Levantamento aponta que mais de 24% dos adultos brasileiros são obesos. A
doença afeta população economicamente ativa e tem consequências no mundo do
trabalho
De acordo com um estudo publicado recentemente na
revista científica The Lancet e apoiado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), mais de um bilhão de pessoas no mundo, 1 a cada 8, vivem com obesidade.
No Brasil, porém, a proporção considerando a
população adulta já é de 1 pessoa com a doença a cada 4, apontam dados da
pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (Vigitel) 2023, monitoramento anual do Ministério da Saúde.
Esse estudo mostrou que 24,3% dos adultos
brasileiros são obesos (32,6% entre homens de 45 a 54 anos, praticamente 1 a
cada 3). Na outra ponta, a proporção mais baixa é entre mulheres de 18 a 24
anos, faixa em que 11,8%, 1 a cada 10, têm obesidade.
O quadro de obesidade é considerado pelo índice
de massa corporal (IMC) igual ou acima de 30 kg/m2. O cálculo do IMC é obtido
pela divisão do peso pelo quadrado da altura. Porém, quando analisado o
percentual de adultos com excesso de peso – que inclui também aqueles com o IMC
igual ou acima de 25 kg/m2, o chamado sobrepeso – o número chega a 61,4% dos
adultos no Brasil, mais de 1 a cada 2.
De
acordo com o Dr. Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde e presidente da
Oncare Saúde e da ABRESST (Associação
Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho), o pior cenário
no País está entre a população economicamente ativa: “No Brasil, em relação à faixa etária, atualmente o pior
cenário do excesso de peso está entre homens de 45 a 54 anos, assim como o da
obesidade sozinha: 75% deles têm o IMC igual ou acima de 25 kg/m2”.
Impactos da obesidade no trabalho
A obesidade pode ter vários impactos negativos no trabalho,
tanto para os indivíduos obesos quanto para os empregadores. Dentre eles, o
gestor em saúde Dr. Ricardo Pacheco destaca o absenteísmo: “Trabalhadores
obesos têm maior probabilidade de faltar, devido a doenças relacionadas à
obesidade, como diabetes, hipertensão e problemas articulares. Isso pode
resultar em uma redução na produtividade da equipe e custos adicionais para os
empregadores devido à perda de horas de trabalho”.
O médico ainda aponta a baixa produtividade: “A obesidade pode
levar a uma redução na produtividade no local de trabalho devido a fadiga,
falta de energia, dificuldades de concentração e menor capacidade de realização
de tarefas físicas”, e o aumento dos custos de assistência médica: “As empresas
muitas vezes arcam com custos mais elevados de assistência médica devido às
condições de saúde relacionadas à obesidade de seus trabalhadores, como
diabetes tipo 2, doenças cardíacas e problemas musculoesqueléticos”.
É preciso considerar ainda o aumento do risco de acidentes de
trabalho: “A obesidade pode aumentar o risco de lesões e acidentes no local de
trabalho devido à redução da mobilidade, equilíbrio comprometido e tempo de
reação mais lento. Vale alertar ainda que algumas pessoas obesas podem apresentar
baixa autoestima e confiança no trabalho, o que pode afetar negativamente sua
interação com colegas de trabalho, desempenho e progressão na carreira”,
adverte Dr. Ricardo Pacheco.
A obesidade e a saúde mental no trabalho
A relação entre obesidade e transtornos mentais no local de
trabalho é complexa e multifacetada. Ambas as questões podem ter um impacto
significativo na saúde e no desempenho dos trabalhadores.
O presidente da Oncare Saúde ressalta que a obesidade pode ter diversos
impactos na saúde mental do trabalhador, tanto diretos quanto indiretos.
“Trabalhadores obesos podem enfrentar estigma e discriminação no local de
trabalho, o que pode levar a problemas de autoestima, ansiedade e depressão,
devido a questões de imagem corporal e ao feedback negativo de colegas de
trabalho ou supervisores. Podem se sentir isoladas ou excluídas socialmente no
local de trabalho, o que pode levar a sentimentos de solidão e depressão”.
O médico também lembra que a obesidade está frequentemente
associada a problemas de saúde, como diabetes, doenças cardíacas e pressão
alta. “O estresse relacionado a essas condições de saúde pode afetar
negativamente o bem-estar mental no trabalho. Sem falar que algumas pessoas
recorrem à comida como uma forma de lidar com o estresse no trabalho; isso pode
levar a um ciclo vicioso de estresse emocional, comer demais e ganho de peso,
exacerbando ainda mais os problemas de saúde mental e física. Há ainda a real
dificuldade de acesso a oportunidades de carreira, devido ao preconceito contra
pessoas obesas no processo de contratação ou promoção, o que pode afetar
negativamente sua satisfação no trabalho e autoestima”, alerta Dr. Ricardo
Pacheco.
O papel das empresas para acolher e cuidar do trabalhador obeso
É essencial que as empresas reconheçam e abordem essas questões,
promovendo um ambiente de trabalho inclusivo e oferecendo apoio aos
trabalhadores que enfrentam desafios relacionados à obesidade.
“Isso pode incluir programas de bem-estar que incentivem hábitos
saudáveis de vida, acesso a recursos de saúde mental e políticas anti-estigma
no local de trabalho. Além disso, os trabalhadores devem ser encorajados a
buscar ajuda profissional se estiverem enfrentando problemas de saúde mental
relacionados à obesidade”.
Para ele, além dos programas de bem-estar no local de trabalho,
as empresas podem oferecer incentivos para a adoção de estilos de vida
saudáveis, promover a conscientização sobre nutrição e exercícios, e criar um
ambiente de trabalho que seja inclusivo e apoie a saúde física e mental de
todos os funcionários. “Além disso, políticas de benefícios de saúde
abrangentes e programas de assistência médica podem ajudar a gerenciar os
custos associados às condições de saúde relacionadas à obesidade”.
“Abordar a obesidade e os transtornos mentais no local de
trabalho requer uma abordagem holística que leve em consideração os fatores
sociais, comportamentais e organizacionais que contribuem para esses problemas
de saúde. O apoio da liderança, políticas de recursos humanos sensíveis e
programas de bem-estar abrangentes podem ajudar a criar um ambiente de trabalho
mais saudável e produtivo para todos os trabalhadores”, completa o médico Dr.
Ricardo Pacheco .
Oncare Saúde
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