Especialista analisa os riscos da automedicação e faz alerta sobre a busca por orientações acerca dos medicamentos na internet
Um dos setores da
economia que tem obtido bons resultados na pandemia é o farmacêutico. Segundo
uma pesquisa do Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa, em
parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o segmento cresceu
16,2% no Brasil nos últimos 12 meses. Ao apontarem para um aumento
significativo do consumo de medicamentos no país, esses números acendem um
alerta sobre o consumo excessivo e imprudente desses produtos por parte da
população.
Com a pandemia,
surgiram vários tratamentos alternativos que, mesmo sem nenhuma comprovação
científica, foram difundidos nas redes como eficazes contra o vírus. Para a
professora da disciplina de Farmacoterapia e Cuidado Farmacêutico no Centro
Universitário Newton Paiva , Yone de Almeida Nascimento, a pandemia apenas
acelerou um fenômeno que já estava em andamento.
"A internet tem
se tornado uma fonte de pesquisas cada vez mais frequente sobre medicamentos e
tratamentos. Existem bons conteúdos sobre o assunto, mas a grande maioria é de
credibilidade duvidosa. O problema é que pessoas que recorrem a essa
alternativa são leigas, portanto, têm dificuldade para filtrar tais
informações", afirma ela.
Automedicação
Apesar da existência
de um certo tabu em torno da automedicação, ela é considerada uma prática de
autocuidado, que é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além
disso, sintomas leves como dor de cabeça eventual ou cólica menstrual podem ser
tratados pelo paciente. Por isso existem os Medicamentos Isentos de Prescrição
(MIPs), recomendados pelas autoridades sanitárias para tratar os sintomas
associados a condições de saúde autolimitadas, como os citados acima.
No entanto, os
especialistas alertam para a existência de riscos. Yone destaca três situações
principais a que o paciente deve ficar atento: a persistência dos sintomas após
a utilização dos MIPs; o consumo de um MIP e os medicamentos de uso habitual do
paciente, de forma simultânea, pois existe o risco deles se anularem ou até
mesmo prejudicar o paciente; e, por fim, o risco do MIP agravar outras doenças
pré-existentes. Em todos esses casos, é importante consultar o farmacêutico ou
o médico.
Consulta ao
farmacêutico
Apesar de ser uma
prática tradicional no Brasil, a prescrição de remédios por parte dos
profissionais farmacêuticos só foi regulamentada em 2013, por meio da resolução
586 do conselho federal de farmácia. Todos os medicamentos que se enquadram na
lista de grupos e indicações terapêuticas presentes no documento podem ser
prescritos pelos farmacêuticos.
Yone diz que a
consulta ao farmacêutico é válida, mas faz um alerta aos consumidores. "No
Brasil, muitos atendentes de farmácia que não possuem formação adequada e
trabalham por comissão. O que faz com que muitas vezes eles incentivem o
consumo de medicamentos sem atentar para a real necessidade do paciente",
explica a professora da Newton Paiva.
"A melhor forma
de se resguardar é certificando de que o profissional que passa as orientações
é de fato um farmacêutico que possui o conhecimento técnico para prescrever um
medicamento adequado às necessidades do paciente, ou até mesmo direcioná-lo a
um outro profissional de saúde", finaliza a especialista.
Centro Universitário Newton Paiva
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