Não temos dúvidas sobre “o que” precisamos discutir: o retorno presencial das atividades escolares. Há um ano a SPRS vem demonstrando que a escola pode ser um ambiente seguro durante a pandemia. “O porquê” também não é difícil. Bastaria o dado objetivo da UNESCO: O Brasil ocupa a não orgulhosa posição de ser um dos países do mundo com o maior número de dias de escolas fechadas.
A leitura do dado é desconfortável. Poucos países deixaram de
levar à escola políticas de restrição. Suécia, EUA, Nova Zelândia, Uruguai e
Singapura apresentam os menores tempos de fechamento (zero até 27 dias). Tal
cenário é de fevereiro/21, quando o Brasil completava 267 dias sem escolas.
Para os pediatras tem sido fácil listar “o porquê” das escolas
precisarem abrir: maior frequência de distúrbios psicológicos, comportamentais,
doenças orgânicas e atrasos cognitivos. Um potencial impacto sobre a
expectativa de vida e o futuro da sociedade. Uma conta que começa a ser paga
agora e se estende por gerações. “O quando” nos parece a questão complexa.
Possuímos indicativos de segurança: doença é menos frequente e
menos grave na população infantil, papel da criança na cadeia de transmissão é
controverso, abertura das escolas não parece aumentar o número de casos
(proporcional ao comportamento comunitário). Como risco observou-se em alguns
países (Israel, Itália, Nigéria e Reino Unido) que o número de casos aumentou
após a abertura das escolas (embora com causalidade não estabelecida).
Entretanto, nenhum país do mundo abriu escola num cenário de transmissão
descontrolada e com falência do sistema de saúde.
Devemos sempre fundamentar nossas posições com modelos testados.
Nosso equívoco não está na manutenção da escola fechada por algumas poucas
semanas, quase todos os países do mundo fizeram isso. Talvez pudéssemos ter
valorizado a escola como um serviço realmente essencial e com isso não termos
penalizado a sociedade com tão longo afastamento.
Felizmente, nos últimos dias nossos indicadores de doença
apontam um cenário mais favorável. Esperamos que mantenham sustentabilidade
para que as escolas abram e não fechem mais.
Para finalizar, “o como” é o agora da discussão. Neste quesito
temos muitas evidências que demonstram que a escola pode ser um ambiente
seguro, mesmo durante a pandemia. Mãos à obra, as crianças agradecem!
Sérgio Luis Amantea - Presidente da Sociedade de Pediatria do Rio
Grande do Sul (SPRS).
Nenhum comentário:
Postar um comentário