Motivo de queixas, principalmente entre as crianças, essa reação natural pode causar dor e desconforto em pessoas mais sensíveis; especialista do Hospital Paulista explica por que isso acontece e dá dicas de como minimizar o problema
Para uns, apenas um incômodo passageiro. Para
outros, um desconforto grande, que causa dor, atrapalha a audição e custa a
passar! É numa escala bastante dissonante que as pessoas reagem às variações da
pressão atmosférica em viagens de avião – ou mesmo de carro, em regiões
serranas.
As crianças, geralmente, são as que mais se
queixam, mas isso não é uma exclusividade delas. Há muitos adolescentes,
adultos e idosos que também têm essa sensibilidade nos ouvidos.
Mas qual é a razão disso?
De acordo com a Dra. Bruna Assis,
otorrinolaringologista do Hospital Paulista – referência em saúde de ouvido,
nariz e garganta –, o motivo se dá em razão de um fenômeno chamado autofonia,
também conhecido como ouvido abafado ou entupido.
"A mudança de altitude, quando subimos para
pontos mais altos ou descemos, faz com que a pressão na parte média do ouvido
tente se igualar à da parte externa. Só que isso não acontece imediatamente.
Até que haja esse equilíbrio, temos essa sensação de audição abafada e, em
algumas pessoas, essa reação vem acompanhada de dor e muito desconforto",
destaca.
Ela explica que as crianças são mais sensíveis por
uma questão anatômica que envolve a estrutura interna do ouvido na fase de
crescimento. "Nas crianças, a tuba auditiva (ligação do ouvido com o
nariz) ainda não está bem formada, sendo mais retificada e curta. Por isso,
seus mecanismos para equalização de pressão na orelha média podem acontecer de
maneira inadequada. Inclusive, existe maior facilidade de as secreções nasais
irem para o ouvido, gerando maior suscetibilidade à sensação de ouvido entupido
ou mesmo a desenvolver otites.”
Como solucionar?
Para minimizar o problema, a médica explica que há
técnicas bastante simples. Uma delas é mastigar chicletes ou mesmo balas.
"Dessa forma, você estimula o funcionamento da tuba auditiva através da
mastigação. Isso também pode ser feito por meio de lavagens nasais com baixa
pressão (isto é, sem fazer muita força com a seringa ou lavador nasal) - ou, em
casos mais intensos, através do uso de descongestionantes nasais ou orais.”
Outra maneira de minimizar a autofonia é recorrendo
à chamada “Manobra de Valsalva”, que é a técnica de se exalar o ar com o nariz
tapado e a boca fechada, forçando o ar em direção ao ouvido médio via tuba
auditiva. No entanto, a especialista ressalta que isso requer certo cuidado.
"É necessário ter ponderação ao utilizar essa técnica, pois, se realizada
com muita força, pode ocasionar traumas auditivos por pressão (barotraumas),
evoluindo com dor intensa e até inflamações", alerta.
Se persistir, o que fazer?
Na grande maioria dos casos, segundo a Dra. Bruna,
a sensação de entupimento do ouvido se resolve espontaneamente, sobretudo a
partir da adoção das técnicas acima mencionadas. Mas, se ainda assim o problema
persistir, a recomendação é buscar uma avaliação mais aprofundada junto ao
otorrinolaringologista.
"Se o problema persiste, é importante passar
por uma avaliação com o especialista para diagnóstico e tratamento adequado,
pois podem ser indicativos de otites barotraumáticas e, até mesmo, perfurações
timpânicas. Embora sejam quadros bem mais raros, eles também podem decorrer de
alterações rápidas na pressão do ar. Mas não é algo comum de acontecer”,
finaliza a especialista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário