A exposição traz nomes de mais de 60 cientistas e 20 artistas plásticas.
(crédito: Lucas Mello Nogueira)
No
Paço das Artes, exposição ‘Nós — Arte e Ciência por Mulheres’ segue até 11
de junho
Ainda dá tempo de visitar a exposição “Nós —
Arte e Ciência por Mulheres”, sobre a trajetória das mulheres
como produtoras de conhecimento. Ela segue aberta até dia 11
de junho, no Paço da Artes, instituição da
Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, em
Higienópolis, Zona Oeste de São Paulo. A mostra apresenta um panorama que
valoriza a presença da mulher na ciência, ao mesmo tempo que dá luz à histórica
invisibilização de suas atuações na sociedade. Faz isso através da apresentação
de personagens, iconografia histórica e científica e, como um projeto de arte,
através do trabalho de artistas contemporâneas.
Contemplando cenários históricos que vão
desde a sabedoria ancestral até a crescente presença feminina nas instituições
científicas nos dias de hoje, a narrativa da exposição propõe tanto uma
denúncia quanto uma ode à presença de mulheres nas mais diversas áreas do
conhecimento. Como denúncia, a mostra considera as múltiplas camadas de
opressão que atravessam e organizam uma sociedade ainda marcada pelas
exclusões, mas também apresenta e valoriza, através de uma narrativa complexa e
entrelaçada, que a mulher sempre foi protagonista de sua própria história.
A
EXPOSIÇÃO
A mostra é dividida em dois núcleos temáticos,
abordando diferentes áreas de atuação em que as mulheres são produtoras de
conhecimento. Nós — Arte e Ciência por Mulheres faz
um recorte e apresenta cerca de 60 cientistas de diferentes épocas e nem sempre
reconhecidas por suas conquistas, como a alquimista e profetisa grega Maria; as
químicas Marie e Irene Curie; a bióloga Bertha Lutz e a paleontóloga Carlotta
Joaquina Maury. Entre as 19 artistas contemporâneas estão Arissana Pataxó,
Berna Reale, Bruna Alcântara, Efe Godoy, Marcela Cantuaria e Paty Wolff.
O primeiro núcleo, “Não se
nasce mulher, torna-se mulher”, retorna aos
tempos medievais e destaca como a sabedoria e autonomia feminina, muitas vezes
na figura de parteiras, curandeiras e benzedeiras, por exemplo, passaram a ser
vistas como uma afronta à manutenção da lógica
patriarcal e à sociedade da época, sendo consideradas imorais, criminosas e até
mesmo bruxas. Por conta de tamanho preconceito, muitas delas foram condenadas à
fogueira.
Também é abordada a ideia de construção
social de gênero e seus impactos na produção de uma sociedade e de uma ciência
majoritariamente androcêntricas, apresentando mulheres que tiveram relevância
não só na produção científica como também no debate sobre igualdade e
representatividade de gênero. Algumas das mulheres em destaque são: da educação,
a escritora Nísia Floresta (1810-1885), considerada a primeira
feminista do país e a fundadora do Colégio Augusto, no Rio de Janeiro, que
viria a ser um marco na história da educação feminina brasileira; da saúde,
a médica Maria Odília Teixeira (1884-1970), conhecida como a
primeira mulher negra do Brasil a se formar no curso de medicina e autora de um
estudo pioneiro sobre a cirrose alcoólica em uma época de forte estigmatização
de pacientes da doença; e das ciências humanas, a filósofa Sueli
Carneiro, fundadora e atual diretora do Geledés — Instituto da
Mulher Negra, a primeira organização negra e feminista independente de São
Paulo.
