Psicóloga
especialista explica o distúrbio e se ele pode ser considerado um transtorno
alimentar. Saiba também se o problema foi impulsionado durante a pandemia
Já
ouviu falar em fome emocional? O problema é mais comum do que parece e pode
trazer consequências sérias, principalmente em tempos tão difíceis como estamos
vivendo com a pandemia do novo Coronavírus. Karine Figueiredo psicóloga e
conselheira da Associação Brasileira de Impulsividade e Patologia Dual, a
ABIPD, explica que a ameaça de contágio da COVID-19 provoca em uma pessoa
especialmente sensações de insegurança e preocupação com a sua saúde e a dos
seus entes mais queridos.
De acordo com ela, tal fato aumenta a
quantidade de hormônios - liberados com o estresse - e isso afeta a química do
organismo. "Como consequência, ocorrem perturbações no comportamento
alimentar. As mais comuns são: a compulsão alimentar, a bulimia e a
anorexia", destaca a especialista parceira da Associação Psiquiátrica de
Brasília, APBr.
Mas o que é e como surge a fome emocional?
Conforme a psicóloga, ela se contrapõe à fome fisiológica, consiste em um
transtorno de natureza comportamental ou psicológico. "Quem sofre com o
problema altera propositalmente seu comportamento alimentar para aliviar um
desconforto emocional (estresse, tristeza, tédio, solidão, etc.)", pontua.
"Em outras palavras, a pessoa come não por necessidade do organismo, mas
sempre que alguma emoção negativa surge. Isso porque busca no alimento uma
forma de atenuar ou esquecer aquela emoção", acrescenta.
Mas ela não pode ser considerada um transtorno
alimentar. "A fome emocional é um transtorno comportamental ou
psicológico, ao passo que os transtornos alimentares são transtornos
psiquiátricos", aponta. Segundo a profissional, na fome emocional, o
indivíduo come para esquecer ou diminuir uma emoção ruim. "Há uma
alteração voluntária de seu comportamento alimentar, pois, em palavras simples,
come sempre que sofre", ressalta.
Por outro lado, nos transtornos alimentares,
ocorrem alterações químicas no funcionamento do organismo em razão da liberação
de hormônios resultantes do estresse, fator biológico que independe da vontade
do indivíduo. "Nada impede, porém, que uma pessoa, diante de um quadro de
estresse agudo, desenvolva simultaneamente os dois transtornos", relata.
Há tratamento para esse tipo de problema?
Karine Figueiredo explica que o tratamento para
os transtornos alimentares varia de transtorno para transtorno. "Isso
porque cada transtorno tem causas, sintomas e critérios de diagnóstico próprios.
Um ponto em comum é que o tratamento, independentemente do tipo de transtorno
associado, deve ser realizado por uma equipe multiprofissional composta por, no
mínimo, um psiquiatra, um psicólogo e um nutricionista", relata. Ela
complementa que o trabalho também deve ser feito com o auxílio da família e de
pessoas próximas ao paciente, isso porque questões familiares e aspectos
sociais contribuem para a descoberta da origem do problema.
A profissional conclui: "deve-se ressaltar
ainda que, embora o tratamento seja conjunto, a confirmação do diagnóstico é
sempre clínica e só pode ser feita por um psiquiatra, uma vez que os
transtornos alimentares se tratam de uma categoria específica de transtornos
mentais".
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