Em 2030, a despesa do Sistema Único de Saúde (SUS) com os pacientes diagnosticados com câncer colorretal e que desenvolveram a doença devido a fatores de risco evitáveis, será 88% maior do que o valor gasto em 2018. Há três anos, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o SUS desembolsou aproximadamente R﹩ 545 milhões com procedimentos hospitalares e ambulatoriais para atender pacientes com câncer colorretal. Para 2030, a projeção e de que esse gasto alcance R﹩ 1 bilhão.
Considerado o terceiro
tipo de câncer com maior incidência sobre a população, com cerca de 40 mil
novos casos diagnosticados por ano, a doença motivou a Sociedade Brasileira de
Endoscopia Digestiva (SOBED) a inaugurar, e 2021, o Março Azul, iniciativa
inspirada em ações semelhantes realizadas em outros países.
"Aumentar as
chances de cura e de sobrevida são fundamentais. Por isso, é necessário
detectar os sinais da doença o mais cedo possível, já tomando as providências
para alcançar sua cura e reduzir danos", ressalta o presidente da
Sociedade, Ricardo Anuar Dib. As estatísticas indicam que cerca de um terço dos
casos de câncer colorretal podem ser evitados com alimentação saudável, prática
rotineira de atividades físicas e pelo não uso de bebidas alcoólicas.
Tumor maligno que
ataca o colo e o reto, a doença tem registrado aumento da incidência e do número de
óbitos no País, chamando atenção dos especialistas para a necessidade de novas
abordagens no diagnóstico, tratamento e, principalmente, na prevenção. A
neoplasia é associada a inflamações decorrentes de mau hábito alimentar,
consumo de álcool e sedentarismo, fatores que aumentam o risco de
desenvolvimento da doença.
Despesas crescentes - Durante o webinar
Cenário do câncer de intestino no Brasil, promovido pelo INCA, na quinta-feira
(25/11), os pesquisadores informaram que os fatores de risco relacionados à
alimentação, nutrição e inatividade física foram responsáveis por cerca de R﹩ 160 milhões das
despesas da União com câncer colorretal, em 2018.
Os maiores gastos
atribuíveis foram com baixo consumo de fibras alimentares (R﹩ 60 milhões),
atividade física insuficiente (R﹩ 47 milhões), consumo de carne processada (R﹩ 28 milhões), de carne
vermelha acima do recomendado (R﹩ 19 milhões), de bebidas alcoólicas (R﹩ 15 milhões) e excesso
de peso (R﹩ 12 milhões). A projeção mostra que, em 2030, essas mesmas
causas poderão ser responsáveis por até R﹩ 395 milhões de
desembolso federal somente com este tipo de câncer.
De acordo com o INCA,
a expectativa é que haverá um aumento dos casos de câncer no Brasil: até 2040,
66% mais casos e 85% mais mortes 85% no período. Se nada for feito, a
estimativa é de que o País também perca quase US﹩ 13 bilhões em
produtividade de 2021 a 2030, decorrentes das mortes provocadas especificamente
por este tipo de câncer.
Campanha permanente - Como formas de
prevenir o surgimento de novos casos, a SOBED ressalta a pertinência de
campanhas que orientem os brasileiros sobre o combate ao tabagismo, alcoolismo,
sedentarismo, consume excessivo de carnes vermelhas e dieta pobre em fibras,
entre outros. Todos esses fatores são considerados de risco para o câncer
colorretal, sendo que sua eliminação do cotidiano dos indivíduos constitui
medidas de primeiro nível para a proteção.
Além dos hábitos de
vida, outros fatores aumentam o risco de desenvolvimento do câncer colorretal.
Eles incluem casos de câncer colorretal na família, predisposição genética ao
desenvolvimento de doenças crônicas do intestino, história pessoal de outros
tipos de câncer e idade, pois tanto na incidência quanto na mortalidade,
observa-se aumento nas taxas a partir dos 50 anos.
"As ações de
conscientização englobam a participação de toda a sociedade, especialmente dos
profissionais da saúde. Os médicos devem estar em alerta para os sinais e
sintomas e capacitados para avaliação dos casos suspeitos. Da mesma forma, os
serviços de saúde precisam estar preparados para garantir a confirmação
diagnóstica oportuna, com qualidade, garantia da integralidade e continuidade
da assistência", destacou o presidente da SOBED.
Projeto de lei - Para incluir o
Março Azul no calendário oficial das comemorações relacionadas à saúde no País,
a SOBED pediu ao Congresso Nacional e ao Governo Federal que estabeleçam aquele
mês para a realização de ações conscientização sobre a importância da prevenção
do câncer colorretal, vinculando a ele a cor azul.
Atualmente, a
Sociedade apoia a aprovação do Projeto de Lei nº 5024/2019, Projeto de Lei (PL) 5024/2019 , que visa estabelecer março como o Mês Nacional de
Conscientização sobre o Câncer de Cólon e Reto, já chancelado pela Câmara dos
Deputados, e que agora aguarda votação no Senado.
"Muitas pessoas
acabam não realizando exames de rotina ou investindo em prevenção, simplesmente
porque não possuem informação qualificada sobre saúde. A ideia de instituir
oficialmente um mês dedicado a esse tema pode parecer simples, mas é uma ação
imperativa e de extrema relevância. Se, anualmente, em todo mês de março, o
câncer colorretal for amplamente debatido pela imprensa, autoridades e
sociedade em geral, certamente maior será a prevenção e mais vidas serão
salvas", arrematou o vice-presidente da SOBED, Herberth Toledo.
Com informações do
INCA
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