Já o segundo núcleo, chamado “A
revolução será feminista, ou não será!”, explora a contínua
luta das mulheres por uma sociedade mais igualitária, em que todos tenham pleno
acesso a direitos políticos, econômicos e sociais, naquela que é considerada a
mais longa de todas as revoluções. Entre alguns dos variados temas que serão
explorados, está o trabalho doméstico. Num país como o Brasil, em que as mulheres
dedicam entre 20 e 22 horas por semana a este tipo de serviço, e os homens
apenas 10, obrigando muitas delas a largar seus estudos e empregos para cuidar
da casa, o combate ao sexismo e ao ultrapassado ideal do que seria um “trabalho
de mulher” segue urgente e necessário.
Dentre nomes importantes nas áreas da ciência
e tecnologia destacados estão a médica brasileira Beatriz
Grinsztejn, primeira mulher latino-americana eleita como
presidente da International AIDS Society para a gestão 2024-2026, com o desafio
de enfrentar as iniquidades que persistem na resposta global à epidemia de
AIDS; a geneticista Mayana Zatz, pioneira ao localizar
genes novos ligados a doenças neuromusculares e coordenadora do Centro de
Estudos do Genoma Humano; a cientista da computação Nina da
Hora, que atualmente integra o Conselho de Segurança da rede
social TikTok e se considera uma hacker antirracista dedicada a pensar de forma
crítica a inteligência artificial; e Jaqueline Goes, biomédica que
participou da equipe que sequenciou o genoma do vírus Zika, e se destacou por
coordenar a equipe que conseguiu sequenciar o genoma do vírus SARS-CoV-2 apenas
48 horas após o registro do primeiro caso de covid-19 no Brasil.
“Nós
– Arte e Ciência por Mulheres” tem entrada
franca. A mostra é uma exposição coletiva construída pelo
coletivo curatorial do Estúdio M’Baraká, formada por
Isabel Seixas, Letícia Stallone, Gisele Vargas e Diogo Rezende, e com
consultoria da pesquisadora Magali Romero Sá, especializada em História da
Ciência.
Além de um projeto expográfico acessível, a
exposição conta com roteiros de audiodescrição para o público com deficiência
visual e roteiro de vídeo-libras para as pessoas surdas. Esses roteiros podem
ser acessados gratuitamente por QR codes. Os textos da exposição também serão
disponibilizados via QR codes de forma acessível para softwares de leitura de
pessoas com deficiência visual. Todos os vídeos no espaço expositivo contam com
legendas em português e legendas descritivas. Há também vídeos que contam com
recurso de audiodescrição ou Libras. Foi realizada uma seleção de objetos
sensoriais que são destinados às visitas mediadas realizadas pela equipe
educativa, que também passou por formação em acessibilidade para poder receber
todos os perfis de público com equiparação de oportunidades. O espaço do Paço
das Artes possui rampa de acesso para espaço expositivo, elevador e banheiro
acessível para pessoas com mobilidade reduzida ou deficiência física.
A exposição “Nós — Arte e
Ciência por Mulheres” é uma realização do Estúdio M'Baraká, do
Ministério da Cultura e do Governo Federal, através da Lei de Incentivo à
Cultura, e conta com idealização da M’Baraká, patrocínio master da AstraZeneca,
apoio do Paço das Artes, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa
do Governo do Estado de São Paulo, além de apoio de acervo do Museu do Índio,
Museu Nacional Museu de Ciências da Terra / CPRM, Instituto Butantan, Sítio
Roberto Burle Marx e Fiocruz.
O Paço das Artes tem apoio institucional da
Kapitalo Investimentos na categoria Master; Vivo e Grupo Travelex Confidence na
categoria Ouro; e TozziniFreire Advogados na categoria Prata. O apoio de mídia
é da JCDecaux, Nova Brasil FM e Alpha FM, e o apoio operacional é do Pestana
Hotel Group.
Serviço:
Nós
– Arte e Ciência por Mulheres
Até
11 de junho de 2023
Local:
Paço das Artes
Endereço:
Rua Albuquerque Lins, 1345 - Consolação, São Paulo - SP
Telefone:
(11) 4810-0392
Funcionamento:
terças a sábados, das 11h às 19h; domingos e feriados, das 12h às
18h.
Ingresso gratuito.
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