A pandemia impactou de maneira severa o mundo dos negócios em 2020, e as mulheres estão entre as mais afetadas. Além das jornadas duplas e muitas vezes triplas a que se submetem as mulheres, muitas tiveram que fechar suas empresas, seja temporariamente ou mesmo de vez. Ainda assim, como já era de se esperar, as mulheres também são as que, diante da crise, agiram de maneira mais assertiva para se restabelecer dentro do chamado novo normal.
Em 2020, um ano tão conturbado para todos, em que
foi preciso pensar rápido para se adaptar, o número de micro e pequenas
empresas abertas por mulheres foi 40% superior ao mesmo período do ano passado.
Mas fica a pergunta: como as mulheres fazem isso?
Trabalho focado, persistência, começando do zero, fazendo tudo de novo sem
cometer os mesmos erros, estudando o cenário atual e buscando novos caminhos
para empreender e inovar.
O protagonismo feminino dos tempos atuais reflete,
ainda que de forma tímida, a potência para resultados que mulheres possuem à
frente dos cargos denominados de “alto escalão”. Estamos na linha de frente!
São mulheres na liderança de empresas, de seus próprios negócios,
principalmente dentro do universo das franquias.
Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (PNADC) realizada pelo IBGE, cerca de 9,3 milhões de
mulheres estão à frente de negócios no Brasil. O GEM (Global Entrepreneurship
Monitor), que é a principal pesquisa sobre empreendedorismo no mundo, com dados
de 49 países, mostrou, em sua última edição (2018), que o Brasil ficou em
sétimo lugar no ranking de proporção de mulheres em cargos de liderança em
estágio inicial, que são aqueles com menos de 42 meses de existência.
Outros dados ainda mostram o aumento das mulheres
no mercado de trabalho brasileiro: o Relatório Especial de Empreendedorismo
Feminino no Brasil, divulgado pelo Sebrae, em 2019, aponta que 48% dos
Microempreendedores Individuais são mulheres.
É fato! O empreendedorismo feminino ganha cada vez
mais destaque no país, promovendo transformações na sociedade e na economia. E
no mercado de franquias não é diferente. O setor se recupera com agilidade dos
impactos da crise, e já começa a alcançar números obtidos em anos anteriores
quando não tínhamos o cenário econômico afetado por uma pandemia.
Com a possibilidade de se tornar dona de um negócio
já estruturado, as mulheres encontraram nas franquias uma oportunidade de
investimento e retorno financeiro seguros.
O setor de beleza, saúde e bem-estar, um dos que
menos sofreu com o isolamento social, é um dos mais procurados por potenciais
investidoras. Vale dizer que elas também buscam o segmento da alimentação na
hora de bater o martelo e escolher uma franquia para chamar de sua.
Segundo o último estudo “Liderança Feminina no
Franchising”, realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), as
mulheres representam 48% dos franqueados no Brasil. Outro dado interessante, é
que as franquias que estão sob o comando feminino podem ter faturamento até 30%
maior em relação ao público masculino.
Posso dizer, com vasto conhecimento de causa, que
no segmento de franquias é necessário foco, presença, comunicação, simpatia com
o cliente, além de paciência. Características que, em geral, as mulheres
conseguem reunir, conciliando o espírito de liderança das equipes, que é muito
importante para gerar bons resultados. Isso porque uma equipe engajada
transforma a empresa, e isso se reflete diretamente no rendimento desse
negócio.
Outro ponto de extrema importância, que merece
destaque, é a interação com o público no meio digital. A pandemia reforçou a
necessidade de se manter um relacionamento de respeito com os clientes online,
e é isso que ajuda na sua fidelização e cria a confiança na marca. O
levantamento do GEM mostrou que mais de 70% das mulheres estão presentes na
internet e fazem uso das redes sociais e aplicativos para vender seus produtos
e serviços, enquanto 63% dos homens ouvidos na pesquisa utilizam as ferramentas
digitais.
Essa competência de adesão ao digital das
empreendedoras também foi observada na hora de elaborar estratégias para
melhorar as vendas, como o ingresso no sistema de delivery, ou a venda de
serviços por meio de voucher adquiridos pelo e-commerce, que poderiam ser
utilizados na retomada econômica, com a flexibilização das regras de isolamento
social.
Mesmo com os desafios impostos pela sociedade,
ainda muito machista, é importante que as mulheres entendam que podem sim
empreender e que isso pode dar muito certo. O ponto central é sentir-se feliz.
Acredito que o empreendedorismo feminino traz para
o mundo dos negócios um novo olhar, mais equilibrado, humano, responsável,
social e democrático. Características que agregam. Não fazem com que o mercado
seja mais fraco ou menos sério, apenas mais diverso, plural e para todos.
Danyelle
Van Straten - CEO da rede Depyl Action e diretora da ABF Minas Gerais
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