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terça-feira, 6 de setembro de 2022

6 erros da família no tratamento de dependente químico

Crédito: canva
Com responsabilidade fundamental no processo de tratamento da pessoa dependente de substâncias, os familiares devem evitar erros que podem comprometer a evolução do paciente; psiquiatra da Clínica Revitalis alerta


O círculo familiar é geralmente o primeiro a ser afetado pela dependência química de um indivíduo. Isso provoca diversas consequências na saúde dos familiares, fragilizando suas relações e criando a necessidade de intervenções terapêuticas. Nesses casos, por diversos e complexos motivos, a família pode cometer erros que prejudicam o processo de tratamento do dependente.

De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas, de 2019, 35 milhões de pessoas sofriam com algum tipo de transtorno causado pelas drogas. Em 2021, esse número aumentou consideravelmente, com mais de 36 milhões de pessoas em todo o mundo que sofrem com essa questão.

Segundo o diretor técnico da Clínica Revitalis, dr. Sérgio Rocha, por não serem profissionais no assunto, os familiares atribuem a dependência às mais diferentes causas, podendo ir de falta de caráter a obsessão espiritual. A busca por tratamento especializado tende a ser muito adiada, ocorrendo apenas quando a doença já está em fase mais avançada. “É comum que os familiares só identifiquem a necessidade de intervir na dependência com um tratamento mais incisivo quando surgem sintomas físicos que passam a afetar a realização de atividades diárias”, explica o psiquiatra.

O psiquiatra explica ainda que é comum que os parentes experimentem “angústia, dúvidas, medo, raiva, vergonha ou mesmo impaciência, dentre outros sentimentos”, desde a identificação do problema e durante o tratamento.

Pensando em ajudar os familiares, o médico listou 6 erros a serem evitados:


Demora em buscar tratamento

O dependente químico sofre de uma doença que, como qualquer outra, necessita de tratamento adequado e acompanhamento de especialistas Nesse caso, a rapidez também é primordial, e a negação - tanto do dependente quanto de seus familiares- atrapalha.

“Famílias costumam negar o problema, acreditando que podem lidar com a situação por conta própria ou com ‘conhecidos’ que passaram por situação semelhante. É fundamental buscar por profissionais especializados o quanto antes”, explica Rocha.

Além disso, alguns familiares podem até saber do problema mas negar a gravidade da situação, ao tentarem soluções rápidas. Entretanto, isso só vai retardar a solução, já que a doença é contínua e não será resolvido da noite para o dia.


Questionar o tratamento

Com o paciente diagnosticado, começam as expectativas pelo tratamento, mas por ser algo muito complexo, os familiares podem começar a questionar a efetividade e até mesmo a duração do tratamento. Mais um erro.

De acordo com Rocha, isso provavelmente vai gerar ou aumentar a ansiedade no paciente. “Estar em tratamento já é extremamente difícil, e desenvolver uma ansiedade ainda maior nesse momento vai atrapalhar o progresso da pessoa. Por isso, confiar no profissional é essencial não só para o dependente, mas para seus familiares”, completa.


Falsas esperanças

“Torcer” por melhoras rápidas ou somente por momentos positivos durante o tratamento, ignorando que em determinados momentos haverá desafios a serem superados, e negar que ainda será necessário tempo para que o dependente se sinta melhor, não é um bom caminho.

“Ser sincero consigo mesmo e com o paciente é a melhor alternativa: o tratamento demora, é difícil e terá altos e baixos”, comenta o especialista.


Tratar só o dependente

Durante o período de tratamento, que envolve também a internação, é importante ter a consciência de que a família do paciente é codependente e também precisa de tratamento.

“A própria clínica de reabilitação conta com profissionais capacitados e com equipes de apoio preparadas para acolher os familiares, que também estão passando por um momento delicado e que precisam de cuidados”, explica o psiquiatra.


Subestimar o dependente

“As famílias olham o indivíduo como alguém incapaz de solucionar problemas e passam a ‘protegê-lo’ assumindo responsabilidades por ele. A pessoa pode ser dependente químico, mas tem sim potencial de aprender com seus erros e ter uma rotina”, explica o diretor.

Aquele que está doente espera o apoio das pessoas que mais gosta e confia, isso geralmente inclui a família. Se ela nota que está sendo superestimada justamente por essas pessoas, ela também pode começar a duvidar de sua capacidade e perder a confiança.


Dominar-se pela emoção

Em qualquer situação delicada, a emoção vai atrapalhar. É comum que, no caso de dependência química, os familiares tenham reações das quais se arrependam, como gritar, discutir ou mesmo ameaçar a pessoa. “É necessário ser o mais racional possível , pois o tratamento é contra-intuitivo. Várias vezes temos de deixar nosso ente querido sofrer todas as consequências da dependência sem que facilitemos as coisas. Isso implica em, às vezes , ter que observar o sofrimento do outro sem agir, apenas entendendo que isso é importante para o processo.”, finaliza Rocha.


Sobre a Clínica Revitalis

Fundada em 2013 , no Rio de Janeiro, mais precisamente na reserva biológica de Araras-Petrópolis, no Rio de Janeiro, a clínica conta com 82 leitos de internação e preza pela excelência no que se refere ao tratamento de saúde mental. Em 2017, abriu uma filial em Botafogo, na capital fluminense. Atualmente é referência no tratamento em saúde mental para o público infanto-juvenil. Entre os serviços ofertados pela clínica estão a internação, o Hospital-Dia, o ambulatório e a eletroconvulsoterapia (ECT). A clínica busca oferecer uma solução completa em saúde mental focando a excelência no tratamento através da combinação de valores humanos e competência técnica.

 

Dr. Sérgio Rocha - Médico especialista em Psiquiatria, fez residência médica pela Marinha em 2006. Em 2007 fez pós graduação latu sensu em Psiquiatria pela PUC-Rio, sendo convidado em 2009 para ser professor de psicofarmacologia e coordenador da pós-graduação em Psiquiatria da PUC-Rio, atuando assim até 2017. Também é mestre em Neurociências pela IAEU, BAR -- Espanha (2015), especialista em Dependência Química pela UNIFESP (2017) e pós graduado em Psicopatologia Fenomenologica pela Santa Case de São Paulo (2019). Atuou na Clínica Revitalis como Diretor Técnico desde sua fundação em 2013.

 

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