A população de animais de estimação no Brasil conta com 55,1 milhões de cachorros, segundo o Instituto Pet Brasil. Esses números representam uma oportunidade para um problema que alguns animais enfrentam com cada vez mais frequência: o carrapato.
O Brasil, com suas temperaturas elevadas e umidade alta, apresenta as condições ideais para que essa praga se prolifere - especialmente em cães. O parasita é um vetor de diversos patógenos, e transmite doenças como a do carrapato e babesiose, problemas no sangue e em diversos órgãos - podendo levar o animal a óbito -, e febre maculosa. Além disso, o pet parasitado fica estressado, não se alimenta direito e fica debilitado.
As alternativas de combate encontradas no mercado são agentes químicos que possuem ação sistêmica no organismo do pet e agressiva. Os produtos são extremamente tóxicos - tanto para o animal quanto para o meio ambiente. Além disso, o uso excessivo aumenta a resistência da praga, implicando em dosagens maiores e em períodos cada vez mais curtos, deixando as soluções sem efetividade. Como resultado, temos animais doentes, pessoas expostas à substâncias tóxicas e até a contaminação do meio ambiente.
Diante
desse cenário, o controle biológico tem se apresentado como um importante
aliado dos animais e da natureza. Já utilizado na agricultura e na pecuária,
passou a ser uma opção viável também para o mundo pet.
O
controle biológico
O
controle biológico é uma técnica utilizada para combater espécies nocivas,
reduzindo os prejuízos causados por elas. A tecnologia consiste em controlar
pragas e insetos transmissores de doenças por meio do uso de seus inimigos
naturais, que podem ser outros insetos benéficos, parasitóides, predadores e
microrganismos, como bactérias, fungos e vírus.
No
combate do carrapato nos cães, fungos entomopatogênicos têm se mostrado
eficazes agentes de controle do parasita. Quando os esporos desses fungos
entram em contato com a praga, eles germinam e se desenvolvem, levando-a à
morte em poucos dias. O método se aproveita de relações pré-existentes na
natureza, fazendo com que a solução possa ser aplicada no ambiente em que o
animal vive.
Os
compostos da tecnologia não causam dano à saúde do cão, ao contrário dos
químicos, que podem gerar problemas nos fígados e outros órgãos dos pets, levando-os
à morte. Além disso, a aplicação deste composto natural é feita de maneira
simples, sem deixar manchas e odores e sem a necessidade de retirar animais e
crianças do ambiente.
Mercado em expansão
Em
2020, ano em que a economia brasileira encolheu ao menos 4%, o setor pet teve
um crescimento de 13,5% em relação a 2019, com faturamento acima de R$ 40
bilhões. O setor no Brasil é um dos maiores do mundo, e a tendência de produtos
naturais e menos agressivos aos animais e ao ambiente é notória.
Além
disso, o mercado de controle biológico está em plena expansão no país, e é
possível observar, ano a ano, um crescimento a taxas expressivas desse
segmento. Para se ter uma ideia, estima-se que o mercado de controle biológico
movimentou quase 1 bilhão de reais nos últimos anos. Apesar disso, quando
comparado ao mercado total de defensivos, o controle biológico ainda representa
apenas 2%. Ou seja, existe muito espaço para crescimento em um mercado que é
bilionário.
Como
consequência, é possível observar uma intensa movimentação das empresas já
estabelecidas para se posicionar nesse novo mercado, com diversas
multinacionais comprando empresas menores, por exemplo. Todo esse contexto
aponta para um cenário muito positivo para o setor, indicando uma tendência de
aumento para a adoção dessa tecnologia.
O
potencial que o controle biológico oferece é expressivo, e é preciso tornar
essa ferramenta uma realidade para a saúde animal. Devemos ser exemplos de
respeito ao meio ambiente e aos animais, mostrando um caminho mais inteligente
e correto às empresas.
Lucas von Zuben - CEO da Decoy Smart
Control, desenvolvedora de soluções biológicas para
controle de pragas.
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