Detecção precoce é essencial no combate à doença; Oncohematologista esclarece principais dúvidas e sintomas que devem ser investigados
Na última década, o termo Linfoma
ganhou as manchetes após uma série de personalidades famosas revelarem o
diagnóstico da doença. E não é à toa que ouvir falar sobre
esse tipo de câncer está mais comum: no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer
(INCA) estima que para cada ano do triênio 2020-2022 sejam diagnosticados 2.640
casos de linfoma de Hogdking e 12.030 de linfoma não Hodgking . E, segundo a
entidade, por motivos ainda desconhecidos, o número duplicou nos últimos 25
anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos.
De acordo com uma pesquisa feita pelo
Observatório de Oncologia, entre 2008 e 2017, foi mostrado que o linfoma
costuma ser diagnosticado tardiamente no Brasil. Cerca de 58% dos pacientes
descobrem a doença em estágio avançado e 60% dos homens e 57% das mulheres têm
um diagnóstico tardio.
Mas, do que se
trata esse tipo de tumor?
De forma simplificada, os linfomas
podem ser classificados como Hodgkin, mais raro e que afeta em especial jovens
entre 15 e 25 anos e, em menor escala, adultos na faixa etária de 50 a 60 anos,
ou não-Hodgkin, cujo grupo de risco é composto por pessoas na terceira idade
(mais de 60 anos). Para a Dra. Mariana Oliveira, oncohematologista da Oncoclínicas
São Paulo, apesar de não haver prevenção por desconhecimento do que leva ao
surgimento da neoplasia, a chave para deter a evolução progressiva do tumor é o
conhecimento. "A boa notícia é o fato de os linfomas terem alto potencial
curativo. O diagnóstico precoce é fundamental para alcançar o êxito no processo
terapêutico, por isso o esclarecimento à população é essencial", afirma.
Sintomas e
Tratamento
Os sintomas em geral são aumento dos
gânglios linfáticos (linfonodos ou ínguas, em linguagem popular) nas axilas, na
virilha e/ou no pescoço, dor abdominal, perda de peso, fadiga, coceira no
corpo, febre e, eventualmente, pode acometer órgãos como baço, fígado, medula
óssea, estômago, intestino, pele e cérebro.
"As duas categorias - Hodgkin e
não-Hodgkin -, contudo, apresentam outros subtipos específicos, com
características clínicas diferentes entre si e prognósticos variáveis. Por
isso, o tratamento não segue um padrão, mas usualmente consiste em
quimioterapia, radioterapia ou a combinação de ambas as modalidades",
explica Mariana Oliveira.
Em certos casos, terapias
alvo-moleculares, que tem como meta de ataque uma molécula da superfície do
linfócito doente, podem ser indicadas. "Estas proteínas feitas em
laboratório atuam como se fosse um ‘míssil teleguiado’ - que reconhece e
destrói a célula cancerosa do organismo", ressalta o médico. Ainda,
dependendo da extensão dos tumores e eficácia das medicações, pode haver a
indicação de transplante de medula óssea.
Diante dos desafios impostos pela
crescente incidência da doença, novas alternativas terapêuticas vêm surgindo
para combater os linfomas, especialmente para os que não respondem aos
tratamentos convencionalmente indicados. "A medicina tem avançado nos
últimos anos principalmente através da terapia celular", afirma a
especialista.
Ela conta que o autotransplante,
tratamento no qual é realizada uma quimioterapia mais intensa seguida pela
infusão da medula do próprio paciente, é uma delas. A terapia com imunoterapia
é outra. Com bons resultados apontados por estudos e pesquisas de referência
global, o tratamento estimula o organismo do paciente a reconhecer e combater
as células tumorais. "De forma bastante simplificada, podemos dizer que os
imunoterápicos desativam os receptores dos linfócitos e, assim, permite que as
células doentes sejam reconhecidas. Isso faz com que o organismo volte a
combater o tumor - e sem causar efeitos colaterais comuns a outras medicações
habitualmente adotadas nos processos terapêuticos", finaliza Mariana
Oliveira.
Grupo Oncoclínicas
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