Uma gestão de finanças eficiente muda o patamar de toda empresa, enquanto sua falta irá comprometer seriamente a perpetuidade do negócio. Essa relação ficou claramente nítida no recente caso da Americanas, no qual os erros contábeis identificados em seu balanço levaram à renúncia daquele responsável por assegurar essa saúde financeira: o CFO. Mas afinal, será que este profissional é o único “culpado” pela quebra de empresas devido à sua má gestão econômica?
Muitos associam como dever do Chief
Financial Officer, ou Diretor Financeiro, a tarefa de gerir os recursos
da companhia eficientemente, comandando o planejamento financeiro e delegando
as estratégias definidas para sua equipe. Apesar de, realmente, ser um papel
indispensável para a saúde do negócio, essa é apenas uma parte do que compõe,
de fato, a importância deste cargo em nível corporativo.
Assumir a posição da diretoria financeira de um
estabelecimento é o mesmo que compararmos com o dono de um cofre. Ou seja, ele
não cuidará apenas do bom gerenciamento dos recursos financeiros disponíveis,
mas principalmente sua alocação estratégica para todas as áreas do negócio. Em
cenários de incertezas como o que vivenciamos ao longo da pandemia, o impacto
dessa cadeira se sobrepõe ainda mais como um pilar de sobrevivência.
Como prova disso, dados divulgados pelo IBGE,
aponta que quase 50% das empresas fecham suas portas devido à má gestão
contábil. No isolamento social, mais especificamente, cerca de 41% dos
empresários afirmaram que este foi o fator determinante para o fechamento de
seus negócios, segundo outra pesquisa feita pelo Sebrae – impactados pelo baixo
volume de vendas, falta de capital de giro e, inevitavelmente, aumento do
número de despesas.
Todas essas extensas atribuições do CFO exigem que
ele conte com o apoio de outros profissionais qualificados nessa gestão, unindo
não apenas conhecimentos contábeis ou técnicos, como também uma visão
estratégia abrangente em todos os departamentos. Afinal, toda empresa é
composta por atribuições complementares, complexas e interrelacionadas, o que
impossibilita que qualquer profissional – até mesmo os C-Levels – operem de
forma 100% isolada.
Normalmente, o CFO é o braço direito do CEO, além
de ter linha direta com o conselho de administração da companhia, o
departamento comercial, área de RH, e muitas outras. Para que consiga ter a
devida visão analítica sobre o planejamento econômico e estrutural da empresa,
precisa dividir essa tarefa com todos esses times, mantendo uma comunicação
clara com seus membros para garantir que a companhia conseguirá sustentar uma
estrutura financeira que condiz com seu planejamento estratégico.
Dificilmente, este profissional tomará alguma
iniciativa de forma escondida e arriscada, uma vez que costumam ser mais
cuidadosos ao tomar decisões bem embasadas, alinhadas aos objetivos
corporativos e, acima de tudo, coerentes com os recursos financeiros
disponíveis. Mas, até hoje, costuma ser o grande culpado por cenários
preocupantes financeiros, entendido por muitos como o único a se
responsabilizar por qualquer erro econômico visto.
A crise vivenciada pela Americanas, por mais
devastadora que tenha sido, alertou o mercado e os profissionais do ramo para o
peso e visão sobre suas tarefas, tornando-os mais cautelosos frente às vagas
que aceitarão ocupar. Por isso, aqueles que irão assumir essa posição delicada
e estratégica precisarão de fontes de segurança no que diz respeito à execução
de suas responsabilidades, como forma também de saberem que não estarão
sozinhos nessa jornada.
Todo negócio estará sempre sujeito a ameaças
externas que possam colocar em risco sua perpetuidade. Desta forma, é
imprescindível que os CFOs tenham em mãos um entendimento completo sobre a
governança da empresa – especialmente em pontos relacionados aos tomadores de
decisão, seu histórico, políticas internas, exposição de caixa e de bancos,
assim como onde, exatamente, serão aportados seu intelecto e experiência.
Ter um CFO preparado para lidar com imprevistos e
qualificado para gerir os recursos corporativos é uma peça fundamental para
alavancar o negócio em seu segmento. Mas, é sempre importante ter claro em
mente que ele não irá operar sozinho, e precisará manter um relacionamento
próximo e comunicativo com todas as equipes. Construir essa rede de apoio fará
toda a diferença para uma gestão financeira devida e, assim, uma condução de
sucesso do empreendimento.
Ricardo Haag - sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.
Wide
https://wide.works/
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