- Estudo foi encomendado por Itaú Social,
Fundação Lemann e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e
realizado pelo Datafolha entre agosto e setembro de 2021, com 1.301
responsáveis por crianças e adolescentes da rede pública, de todas as
regiões do país;
- Para um terço dos entrevistados (32%), a
possibilidade de estudar em qualquer lugar, que as ferramentas
tecnológicas trouxeram, deveria ser mantida no futuro;
- A maioria reconhece a importância de as
atividades remotas estarem articuladas com as presenciais na preparação
para o futuro dos alunos (60%) e/ou no desenvolvimento socioemocional
(52%);
- No entanto, o acesso à internet de banda larga
é um desafio nas diferentes partes do país – principalmente na Região
Norte e no meio rural – e a falta de equipamentos adequados ainda é uma
realidade da maioria dos alunos
Com a pandemia, a articulação entre educação e tecnologia é vista por muitos como uma parceria sem volta, que tem garantido aprendizado e acesso ao ensino e pode ser uma via para recuperação de aprendizagem a partir de agora. Esta é a visão de muitos pais e responsáveis ouvidos na pesquisa “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, encomendada pelo Itaú Social, Fundação Lemann e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e realizada pelo Datafolha, que mostra que a maior parte deles (87%) acreditam que o uso da tecnologia foi positivo no desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes, na pandemia. Esse número aumenta de acordo com a evolução de cada ciclo escolar, sendo maior (91%) entre aqueles que respondem por adolescentes cursando o Ensino Médio.
Os
pais e responsáveis de estudantes de escolas públicas também destacaram a
importância das atividades remotas estarem articuladas com as presenciais, por
diferentes motivos como: “preparar os alunos para o futuro (60%)”, “estimular a
curiosidade (60%)”, “garantir o aprendizado previsto para o ano (53%)” e
“promover o desenvolvimento socioemocional (52%)”. Um legado que o uso das
ferramentas tecnológicas trouxe e que, segundo eles, deveria ser mantido no
futuro é o da “opção de poder estudar remotamente em qualquer lugar (32%)” e da
“possibilidade de tirar dúvidas com os professores por meio de plataformas
digitais (24%)”.
Acesso
à conectividade e equipamentos ainda é um desafio
Os
benefícios do uso da tecnologia esbarram nos problemas de conectividade e de
acesso a equipamentos. Houve um leve crescimento no número de alunos com
computador desde o início da pandemia, de 42% para 49%, contudo, a maior parte
(51%) segue sem acesso à computador ou notebook com internet para estudar. O
equipamento mais usado é o celular (85%), porém, sabe-se que o aparelho limita
as possibilidades de aprendizado do aluno. Mais de um terço (34%) dos
estudantes que utilizam o aparelho para fazer as atividades o dividem com
outras pessoas, segundo seus responsáveis. Para 27% dos estudantes, a escola é o
principal local onde se tem acesso a computadores.
"Se
você deixar ele [o aluno] só com o celular, realmente, quando você vai ver ele
está assistindo outra coisa... Então, eu acho que é complicado",
disse uma entrevistada da etapa qualitativa da pesquisa, realizada pela Rede
Conhecimento Social.
“Apesar
dos esforços de gestores públicos e dos pais para oferecer internet e
computadores aos estudantes durante a pandemia, a situação ainda é grave. Não
podemos aceitar que um quarto das escolas não tenha acesso à internet e que a
maioria dos alunos não tenha computador para estudar. Muitos dependem da escola
para utilizar a tecnologia e ter acesso ao mundo digital. Quando olhamos para
as classes mais baixas, os números são ainda piores. O Brasil precisa investir
urgentemente em conectar suas escolas e equipar seus alunos para que estar no
mundo digital seja um direito de todos", diz
Cristieni Castilhos, gerente de
Conectividade na Fundação Lemann.
“A
necessidade de incluir os estudantes digitalmente é uma demanda antiga, que
ficou mais evidenciada durante a pandemia. Ampliar o acesso à internet e
promover o letramento digital são os primeiros passos de uma transformação que
envolva a todos. Mesmo com a reabertura das escolas, as ferramentas utilizadas
durante o ensino remoto continuarão apoiando as aulas e proporcionando novas
interações entre estudantes e professores. A implementação de políticas
públicas neste sentido deve ser urgente e permanente. Este é, aliás, um direito
firmado na legislação por meio da Lei 14.109, de 2020, que estabelece como meta
que todas as escolas públicas estejam conectadas à internet de alta velocidade
até 2024”, afirma Angela Dannemann, superintendente do Itaú
Social.
Apenas
66% das famílias têm acesso a banda larga no país, de acordo com a pesquisa,
sendo que a Região Norte registra o menor índice de acesso (47%, contra 75% na
Região Sul). Os números também mostram a desigualdade nos meios urbano (68%) e
rural (37%) e entre estudantes de diferentes raças – 75% para brancos e 61%
para alunos negros.
“Nem todo mundo tem uma boa internet em
casa, nem um celular ou computador. É difícil estudar assim. Esses dias veio
uma mãe pedir: ‘Você me empresta o wi-fi para o meu filho fazer a tarefa?’”,
afirmou uma entrevistada.
A
pesquisa
Estes são dados levantados pela sétima
onda da pesquisa “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas
famílias”. As entrevistas foram realizadas entre os dias 13 de agosto e 16 de
setembro de 2021, com abordagem telefônica, com 1.301 responsáveis que
responderam por um total de 1.846 crianças e adolescentes com idades entre 6 e
18 anos da rede pública, em todas as regiões do país. A etapa qualitativa foi
realizada pela Rede Conhecimento Social, entre 26 e 28 de julho, por meio de
Grupos de Discussão (GDs) on-line, realizados por plataforma digital.
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