Familiares precisam entender o processo de tratamento e acolher o indivíduo
Perder a audição pode
impactar e trazer muitos desafios na vida de uma pessoa, incluindo, seus
relacionamentos. “A família tem um importante papel na reabilitação auditiva do
paciente. Após o processo de seleção e adaptação do aparelho auditivo, vem o
período de habituação. O apoio dos familiares e amigos é fundamental”, explica
a fonoaudióloga Tatiana Guedes.
A dificuldade em se
comunicar tem reflexo na qualidade de vida e autoestima. Por isso, as
pessoas em torno do paciente precisam entender como é o processo de adaptação.
“Ao contrário do que alguns imaginam, não basta apenas começar a usar o AASI
(Aparelho de Amplificação Sonora Individual) e pronto. Primeiro, é preciso
entender que escutamos com o ouvido, mas, na verdade, quem ouve é o cérebro.
Ele é o responsável por decodificar os sons. Dependendo do tempo em que o
paciente ficou em privação sonora, pode ocorrer um declínio cognitivo. O famoso
‘estou escutando tudo, mas, não entendo nada’, ou seja, o cérebro perdeu a
capacidade de dar sentido aos sons”, diz a especialista.
Portanto, a reabilitação
auditiva exigirá maior paciência e persistência tanto do usuário quanto da
família. “Repito, o aparelho de audição não funciona como um passe de mágica,
fazendo com que a compreensão da fala melhore de maneira imediata”, completa.
O tratamento
A utilização do aparelho
auditivo é um tratamento seguro e eficaz. "O que ocorre de maneira
instantânea é a capacidade de ouvir todos os sons que não se escutava mais como
o barulho do chinelo, da chuva, o tic-tac do relógio, o pássaro cantando, o som
da TV muito mais baixo ou a campainha, por exemplo”, frisa a especialista.
Ao se iniciar o uso do
aparelho auditivo, o cérebro volta a ser estimulado. “Por meio da
neuroplasticidade cerebral, novas conexões são estabelecidas. Dessa forma, é
como se o paciente fosse reaprendendo a ouvir, ou melhor, o cérebro começa a
decodificar os estímulos sonoros que estão chegando até ele, agora, de maneira
efetiva. A tendência, com o uso constante do aparelho, é uma melhora
significativa na compreensão da fala”, esclarece.
Para ter uma boa resposta só com tratamentos é preciso utilizar o aparelho de forma correta. “A forma como as pessoas que convivem com o usuário do AASI e interagem com ele é fundamental. Regras simples de comunicação são muito eficazes e motivam o paciente. Podemos citar como exemplo: falar devagar, olhando para o paciente para que ele tenha apoio na leitura labial; conversar uma pessoa de cada vez para que não haja competição sonora; frequentar ambientes sem muito ruído e, aos poucos, à medida que for ocorrendo a habituação cerebral, ambientes com sons mais intensos. E lembrar sempre: por melhor e mais moderno que o aparelho auditivo seja, infelizmente, ele não é o mesmo que uma audição natural”, aconselha Tatiana.
Por fim, a fonoaudióloga ressalta que o uso do aparelho auditivo
melhora a qualidade de vida por completo. “Vai muito além de ouvir ou não, como
disse anteriormente, está diretamente relacionado ao fato de manter o cérebro
ativo. Recebendo os estímulos sonoros de maneira adequada, a função cognitiva é
exercitada, melhorando inclusive a atenção, memória e concentração. Além do
fato de que estudos científicos comprovam que o não uso do aparelho em quem tem
perda auditiva acelera o processo de desencadeamento de doenças como Alzheimer
e demência. Portanto, o aparelho auditivo é sinônimo de bem-estar, proporcionando
um envelhecimento mais saudável”, finaliza.
Fonte: Tatiana Guedes Santólia Martini - Fonoaudióloga, CRFa 6-3289. Sócia e diretora clínica da SONORITÀ Aparelhos Auditivos. Especialista em Audiologia, com vasta experiência em Seleção, Indicação e Adaptação de Aparelhos Auditivos.
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