Mais que dígitos: A busca por reconhecimento no universo corporativo
Em uma das minhas caminhadas matinais, decidi me aventurar pelas
ruas de um distrito financeiro. Observando a arquitetura envidraçada dos
prédios, um pensamento me invadiu: será que as pessoas que trabalham lá dentro
sentem-se tão transparentes quanto o vidro que as circunda? Em um mundo de
logins e senhas, de matrículas e códigos de acesso, quem é você no universo
corporativo?
Você já se perguntou, enquanto inseria os dígitos da sua senha no
computador da empresa, se naquele ambiente você é apenas um número? Uma
combinação específica de algarismos, um código de barras em meio a um estoque
de talentos?
A maioria das empresas adota métricas e KPIs, necessárias, é
verdade, para avaliar o desempenho e otimizar resultados. Mas por trás de cada
gráfico, de cada relatório, de cada feedback, há uma pessoa. Uma vida inteira,
composta de sonhos, paixões, medos e aspirações.
Entretanto, a ironia é que, em meio à avalanche de dados e números,
perdemos o principal: a essência humana. A capacidade de reconhecer que o
colaborador João, mais do que o sujeito da mesa 23 que bateu a meta do mês, é
um ser humano que talvez escreva poesias nas horas vagas ou que, talvez, esteja
enfrentando desafios pessoais imensuráveis.
O desafio provocativo desta crônica é te fazer refletir sobre sua
própria posição nesse tabuleiro corporativo. Você se sente como um peão,
movimentado de acordo com a estratégia da empresa, ou enxerga-se como uma peça
vital, que merece ter sua singularidade reconhecida?
Para as empresas, fica o desafio de não permitir que a necessidade
de quantificar tudo ofusque a realidade de que, por trás de cada número, há um
profissional que quer, mais do que reconhecimento monetário, sentir que é visto
e valorizado em sua totalidade.
Por fim, se você se percebe hoje como apenas um número no vasto
mundo corporativo, lembre-se de que a capacidade de mudar essa percepção está,
em grande parte, em suas mãos. Reinvente-se, destaque-se e faça-se notar não
pelos dígitos de sua matrícula, mas pela grandiosidade do seu talento e humanidade.
E se ainda assim a empresa não te reconhecer, talvez seja hora de buscar um
lugar onde você seja mais do que um código: seja um notável.
Francisco Carlos
CEO Mundo RH
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