Especialista da
Faculdade Santa Marcelina explica a importância de uma alimentação balanceada
na reabilitação pós-coronavírus
A pandemia da Covid-19 trouxe grandes preocupações
para o mundo. Além de tomarem inúmeros cuidados para não serem
infectados, adultos e crianças precisam ficar atentos no tratamento e na
recuperação após serem contaminados com o coronavírus. Irani Gomes dos Santos
Souza, coordenadora do curso de graduação em Nutrição da Faculdade Santa
Marcelina, explica os principais cuidados para que a recuperação dos pacientes
seja realizada de forma adequada e contribua para um pleno restabelecimento, já
que o organismo está bastante fragilizado, e uma dieta rica em vitaminas
D, A, C, Complexo B, Zinco, Cálcio e Ferro são essenciais para combater as
sequelas da enfermidade.
Durante o processo de infecção
pela Covid-19, o paciente pode apresentar perda do paladar e de apetite fazendo
com que a ingestão de alimentos seja reduzida, comprometendo seu estado
nutricional, isso porque, com o baixo consumo, também terá baixa
oferta e absorção de nutrientes. Outro ponto importante é o cansaço presente e
potencializado pela gravidade da doença restringindo o consumo do alimento.
Profissional de saúde com 23 anos de carreira, Irani alerta: “Muitos pacientes ficam cansados durante o término da refeição, por isso
é necessário também o ajuste da consistência das preparações, sem perder
qualidade nutricional”.
Irani explica como é feito o
tratamento nutricional dos pacientes em estado grave da doença, em especial
quando há a necessidade de intubação: “Os
pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) podem se alimentar via
oral, onde muitas vezes é necessária a mudança da consistência, aumento do
teor calórico, fracionamento das refeições e redução do volume das preparações.
No entanto, aqueles que estão intubados com uso de ventilação
mecânica necessitarão de Terapia Nutricional Enteral realizada por meio de
sonda de alimentação, onde a nutrição será estabelecida visando atender toda a
necessidade nutricional que o paciente precisa de acordo com sua tolerância e
quadro clínico”.
Uma dieta rica em nutrientes é
essencial para uma plena recuperação dos pacientes que receberam alta ou
que, até mesmo, não tiveram a necessidade de se deslocarem até um
hospital como explica Irani: “Pensar
sempre em uma alimentação saudável é uma boa escolha, pois auxiliará na
recuperação deste corpo que foi tão exigido. Portanto, as refeições precisam
ser fracionadas, com variedade de alimentos visando abranger um bom leque de
nutrientes. Devemos dar atenção aos alimentos ricos em vitaminas C, D e A”.
Irani destaca ainda o papel
dos considerados superalimentos, como lentilhas, nozes, abacate, chia e
açaí, que podem ajudar no processo de recuperação: “Na verdade,
todo alimento consumido de forma correta pode ser considerado um superalimento.
Lógico que estou falando dos alimentos in natura. Esses alimentos citados são
ricos em proteína, gordura polinsaturada, protegendo nosso coração e
evitando riscos de trombose. Uma alimentação rica em fibras, ômega 3, ômega 6,
baixo aporte de gordura saturada, sódio e açúcar auxiliarão no processo de
recuperação”.
Alimentação
Saudável
A recuperação de um paciente
precisa ser seguida à risca, e isso inclui a suspensão de alimentos que podem
prejudicar ou até mesmo agravar a evolução do tratamento, visto que ao longo da
vida a alimentação saudável é essencial, como justifica a coordenadora do
curso de nutrição da Faculdade Santa Marcelina: “ Alimentos
ricos em açúcar, sódio, corante, conservantes, gorduras saturadas, gorduras
TRANS e com baixo teor de fibras facilmente encontrada em
alimentos ultraprocessados, devem ser evitados também ao longo de nossa
vida”.
Muitos pacientes passam a ter
dificuldades de engolir os alimentos ou até mesmo perdem o apetite. A
especialista aponta alternativas para ajudar na recuperação do enfermo tendo
como ponto de partida a alimentação: “A melhor
escolha é caprichar nos temperos naturais para exaltar o sabor dos alimentos.
Além disso, a consistência pode ser alterada visando preparações mais macias e
de fácil mastigação e deglutição”.
Imunidade
Reforçar a imunidade do
organismo é primordial para combater doenças, e com a Covid-19 não é
diferente. Ela ataca todo o sistema imunológico, logo, ter à disposição
alimentos ricos em vitaminas D, A, C, Complexo B, Zinco, Cálcio, Ferro e
fibras é importante para reforçar a imunidade. A nutricionista
destaca frutas cítricas, verduras ou vegetais verdes escuros, frutas,
tubérculos ou vegetais amarelos e alaranjados, como abóbora, cenoura,
feijões, lentilha, ervilha, oleaginosas, leite e derivados desnatados,
gengibre, entre outros.
Hidratação
Durante a doença o paciente
apresenta um gasto energético aumentado, podendo ter febre e
diarreia, provocando assim uma grande
perda hídrica. Irani explica a importância da hidratação: “Mesmo sem a doença instalada, é importante manter bom
funcionamento renal, intestinal, entre outros”.
Muitas pessoas têm manifestado
a queda de cabelo como um sintoma pós-Covid. Existem alimentos ou suplementos
adequados que podem evitar esse efeito como detalha a nutricionista: “A queda de cabelo pode ser proveniente da perda de peso e também baixo
consumo de vitaminas do Complexo B. A suplementação deve ser indicada para
comprovação de alguma carência. Para evitar problemas, a variedade de
alimentos durante as refeições do dia é fundamental, pois garante
oferta suficiente dos nutrientes”.
Suplementos
alimentares e perda de peso
A especialista em nutrição
destaca que os suplementos alimentares no tratamento contra Covid-19 se
fazem necessários, especialmente quando o consumo por via
alimentar é insuficiente. Irani explica que, durante o período da doença e
internação, alguns pacientes perdem muito peso, e detalha ainda as
consequências nutricionais por conta deste fator: “Esse sintoma pode caracterizar desnutrição, o que dificulta uma
rápida recuperação, mesmo porque a Covid-19 promove um grande gasto energético.
A nutrição precisa então buscar a reposição alimentar, fazendo
com que aconteça a recuperação do estado nutricional, ou seja, restabeleça um
peso saudável”.
Para finalizar, Irani
recomenda um aporte alimentar adequado, ou seja, ofertar proteínas,
carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais na quantidade suficiente para
restabelecer o estado nutricional para combater a falta de apetite e a
perda de peso, provocada pela agressividade da doença.
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