Infectologia pediátrica destaca a importância da prevenção para evitar casos de bronquiolite e pneumonia
Os casos de Vírus Sincicial Respiratório (VSR) vêm aumentando em todas as
regiões do Brasil, de acordo com o último Boletim InfoGripe da Fiocruz. Esse
aumento é alarmante, pois o VSR é um dos principais causadores da bronquiolite,
uma infecção que pode levar a quadros graves em crianças.
A Dra. Carolina Brites, infectologista pediátrica, destaca que
"o vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de
infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos, pré-escolares e
adultos com 60 anos ou mais." Ela explica que o VSR é um dos principais
vírus associados à bronquiolite, uma condição caracterizada pela inflamação dos
bronquíolos, pequenas ramificações dos brônquios responsáveis por transportar
oxigênio até o tecido pulmonar.
O VSR apresenta maior sazonalidade entre o inverno e o início da
primavera, período em que pode causar epidemias, embora sua intensidade varie
localmente nas diferentes regiões do Brasil. "Surtos em outras estações do
ano não são incomuns, especialmente em regiões de clima tropical como o nosso
país", ressalta Dra. Carolina.
A transmissão do VSR ocorre pelas secreções do nariz ou da boca
de pessoas infectadas, por contato direto ou por gotículas. "A transmissão
começa dois dias antes de aparecerem os sintomas e só termina quando a infecção
está completamente controlada. O período de maior contágio é nos primeiros dias
da infecção", explica a especialista.
As populações mais vulneráveis a desenvolver formas graves da
doença incluem recém-nascidos prematuros, crianças menores de seis meses e
menores de dois anos com problemas pulmonares congênitos ou adquiridos, doenças
cardíacas e imunodeprimidas. Em idosos, o risco de infecção grave é maior em
indivíduos com condições médicas crônicas como doenças pulmonares,
cardiovasculares, diabetes, distúrbios renais e hepáticos, e distúrbios
hematológicos.
Embora a maioria das crianças infectadas apresente apenas
sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado comum, em menores de dois anos
a infecção pode evoluir para sintomas graves associados à bronquiolite.
"Inicialmente, há coriza, tosse leve e, em alguns casos, febre. Em um a
dois dias, pode haver piora da tosse, dificuldade para respirar, aumento da
frequência respiratória com chiado a cada expiração e dificuldade para mamar e
deglutir. Em casos graves, pode haver cianose dos dedos e lábios", detalha
Dra. Carolina.
Para adultos, a infecção pelo VSR geralmente resulta em sintomas
leves do trato respiratório superior, mas alguns podem desenvolver doenças graves
do trato respiratório inferior, como pneumonia, especialmente a partir dos 60
anos de idade.
O diagnóstico do VSR é clínico, mas pode ser confirmado por
exames laboratoriais, incluindo testes rápidos e ensaios moleculares como o
PCR-RT. "Sem tratamento específico para o controle do VSR, a avaliação
clínica rigorosa e o uso adequado de sintomáticos são essenciais. Em casos
críticos, a hospitalização para oxigenoterapia e outras medidas de suporte pode
ser necessária", enfatiza a infectologista.
A prevenção contra o VSR é primordial para controlar a doença e
minimizar situações emergenciais. "Para crianças, pode ser feita
profilaxia específica com dois anticorpos monoclonais anti-VSR — o palivizumabe
e o nirsevimabe", explica Dra. Carolina. O palivizumabe está disponível no
PNI para crianças com risco elevado de desenvolver infecção grave por VSR,
enquanto o nirsevimabe foi recentemente aprovado pela Anvisa e estará
disponível no sistema privado de vacinação.
Para adultos, especialmente aqueles com 60 anos ou mais e
pertencentes a grupos de maior risco, a prevenção pode ser feita através das
vacinas Arexvy® e Abrysvo®, que são indicadas para a imunização ativa contra a
doença do trato respiratório inferior causada pelo VSR.
A Dra. Carolina Brites conclui que "a prevenção contra o VSR é essencial para evitar complicações graves e hospitalizações, especialmente entre os grupos de maior risco." Com as medidas adequadas de prevenção, é possível minimizar os impactos deste vírus na população.
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