55% da população acredita que as redes
sociais, como o Instagram, são gatilhos para a depressão
54% dos brasileiros
afirmam que um familiar ou amigo próximo cometeram suicídio
O Setembro Amarelo é uma campanha
direcionada à saúde mental, e para conscientizar a população para a prevenção
ao suicídio. Visto que aproximadamente 280 milhões de pessoas no mundo têm
depressão, de acordo com a OMS, o tema ganha força a cada ano. Com o objetivo
de entender como o brasileiro se comporta sobre o tema, a Hibou - empresa de pesquisa e
monitoramento de mercado e consumo - fez o levantamento “Setembro Amarelo”, com
mais de 1.400 entrevistados.
Segundo os dados da Hibou, a percepção e a consciência sobre a depressão como doença é clara para 95% dos brasileiros. Apenas 5% a veem como um estado de humor/estado de espírito. E, de acordo com o Plano Nacional de Saúde divulgado em 2020, um em cada dez brasileiros com mais de 18 anos já recebeu diagnóstico de depressão.
Ao comparar os períodos de 2022 e 2021, é possível
notar que há maior conhecimento da condição e, consequentemente, maior apoio.
Este ano, 78% dos brasileiros afirmam conhecer alguém que esteja sofrendo com a
depressão. Em 2021, eram 73,1%. A empatia sobre o momento do outro também fez
com que, em 2022, 90% das pessoas tenha orientado alguém a buscar ajuda,
enquanto em 2021, 88,4% tiveram este comportamento.
“Observamos que o entendimento sobre a depressão
enquanto patologia existe, mas ainda há pessoas que zombam da situação,
consideram como ‘frescura’ ou uma condição temporária. Felizmente, o percentual
de quem já ouviu alguém fazer comentários negativos é pequeno (6%) quando
comparado com a quantidade que já não escuta mais esse tipo de opinião (94%)”,
comenta Ligia Mello, coordenadora da pesquisa e sócia da Hibou.
Apoio profissional e familiar são essenciais
Para 95% da população, os psicólogos ou psiquiatras
são os principais canais de ajuda. Também foram citados os profissionais da
saúde, centros de ajuda ou grupos de apoio (42%). Apoio de outro conselheiro
profissional (26%) ou de um um líder religioso (19%); Disque 188 - CVV - Centro
de Valorização à Vida (10%); e fóruns e grupos na internet (8%) foram
mencionados também. Além da ajuda de profissionais, conversar com a família foi
citado por 40% ou com amigos (32%).
Praticar terapia é uma forma contínua
de reconhecer sentimentos e aprimorar a saúde mental. 95% dos brasileiros
consideram a terapia como uma forma de resgate à autoestima; 91% concordam que
a família é essencial; 91% apontam que o ombro amigo é um abraço em momentos de
crise; 85% afirmam que dividir os problemas com amigos ajuda, e 50% veem o uso
de medicamentos como a melhor possibilidade para minimizar a depressão.
Mal do Século
Em análise a fatores externos, embora o
mundo esteja cada vez mais conectado, 81% acreditam que a solidão é o mal do
século, e 55% analisam que as redes sociais, como o Instagram, são gatilhos
para a depressão. E mesmo com tantas informações disponíveis, 26% ainda
concordam que toda pessoa com depressão é triste; 6% pensam que quem fala em se
matar só quer chamar atenção, e 4% concordam que estar depressivo é sinônimo de
fraqueza.
Pensamento
suicida: um invasor silencioso
Este ano, o estudo
identificou que todos os entrevistados conhecem, pelo menos, uma pessoa que
cometeu suicídio.
“Um pequeno percentual da população
ainda vê a depressão como algo passageiro, mas 100% dos entrevistados foram
unânimes em concordar que ela pode resultar em suicídio”, observa Ligia. “Concordar
com essa possibilidade é despertar a população para prestar apoio às pessoas
com depressão antes que elas tirem sua própria vida, pois as estatísticas são
severas”.
