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segunda-feira, 1 de julho de 2024

Explosão de casos de VSR alerta para saúde respiratória de menores de 2 anos e idosos

Infectologia pediátrica destaca a importância da prevenção para evitar casos de bronquiolite e pneumonia



Os casos de Vírus Sincicial Respiratório (VSR) vêm aumentando em todas as regiões do Brasil, de acordo com o último Boletim InfoGripe da Fiocruz. Esse aumento é alarmante, pois o VSR é um dos principais causadores da bronquiolite, uma infecção que pode levar a quadros graves em crianças.

A Dra. Carolina Brites, infectologista pediátrica, destaca que "o vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos, pré-escolares e adultos com 60 anos ou mais." Ela explica que o VSR é um dos principais vírus associados à bronquiolite, uma condição caracterizada pela inflamação dos bronquíolos, pequenas ramificações dos brônquios responsáveis por transportar oxigênio até o tecido pulmonar.

O VSR apresenta maior sazonalidade entre o inverno e o início da primavera, período em que pode causar epidemias, embora sua intensidade varie localmente nas diferentes regiões do Brasil. "Surtos em outras estações do ano não são incomuns, especialmente em regiões de clima tropical como o nosso país", ressalta Dra. Carolina.

A transmissão do VSR ocorre pelas secreções do nariz ou da boca de pessoas infectadas, por contato direto ou por gotículas. "A transmissão começa dois dias antes de aparecerem os sintomas e só termina quando a infecção está completamente controlada. O período de maior contágio é nos primeiros dias da infecção", explica a especialista.

As populações mais vulneráveis a desenvolver formas graves da doença incluem recém-nascidos prematuros, crianças menores de seis meses e menores de dois anos com problemas pulmonares congênitos ou adquiridos, doenças cardíacas e imunodeprimidas. Em idosos, o risco de infecção grave é maior em indivíduos com condições médicas crônicas como doenças pulmonares, cardiovasculares, diabetes, distúrbios renais e hepáticos, e distúrbios hematológicos.

Embora a maioria das crianças infectadas apresente apenas sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado comum, em menores de dois anos a infecção pode evoluir para sintomas graves associados à bronquiolite. "Inicialmente, há coriza, tosse leve e, em alguns casos, febre. Em um a dois dias, pode haver piora da tosse, dificuldade para respirar, aumento da frequência respiratória com chiado a cada expiração e dificuldade para mamar e deglutir. Em casos graves, pode haver cianose dos dedos e lábios", detalha Dra. Carolina.

Para adultos, a infecção pelo VSR geralmente resulta em sintomas leves do trato respiratório superior, mas alguns podem desenvolver doenças graves do trato respiratório inferior, como pneumonia, especialmente a partir dos 60 anos de idade.

O diagnóstico do VSR é clínico, mas pode ser confirmado por exames laboratoriais, incluindo testes rápidos e ensaios moleculares como o PCR-RT. "Sem tratamento específico para o controle do VSR, a avaliação clínica rigorosa e o uso adequado de sintomáticos são essenciais. Em casos críticos, a hospitalização para oxigenoterapia e outras medidas de suporte pode ser necessária", enfatiza a infectologista.

A prevenção contra o VSR é primordial para controlar a doença e minimizar situações emergenciais. "Para crianças, pode ser feita profilaxia específica com dois anticorpos monoclonais anti-VSR — o palivizumabe e o nirsevimabe", explica Dra. Carolina. O palivizumabe está disponível no PNI para crianças com risco elevado de desenvolver infecção grave por VSR, enquanto o nirsevimabe foi recentemente aprovado pela Anvisa e estará disponível no sistema privado de vacinação.

Para adultos, especialmente aqueles com 60 anos ou mais e pertencentes a grupos de maior risco, a prevenção pode ser feita através das vacinas Arexvy® e Abrysvo®, que são indicadas para a imunização ativa contra a doença do trato respiratório inferior causada pelo VSR.

A Dra. Carolina Brites conclui que "a prevenção contra o VSR é essencial para evitar complicações graves e hospitalizações, especialmente entre os grupos de maior risco." Com as medidas adequadas de prevenção, é possível minimizar os impactos deste vírus na população. 

 

Carolina Brites - concluiu sua graduação em Medicina na Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) em 2004. Especializou-se em Pediatria pela Santa Casa de Santos entre 2005 e 2007, onde obteve o Título de Pediatria conferido pela Sociedade Brasileira de Pediatria. osteriormente, especializou-se em Infectologia infantil pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e completou uma pós-graduação em Neonatologia pelo IBCMED em 2020. Em 2021, concluiu o mestrado em Ciências Interdisciplinares em Saúde pela UNIFESP. Atualmente, é professora de Pediatria na UNAERP em Guarujá e na Universidade São Judas em Cubatão. Trabalha em serviço público de saúde na CCDI – SAE Santos e no Hospital Regional de Itanhaém. Além disso, mantém um consultório particular e assiste em sala de parto na Santa Casa de Misericórdia de Santos. Ministra aulas nas instituições de ensino onde é professora.


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