No ambiente corporativo, aperto de mão, que é sinal de confiança e negócio fechado, precisou ser ressignificado e deu lugar a novas formas de fortalecer vínculos e engajar
A
pandemia da Covid-19 impôs novas formas de trabalho, convivência e até mesmo de
cumprimentar as pessoas. O tão utilizado aperto de mão que já foi sinônimo de
boas-vindas, confiança e negócio fechado também precisou ser deixado de lado. O
gesto, que segundo historiadores, já é utilizado há mais de 3 mil anos, acabou
se tornando um risco maior de contaminação pelo coronavírus. A maioria das
pessoas acaba adotando o “soquinho” para substituir esse gesto que é sinônimo
de reciprocidade e confiança. Mas, ele também pode ser um risco à saúde.
Os
médicos alertam que as mãos oferecem muitos perigos porque “capturam” as
bactérias e vírus presentes em objetos manipulados. “O habitual soquinho que
substituiu o aperto de mão apresenta risco menor. Mas o ideal é que, quando as
pessoas se encontrarem, usem o cotovelo para cumprimentar ou apenas um aceno.
Ainda precisamos ter paciência e manter os cuidados para evitar a infecção pela
Covid-19”, alerta o cardiologista do Hospital Marcelino Champagnat, Gustavo
Lenci.
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E se
há um ambiente em que o aperto de mão era rotina é o ambiente corporativo. Em
reuniões entre equipes, negociações com clientes, fechamento de parcerias. Essa
foi só mais uma das adaptações impostas pela Covid-19. Em 16 meses de pandemia
e de trabalho remoto o gesto precisou ser ressignificado e deu lugar a novas
formas que profissionais e gestores encontraram para fortalecer vínculos e
engajar a equipe.
Reuniões
virtuais que funcionam como “momento do cafezinho”, grupo de conversas voltadas
para o compartilhamento de momentos familiares, dicas de vinhos e, até mesmo, a
fabricação caseira de biscoito com direito a entrega “pessoal” de lembranças na
casa dos colaboradores, mesmo dos que moram em outros estados. Essas foram
algumas das formas que o diretor de Auditoria Interna, Riscos e Compliance do
Grupo Marista, Renato Lara, encontrou para se aproximar da equipe na pandemia.
“No último Natal, eu e meu filho fomos vestidos de Papai Noel entregar biscoitos
para todos os colaboradores da minha equipe. Chegamos a ir até São Paulo e foi
muito recompensador. Nosso grupo no whatsapp, que já existia antes da pandemia
para compartilharmos assuntos mais pessoais, acabou ganhando ainda mais força.
É uma maneira que encontramos de estarmos próximos”, explica.
Já o
diretor financeiro do grupo, Maurício Zanforlin, aposta na verbalização dos
sentimentos, no aumento da frequência das conversas com a equipe e na empatia
para tentar amenizar a falta do aperto de mão e do convívio presencial. “Nós
precisamos ser mais sensíveis e flexíveis à realidade do outro. Expressar
nossos sentimentos de confiança e de agradecimento com palavras ou até mesmo
‘emojis’, que ganharam ainda mais espaço no mundo virtual”, argumenta. “Os
momentos de espiritualização sobre o nosso papel, e como podemos ser melhores,
ganharam uma importância muito grande em nossos encontros on-line”,
complementa.
Segurança
emocional
Segundo
dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mais de 7,3 milhões
de profissionais estão atuando de forma remota no Brasil. Garantir a
estrutura organizacional, equipe engajada e produtiva tem sido cada vez
mais desafiador para os gestores. E agora as empresas se dedicam novamente a
pensar em como será a rotina num possível formato de trabalho híbrido.
Os
desafios são muitos, mas a clareza e a profundidade da comunicação, o
fortalecimento dos vínculos, os momentos de descontração e de criatividade
também podem ser prejudicados nesses processos ainda incertos. “Não existe
fórmula mágica, mas as empresas precisam criar cada vez mais espaços de
segurança psicológica que sirvam de alicerce para que os indivíduos possam
expressar seus sentimentos e pensamentos. Para que consigam se sentir inteiros
dentro da organização, vistos e ouvidos não apenas como colaboradores, mas como
pessoas”, ressalta a gestora de talentos do grupo, Lucia Lima Coelho.
Grupo
Marista
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