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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Especialista do CEJAM faz alerta para consequências da gravidez na adolescência

Tabu e desinformação estão entre os fatores que colaboram para o problema; educação para uma escolha consciente e saudável ainda é a melhor opção 

 

A Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência acontece de 01 a 08 de fevereiro. Instituída em 2019, a campanha tem como objetivo disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência.

Conforme o Ministério da Saúde, a fase adolescente compreende pessoas de 10 a 19 anos, as quais representam de 20 a 30% da população mundial. No Brasil, o percentual se aproxima de 23%.

De acordo com o relatório do Fundo da População das Nações Unidas, divulgado em 2022, a gravidez na adolescência representa a maioria das gestações em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. No País, a taxa de gestantes com menos de 17 anos é de 57%, pouco menor do que em países da África Subsaariana, que ultrapassa 60%.

Diversos fatores concorrem para a gestação na adolescência. No entanto, segundo o Ministério da Saúde, a desinformação sobre sexualidade e direitos sexuais e reprodutivos é o principal motivo. Questões emocionais, psicossociais e contextuais também contribuem, inclusive para a falta de acesso à proteção social e ao sistema de saúde, englobando o uso inadequado de contraceptivos.

Monique Pinheiro, assistente social no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde do Rio de Janeiro, explica que um dos fatores de risco na gravidez adolescente é a ameaça de parto prematuro ou má formação do feto, além de muitos transtornos sociais e emocionais, por vezes, advindos da pressão familiar ou da falta de rede de apoio, independentemente da classe social.

Quanto aos riscos para a criança, a assistente social do CEJAM destaca a vulnerabilidade, ou seja, o fato de uma criança cuidar de outra. “É preciso trabalhar muito a autonomia da adolescente, porque, às vezes, essa menina não teve autonomia para o próprio autocuidado. Por isso, no pós-alta, a paciente é encaminhada para a Unidade Básica de Saúde (UBS) de seu território, onde a criança e a mãe são acompanhadas”, ressalta.

Outro ponto reforçado pela especialista é a continuidade da vida escolar. Existe uma licença que é equiparada a 90 dias para que a adolescente tenha um estudo em casa. “A gestação não é uma ruptura, a jovem continua sendo uma adolescente, com direitos, que são ampliados ao se tornar mãe”, reitera a especialista.


Prevenção e informação

Para Monique, o assunto deve ser abordado em conversas da família com o adolescente.

Segundo a assistente social, quando a criança começa a entender um pouco mais, já é o momento de começar a falar algumas coisas, na linha da educação. Ela recomenda que não se espere a menstruação ou que o menino demonstre interesse sexual para tocar no tema.

“Começar o entendimento na roda familiar é importante, com falas sobre o que é o sexo e o toque, além de levar a menina em uma consulta para que ela possa se conhecer”, orienta.

É importante reforçar que o SUS oferece gratuitamente contraceptivos (DIU, preservativo, pílula, diafragma e injetáveis), disponibilizados a partir de prescrição médica. Para agendar uma consulta com o ginecologista, basta procurar uma UBS e solicitar o agendamento.



Direitos sexuais e reprodutivos

Direitos reprodutivos, conforme o Ministério da Saúde, são os direitos de as pessoas decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas.

“A pessoa tem direito e escolha sobre o seu próprio corpo, principalmente reprodutivo, mas que essa escolha seja pautada de forma ampla, que tenha certeza dessa escolha. Que não seja de forma imatura, como, por exemplo, por conta de um parceiro ou para sair do núcleo familiar em decorrência de um problema”, reforça Monique.


Infecções Sexualmente Transmissíveis

Para além da gravidez não intencional, há o risco de contração de infecções sexualmente transmissíveis (IST), que são transmitidas, principalmente, por meio de relações sexuais desprevenidas.

As infecções mais comuns, segundo o Ministério da Saúde, são herpes genital, cancro mole (cancroide), HPV, doença inflamatória pélvica, donovanose, gonorreia e infecção por clamídia, linfogranuloma venéreo, sífilis, infecção por HTLV e tricomoníase.

O acompanhamento periódico na UBS possibilita o diagnóstico precoce com exames laboratoriais. Quanto antes a doença for descoberta, maior a possibilidade de sucesso no tratamento.



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”

 

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