À medida que nos aproximamos do Dia Internacional da Mulher, celebramos suas conquistas, mas também refletimos sobre sua participação no mercado de trabalho. Embora tenhamos testemunhado um aumento na presença feminina, disparidades persistem, especialmente em termos de equidade salarial e oportunidades. A determinação do papel da mulher no mercado de trabalho é uma escolha pessoal, muitas vezes envolvendo decisões difíceis entre família e carreira, o que influencia diretamente a presença delas em cargos de liderança corporativa.
Antes de adentrarmos em qualquer discussão, lhe
convido à reflexão: quem disse que, para uma mulher ser feliz, é necessário
ocupar posições de liderança? Trago essa provocação, pois a sociedade cria
estereótipos que definem padrões de "sucesso". Assim, acredita-se que
para ser feliz é preciso casar, ter uma casa própria ou mesmo alcançar cargos
de liderança.
Um estudo recente realizado em 2023 pela Visier,
uma plataforma de análise de pessoal e planejamento de força de trabalho,
revela uma tendência interessante: os funcionários estão trocando cargos de
liderança por tempo livre. O estudo, conduzido nos Estados Unidos, investigou
as ambições dentro e fora do local de trabalho, incluindo a gestão de pessoas,
dos entrevistados. Conclusão: 91% dos funcionários liberais preferem não se
tornar gestores, seja pelo estresse adicional, seja pela satisfação com suas
funções atuais. Embora a pesquisa tenha considerado profissionais de diferentes
faixas etárias, essa tendência de equilibrar trabalho e qualidade de vida já é
uma característica marcante na Geração Z (nascidos entre 1996 e 2010), que
representa os futuros líderes das organizações.
Durante a pandemia, muitos puderam equilibrar
melhor vida pessoal e profissional, percebendo que há mais na vida do que
apenas trabalho e finanças. É essencial entregar resultados no trabalho de
maneira sustentável, preservando a saúde mental e evitando o esgotamento
profissional, que pode prejudicar tanto o colaborador quanto a empresa.
Para as mulheres que aspiram avançar em suas
carreiras e ocupar posições de liderança, há um dado encorajador: em 2023, pela
primeira vez na história das empresas listadas na Fortune 500, 10% dos CEOs
eram mulheres, representando um marco significativo. Apesar de ainda haver
espaço para crescimento, essa porcentagem já é superior à de anos anteriores. A
inclusão delas em todos os níveis de liderança está se tornando um tema
frequente, impulsionado pelas práticas de ESG (Environmental, Social and
Governance) exigidas das organizações.
Em 2024, não há mais espaço para empresas com
práticas machistas e excludentes. Nos processos seletivos, há uma crescente
busca por diversidade, em todas as esferas e, principalmente, de ideias.
Ignorar essa questão pode levar ao fracasso e à falência das organizações, uma
vez que os consumidores exigem diversidade e inclusão de forma contundente.
As mudanças precisam ocorrer em todos os âmbitos da
sociedade, não apenas dentro das empresas. O sistema precisa ser transformado.
Quem disse que é papel da mulher cuidar da casa, do trabalho e da carreira? Por
que essa sobrecarga precisa recair principalmente sobre elas? Da mesma forma, é
crucial entender que o processo de mudança não ocorre da noite para o dia e
requer consistência, resiliência e, sobretudo, competências. A implementação de
políticas público-privadas que garantam direitos e deveres iguais para homens e
mulheres, como a ampliação da licença paternidade, também é relevante para que
as mulheres tenham as mesmas condições de competitividade.
Cada mulher deve buscar a felicidade e o
autoconhecimento, seja por terapia ou coaching, independentemente do cargo
ocupado. Não importa se você é uma analista, coordenadora, gerente, diretora ou
presidente, mas sim se está impactando vidas com seu trabalho e se, ao final do
dia, sente-se realizada. O importante é impactar vidas com seu trabalho,
conforme Antoine de Saint Exupéry destacou: 'O que se leva da vida é a vida que
se leva'.
Competitividade em evidência
Com a evolução do mercado empresarial, a
valorização das chamadas soft skills, competências e habilidades
comportamentais, tem se fortalecido globalmente. Neste contexto, as mulheres se
destacam e impactam positivamente o desempenho financeiro das organizações.
Diferentemente dos homens, que tendem a ser mais pragmáticos, as mulheres
demonstram sensibilidade, sensatez e assertividade, características essenciais
para a gestão de conflitos. Além disso, possuem habilidades superiores para
trabalho em equipe e negociação eficaz. Integrar essas características femininas
pode ser o diferencial necessário para as empresas se adaptarem e se
reinventarem constantemente.
Quanto à competitividade, o mercado de trabalho
demanda profissionais competentes e dotados do maior conjunto possível de
habilidades, independentemente de gênero, raça, cor ou outros fatores. Nesse
sentido, as mulheres têm todas as condições necessárias para competir e se
destacar. É essencial que elas desenvolvam competências, habilidades e
conhecimento técnico nas áreas em que atuam, permitindo que assumam cada vez
mais responsabilidades e cargos de maior complexidade, caso desejem.
É preciso combater o etarismo
O etarismo, ou preconceito contra os idosos, ganhou
destaque após a pandemia da Covid-19, especialmente com a crescente aceitação
das mulheres em relação aos cabelos brancos naturais. Esse aumento de
visibilidade trouxe o assunto para discussão, mas ainda enfrenta obstáculos
significativos no ambiente corporativo. É comum que as empresas busquem
profissionais mais jovens, mesmo para cargos de alta gestão, como gerentes e
diretores, uma prática que não reflete a sensatez. Hoje, uma mulher de 60 anos
pode ser tão jovem, ativa e produtiva quanto qualquer outra, trazendo consigo
uma vasta experiência profissional e pessoal valiosa para contribuir com as
empresas.
Assim cabe aos órgãos de administração das
empresas, desde os conselhos de administração até a alta gestão, não apenas
discutir, mas também implementar práticas eficazes para a inclusão e
valorização dessas profissionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário