Segundo a OMS,
espécies são responsáveis pela segunda maior causa de envenenamento no Brasil
No verão, quando o clima é mais quente e úmido, a
incidência de animais peçonhentos aumenta e exige mais cuidados para evitar
acidentes e envenenamentos, conforme alerta o Conselho Regional de Medicina
Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP). Por ano, a estimativa da
Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 1,8 milhão de novos casos no mundo.
As espécies que mais causam acidentes são:
serpentes, escorpiões, aranhas, mariposas e suas larvas, abelhas, formigas e
vespas, besouros, lacraias, peixes, águas-vivas e caravelas. De acordo com o
Ministério da Saúde (MS), são considerados peçonhentos os animais que possuem
presas, ferrões, cerdas e espinhos capazes de envenenar as vítimas.
Para se ter uma ideia, as notificações do MS
apontam que, em 2018, o estado de São Paulo registrou 44.399 acidentes, o que
representa aproximadamente 41% do total da Região Sudeste, onde ocorreram
106.309 casos. No País, foram 265.546, dos quais 4.080 levaram ao óbito.
A OMS considera esse um grave problema de saúde
pública, uma vez que os acidentes são a segunda maior causa de envenenamento no
Brasil, atrás apenas dos provocados por medicamentos. Por isso, a organização
incluiu esse tipo de ocorrência na lista das doenças tropicais negligenciadas.
Fatores naturais e os desequilíbrios
O médico-veterinário Marcello Nardi, presidente da
Comissão Técnica de Médicos-veterinários de Animais Selvagens (CTMVAS) do
CRMV-SP, explica porque os animais peçonhentos representam mais risco durante o
verão. “O período que antecede essa estação é o da primavera, época de
reprodução dos animais, que aumentam suas atividades.”
A movimentação tem relação com os fluxos da
natureza. “Insetos e outros animais, para sobreviverem, migram em busca de
alimentos e abrigos, favorecendo o aumento da população destes animais em
locais em que eles não viveriam naturalmente, mais próximos ao homem”, diz a
médica-veterinária Elma Pereira dos Santos Polegato, presidente da Comissão
Técnica de Saúde Ambiental (CTSA) do Conselho.
Elma explica que essa movimentação é impulsionada
pelas mudanças climáticas. Portanto, há influência, também, dos desequilíbrios
ambientais, agravados pelo aquecimento do planeta, desmatamento e queimadas.
Conhecer, preservar e prevenir
Para Marcello Nardi, cuidar do meio ambiente é a
melhor forma de prevenção. “Os animais peçonhentos também possuem funções
ecológicas importantes e merecem respeito. A presença destes animais próximos
ao homem são, muitas vezes, consequência das condições que nós mesmos
proporcionamos”, destaca o presidente da CTMVAS, que ainda frisa que as
espécies são protegidas por legislações que criminalizam maus-tratos ou
agressão contra os animais.
“O homem deve entender que todas as espécies são
necessárias para manter a vida na planeta”, enfatiza Elma Polegato.
Confira as dicas dos presidentes das comissões do
CRMV-SP para evitar acidentes:
- Não
desmate nem provoque queimadas. O verde é fundamental para a preservação
de todas as formas de vida, importantes e necessárias para o equilíbrio
ambiental;
- Mantenha
a higiene nas residências;
- Utilize
telas nas janelas e vede os ralos, portas, frestas e buracos nas paredes,
bem como em assoalhos e forros;
- Mantenha
limpos os quintais, jardins, terrenos baldios, praças e outros espaços
comuns do meio urbano. Nunca descarte lixo nesses locais;
- Não
acumule lixo, entulhos, materiais de construção ou outros objetos que não
são mais usados. Os resíduos se tornam abrigo para animais peçonhentos,
pragas e insetos;
- Examine
calçados, roupas e peças de cama e banho antes de usá-las;
- Use
botas e luvas nas atividades rurais, de jardinagem e nos passeios em trilhas,
parques ecológicos e florestas;
- Deixe
endereço e telefone de unidades de saúde de referência no município sempre
em local de fácil acesso para agilizar o atendimento em caso de acidentes;
- Em
caso de acidente, procure imediatamente o serviço de saúde. Não faça
torniquetes nem use fórmulas caseiras;
- Nunca
deixe de informar a ocorrência a um órgão de saúde, pois os acidentes com
animais peçonhentos devem ser incluídos na Lista de Notificação
Compulsória do Brasil;
- Compartilhe
essas informações com o maior número possível de pessoas.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina
Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização
do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando
pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos
médicos-veterinários e zootecnistas do estado de São Paulo, com mais de 38 mil
profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, estados e
municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.
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