Tabu e
desinformação estão entre os fatores que colaboram para o problema; educação
para uma escolha consciente e saudável ainda é a melhor opção
A Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na
Adolescência acontece de 01 a 08 de fevereiro. Instituída em 2019, a campanha
tem como objetivo disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas
que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência.
Conforme o Ministério da Saúde, a fase adolescente compreende pessoas de 10 a
19 anos, as quais representam de 20 a 30% da população mundial. No Brasil, o
percentual se aproxima de 23%.
De acordo com o relatório do Fundo da População das Nações Unidas, divulgado em
2022, a gravidez na adolescência representa a maioria das gestações em países
em desenvolvimento, incluindo o Brasil. No País, a taxa de gestantes com menos
de 17 anos é de 57%, pouco menor do que em países da África Subsaariana, que
ultrapassa 60%.
Diversos fatores concorrem para a gestação na adolescência. No entanto, segundo
o Ministério da Saúde, a desinformação sobre sexualidade e direitos sexuais e
reprodutivos é o principal motivo. Questões emocionais, psicossociais e contextuais
também contribuem, inclusive para a falta de acesso à proteção social e ao
sistema de saúde, englobando o uso inadequado de contraceptivos.
Monique Pinheiro, assistente social no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro,
gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em
parceria com a Secretaria Municipal da Saúde do Rio de Janeiro, explica que um
dos fatores de risco na gravidez adolescente é a ameaça de parto prematuro ou
má formação do feto, além de muitos transtornos sociais e emocionais, por
vezes, advindos da pressão familiar ou da falta de rede de apoio,
independentemente da classe social.
Quanto aos riscos para a criança, a assistente social do CEJAM destaca a
vulnerabilidade, ou seja, o fato de uma criança cuidar de outra. “É preciso
trabalhar muito a autonomia da adolescente, porque, às vezes, essa menina não
teve autonomia para o próprio autocuidado. Por isso, no pós-alta, a paciente é
encaminhada para a Unidade Básica de Saúde (UBS) de seu território, onde a
criança e a mãe são acompanhadas”, ressalta.
Outro ponto reforçado pela especialista é a continuidade da vida escolar.
Existe uma licença que é equiparada a 90 dias para que a adolescente tenha um
estudo em casa. “A gestação não é uma ruptura, a jovem continua sendo uma
adolescente, com direitos, que são ampliados ao se tornar mãe”, reitera a
especialista.
Prevenção e informação
Para Monique, o assunto deve ser abordado em conversas da família com o
adolescente.
Segundo a assistente social, quando a criança
começa a entender um pouco mais, já é o momento de começar a falar algumas
coisas, na linha da educação. Ela recomenda que não se espere a menstruação ou
que o menino demonstre interesse sexual para tocar no tema.
“Começar o entendimento na roda familiar é importante, com falas sobre o que é
o sexo e o toque, além de levar a menina em uma consulta para que ela possa se
conhecer”, orienta.
É importante reforçar que o SUS oferece gratuitamente contraceptivos (DIU,
preservativo, pílula, diafragma e injetáveis), disponibilizados a partir de
prescrição médica. Para agendar uma consulta com o ginecologista, basta
procurar uma UBS e solicitar o agendamento.
Direitos sexuais e reprodutivos
Direitos reprodutivos, conforme o Ministério da Saúde, são os direitos de
as pessoas decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter
filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas.
“A pessoa tem direito e escolha sobre o seu próprio corpo, principalmente
reprodutivo, mas que essa escolha seja pautada de forma ampla, que tenha
certeza dessa escolha. Que não seja de forma imatura, como, por exemplo, por
conta de um parceiro ou para sair do núcleo familiar em decorrência de um
problema”, reforça Monique.
Infecções Sexualmente Transmissíveis
Para além da gravidez não intencional, há o risco de contração de infecções
sexualmente transmissíveis (IST), que são transmitidas, principalmente, por
meio de relações sexuais desprevenidas.
As infecções mais comuns, segundo o Ministério da Saúde, são herpes genital,
cancro mole (cancroide), HPV, doença inflamatória pélvica, donovanose,
gonorreia e infecção por clamídia, linfogranuloma venéreo, sífilis, infecção
por HTLV e tricomoníase.
O acompanhamento periódico na UBS possibilita o diagnóstico precoce com
exames laboratoriais. Quanto antes a doença for descoberta, maior a
possibilidade de sucesso no tratamento.
CEJAM - Centro de Estudos e
Pesquisas “Dr. João Amorim”
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