Seu filho, de um ano e um mês, só foi diagnosticado com a doença no terceiro mês de vida. Especialistas falam sobre a importância da realização do exame e impactos que podem causar em bebês como Heitor
A
Atrofia Muscular Espinhal, AME, é uma doença genética rara, que afeta a
capacidade motora da criança, diminuindo a evolução do bebê, no caminhar, comer
e em casos mais graves até respirar. A médica e coordenadora de neurologia do
Hospital Anchieta de Brasília, Priscilla Proveti, explica que é de extrema
importância que o diagnóstico da doença seja feito o quanto antes. Mas isso nem
sempre acontece. Um exemplo disso é o pequeno Heitor Moreira Melo, de um ano,
que teve a AME descoberta já com três meses de vida.
Carla Melo, mãe da
criança, conta que teve uma gestação difícil e o filho precisou ficar em uma
Unidade de Terapia Intensiva, UTI, por 21 dias. Ele passou por todos os exames
e foi para casa, mas a situação ficou ainda mais complicada, pois Heitor não
conseguia respirar sozinho.
"Esta é uma
doença que exige rapidez, pois até os dois anos, ela já tomou conta dos
neurônios da criança e afetou todas as suas capacidades. Por isso, é
imprescindível que esses bebês tomem o Zolgensma, única terapia gênica do
mundo, que pode paralisar esses efeitos", destaca a neurologista. Ela
continua: "ele não cura a criança, mas pode garantir que ela tenha
qualidade de vida", complementa Dra Priscilla.
A especialista
afirma que a medicação deve ser dada à criança o quanto antes, assim, ela
conseguirá ter qualidade de vida e poucos efeitos, pois desde o diagnóstico o
bebê sofre com os sintomas e a perda de capacidades importantes para o seu
desenvolvimento", pontua.
Como Heitor só
recebeu o diagnóstico aos três meses de vida, seu tempo é curto. Por isso, a
família se uniu a voluntários e promovem campanhas e ações em prol do
tratamento do pequeno, o Zolgensma, que custa R$ 12 milhões. Mas, uma novidade
recente poderia ter sido crucial para o menino, a ampliação do teste do
pezinho.
Ampliação do teste
do pezinho
Hoje, o teste do
pezinho não abrange a AME, mas graças à Lei 14.154 de 2021, sancionada pelo
presidente Jair Bolsonaro, ela e outros grupos de doenças serão abarcadas pelo
exame. A partir do próximo ano, o teste será ampliado a mais de 14 grupos de
doenças, aumentando sua eficácia para mais de 53 enfermidades.
A partir desta
ampliação o teste do pezinho incluirá diversos distúrbios, como:
hiperfenilalaninemias (excesso de fenilalanina), hemoglobinopatias
(relacionadas à hemoglobina), toxoplasmose congênita, galactosemias (nível
elevado de galactose no sangue), aminoacidopatias, distúrbios de betaoxidação
de ácidos graxos, doenças lisossômicas (que afetam o funcionamento celular) e
ainda, imunodeficiências primárias (problemas genéticos e no sistema
imunológico. Dentre eles, a Atrofia Muscular Espinhal, AME).
E é nesse ponto que
o teste do pezinho pode ser crucial. Milen Mercaldo, médica da família e
pediatra explica que com apenas uma picadinha no calcanhar dos bebês, o exame
identifica precocemente doenças metabólicas, genéticas (como a AME),
enzimáticas e endocrinológicas, que poderão causar alterações no
desenvolvimento neuropsicomotor do bebê.
Mas como ele é
realizado?
Dra Milen pontua que
o exame ficou conhecido como "TESTE DO PEZINHO" devido a maneira como
é realizado e só é conhecido por essa expressão aqui, no Brasil. "O sangue
deve ser coletado numa das laterais da região plantar do calcanhar, local com
pouca possibilidade de atingir o osso. Ela explica: "é preciso fazer a
assepsia do calcanhar com algodão ou gaze esterilizada, levemente umedecida com
álcool 70%. Massagear bem o local, ativando a circulação. Certificar-se de que
o calcanhar esteja avermelhado. Aguardar a secagem completa do álcool e então
realizar a punção com agulha adequada".
Qual a importância
do Teste do Pezinho?
O Teste do pezinho é
extremamente importante para a saúde das crianças, ele é uma das principais
maneiras de diagnosticar uma série de doenças, antes mesmo de aparecerem os
primeiros sintomas. "O diagnóstico precoce facilita o tratamento e pode
trazer mais qualidade de vida para as famílias. Por isso, é fundamental que
seja feito logo após o nascimento do bebê, entre o 3º e o 5º dia de vida",
aponta a pediatra, que também atua no Hospital Anchieta de Brasília.
Carla Melo,
complementa: "a vida do meu filho poderia ser diferente, porque quanto
antes se descobre a AME e se inicia o tratamento, melhor é para a
criança", conclui.
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