicho-preguiça?
No
ciclo natural da doença, os principais hospedeiros são primatas e
bicho-preguiças, sim. Já no ambiente urbano, o ser humano se torna o principal
alvo do vírus. Portanto, se o mosquito picar um desses hospedeiros
contaminados, ele passará a carregar o vírus consigo e poderá transmiti-lo.
Então a doença não é transmitida de pessoa para pessoa? Apenas pela
picada?
Isso.
Não existem indícios de casos de transmissão de pessoa para pessoa.
Qual o tempo estimado da febre Oropouche no organismo?
Os
sintomas da doença, geralmente, se manifestam por cinco a sete dias, mas a
recuperação total do paciente pode levar várias semanas. De modo geral, a maior
parte dos pacientes se recupera em uma a duas semanas.
Existe tratamento?
Na
verdade, o tratamento para a febre Oropouche é voltado para o alívio dos
sintomas e prevenção de complicações, já que não existe uma terapia antiviral
específica aprovada para combater o vírus. Em casos mais graves ou com
complicações, pode ser necessário internar o paciente para um acompanhamento
mais rigoroso.
A
abordagem terapêutica deve ser cautelosa para evitar o uso de medicamentos que
possam piorar a condição do paciente. Por exemplo, em situações em que há
também suspeita de dengue, os fármacos salicilatos devem ser evitados devido ao
risco de sangramento e síndrome de Reye, doença rara e grave que afeta todos os
órgãos do corpo, sendo mais prejudicial ao cérebro e ao fígado.
Por que os números de casos estão aumentando no Brasil?
Há
vários fatores, mas alguns deles são a capacidade de os mosquitos transmissores
de se adaptarem a diferentes habitats, as mudanças no meio ambiente, o
desmatamento e a movimentação das pessoas. Esses elementos contribuem para que
o vírus se espalhe geograficamente.
Já existe uma vacina para proteção contra a febre Oropouche no país?
Atualmente,
não há uma vacina disponível. A falta de imunidade específica em populações que
nunca foram expostas ao vírus e a ausência de vacinas ou tratamentos antivirais
específicos também aumentam o risco de surtos e epidemias. Isso representa um
desafio para os esforços de controle e prevenção da doença.
Como podemos prevenir a febre Oropouche?
Para
prevenir a transmissão desse vírus, é necessário um esforço conjunto. Isso
envolve o controle dos mosquitos transmissores e a adoção de medidas de
proteção individual.
Primeiramente, é crucial eliminar locais onde os mosquitos possam se reproduzir, lembrando que eles são atraídos por água parada. Além disso, o uso de inseticidas e larvicidas pode ser bastante eficaz. A instalação de barreiras físicas, como telas e mosquiteiros em casa, também é uma estratégia útil. Por fim, não podemos esquecer do uso de repelentes no dia a dia e de roupas que minimizem a exposição da pele.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
cejamoficial
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