Problemas cardíacos e hepáticos estão na lista
Mais de
20 patologias estão associadas à obesidade e podem levar à morte. A afirmação é
do médico Glauco Afonso Morgenstern, especialista em cirurgia bariátrica e
integrante da equipe do Centro VITA de Tratamento da Obesidade e Diabetes, do
Hospital VITA Curitiba. “O sobrepeso está associado ao risco de
desenvolvimento ou agravamento de diversas doenças. Por isso, quando o peso é
eliminado, os níveis sanguíneos e outros indicadores de corpo tendem a se
estabilizarem, favorecendo o controle e melhora doenças e complicações na saúde
- como diabetes tipo 2, doenças cardíacas, hipertensão arterial, apneia do
sono, refluxo gastroesofágico, colesterol alto, asma, entre outras”, pontua o
Dr. Glauco.
Um estudo americano com mais de 10 anos de duração, divulgado
recentemente no JAMA (The Journal
of the American Medical Association), revelou a redução de doença
hepática gordurosa não-alcoólica e de problemas cardíacos significativos. Após a
cirurgia bariátrica, o risco de gordura no fígado dos pacientes diminuiu quase
90%. “A obesidade é o principal fator do fígado gorduroso. O excesso de
gordura desencadeia inflamação, o que leva à cirrose. Ao perder peso, a gordura
sai de todos os lugares do corpo, inclusive do fígado, reduzindo a inflamação”,
esclarece o Dr. Glauco.
Além
disso, “o obeso tem risco maior de morte cardiovascular do que a população em
geral, por isso, é necessário reduzir o peso para diminuir as chances de
complicações associadas, como quadros de hipertensão, enfarte e derrames”,
complementa o médico.
Brasil: pandemia x obesidade
O novo coronavírus trouxe consequências consideráveis ao peso da população. A pesquisa Diet & Health Under Covid-19, que entrevistou 22 mil pessoas de 30 países, apontou que o Brasil está em primeiro lugar no ganho de peso durante a pandemia.
Dos participantes, 52% declararam ter aumentado de peso desde o início do surto da Covid-19 no Brasil. Na média mundial, pouco menos de um em cada três entrevistados (31%) engordou durante o período. Dentre as pessoas que engordaram, considerando todos os países, o aumento de peso médio foi de 6,1 kg. Já no Brasil, foram 6,5 kg a mais. Além disso, 29% dos brasileiros relataram uma diminuição na prática de atividades físicas durante a pandemia e 23% disseram que passaram a se exercitar mais.
Adotar
hábitos saudáveis evita o excesso de peso e as doenças que surgem a partir da
obesidade. Segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito (Vigitel), realizada em 2019, 55,4% da população
brasileira adulta apresenta peso em excesso e 20,3% está de fato obesa. Ainda
de acordo com o mesmo estudo, 7,4% da população adulta têm diabetes e 24,5%
possuem hipertensão.
Outro dado alarmante, divulgado por meio da Pesquisa Nacional de Saúde 2019,
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que
entre 2003 e 2019 passou de 12,2% para 26,8% a proporção de obesos entre a
população com 20 anos de idade ou mais. Entre as mulheres a obesidade subiu de
14,5% para 30,2% e entre homens passou de 9,6% para 22,8%.
Os números apontam que em 2019 uma em cada quatro pessoas de 18 anos de idade
ou mais no Brasil estava obesa, o equivalente a mais de 40 milhões de pessoas.
O número de cirurgias bariátricas realizadas pelo Sistema Único de Saúde caiu 69,9% em um ano, saindo de 12.568 em 2019, para 3.772 em 2020. Em 2021, até o mês de julho, foram realizadas 990 cirurgias pelo SUS. A realização de cirurgias pelos planos de saúde também caiu 11,9%, saindo de 52.599 procedimentos realizados em 2019, para 46.419 cirurgias em 2020.
O crescimento da obesidade no Brasil, especialmente após a
pandemia da Covid-19 é significativo, por isso, “é necessário destacar sempre que não se
trata de uma questão estética, mas sim de qualidade de vida e saúde. Fato este
que tem levado as pessoas a buscar maneiras para tratar a obesidade”, evidencia
o especialista em cirurgia bariátrica.
Doenças
relacionadas à obesidade
Diabetes
tipo 2, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doença coronária,
osteoartrites, doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, angina,
insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral, hipertensão e
fibrilação atrial, cardiomiopatia dilatada, cor pulmonale e síndrome de
hipoventilação), asma grave não controlada, osteoartroses, hérnias discais,
refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica, colecistopatia calculosa, pancreatites
agudas de repetição, esteatose hepática, incontinência urinária de esforço na
mulher, infertilidade masculina e feminina, disfunção erétil, síndrome dos
ovários policísticos, veias varicosas e doença hemorroidária, hipertensão
intracraniana idiopática, estigmatização social e depressão.
Hospital
VITA
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