De acordo com o CVV - Centro de
Valorização à Vida - a cada 45 minutos um
brasileiro comete suicídio. Em 60 anos de
atuação voluntária, o CVV fez mais de 40 milhões de atendimentos gratuitos
visando a prevenção do suicídio e apoio emocional.
Suportes como este são de grande importância, pois de acordo com dados da Hibou do ano passado, 72,5% dos brasileiros conheciam alguém que já havia tentado ou cometido suicídio. Em 2022, o número subiu para 76%. Ou seja, em 12 meses, houve 3,5% a mais pessoas que compartilharam esse pensamento de sofrimento viram a morte como uma fuga.
Além de conhecerem alguém que
encontrou no suicídio o fim do sofrimento, notou-se que a fuga do sofrimento
está cada vez mais próxima do convívio dos brasileiros. Mais da
metade da população (54%) afirma que um familiar ou amigo próximo se suicidou;
35% perderam um familiar distante ou uma pessoa conhecida deste modo; 24%
vivenciaram o acontecimento com um amigo de convivência, e 20% com um colega de
trabalho.
Subjetivo, porém real
Antes de uma decisão fatídica,
alguns sinais e comportamentos foram observados pelos 76% dos
brasileiros que conhecem alguém que cometeu ou tentou o suicídio.
Foram destacados o desânimo e o isolamento
social, mas sintomas subjetivos também receberam atenção:
desinteresse de forma geral (36%); afastamento de interações sociais (33%); a
pessoa tornou-se mais silenciosa que o habitual (29%) e apresentou sono
excessivo, dormia muito (21%).
Já em relação às faixas etárias, a morte como fuga
impacta a todas. Quando perguntados sobre a idade da pessoa na ocasião da
tentativa ou do suicídio, 80% tinham menos de 35 anos.
Motivações de pensamentos suicidas
Para quem conviveu com uma pessoa com alto grau de depressão que tentou suicídio ou concretizou o ato, a autocobrança é observada como principal motivo do pensamento suicida. Isso acontece seja por que a pessoa não percebe possibilidades ou por não entenderem que correspondem ao que os outros esperam delas. De acordo com quem vivenciou a situação de perto, os principais motivos foram: Apatia ou falta de perspectiva de vida (28%); Não correspondência às expectativas da família e/ou amigos (22%) Fim de relacionamento amoroso (20%);Dívidas (13%) e Vítima de bullying ou outra estigmatização social (12%)
4 em cada 10 pessoas já tiveram pensamentos suicidas
Independente do motivo ou momento vivido, 4 em cada 10 brasileiros assumem ter pensado em tirar a própria vida, ou seja, 42% afirmam já terem tido tal pensamento. 79% deles afirmaram terem menos de 35 anos quando pensaram em suicídio pela primeira vez.
Quando esses pensamentos surgem, os meios de ajuda
mais procurados estão relacionados a cuidados médicos como: Psicólogo (27%);
Psiquiatra (23%); Terapia (20%); Acompanhamento médico (19%). E a busca
profissional tende a ser efetiva, pois 79% afirmam que não permaneceram com o
pensamento.
Ranking dos
principais fatores associados à depressão
O sentimento de desesperança do
brasileiro foi gerado por um cansaço em geral, incluindo o emocional. De acordo
com o levantamento, o aumento do número de casos de depressão nos últimos anos
tem sido crescente devido a fatores internos e externos, como:
- Isolamento social 61%
- Falta de perspectiva econômica e o desemprego 60%
- Excesso de trabalho e stress 60%
- Falta de expectativa de vida (excesso de informação gera
confusão interna) 59%
- Aumento do uso de internet e redes sociais 57%
- Dúvidas existenciais 42%
- Cobranças familiares 38%
- Luto 32%
- Sedentarismo e falta de exercícios 32%
- Queda na religiosidade do povo 28%
Metodologia
A pesquisa “Setembro Amarelo” foi desenvolvida pela
Hibou por painel digital com 1475 pessoas, em todo o Brasil. O levantamento foi
feito entre 10 e 14 de setembro de 2022 e apresenta 95% de significância com
2,5% de margem de erro.
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