A meningite meningocócica é uma doença grave que gera um processo inflamatório das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo levar a quadros que requerem hospitalização, deixar sequelas e, inclusive, causar a morte, mesmo com tratamento médico iniciado.
No Dia Mundial de Combate à Meningite, todos nós
temos um importante papel na conscientização das pessoas sobre as formas de
prevenção contra esta tão temida doença. No Brasil, a meningite bacteriana mais
frequente é a meningocócica, com um índice de mortalidade de cerca de 20% a
30%. Dos sobreviventes, de 10% a 20% ficam com algum tipo de sequela, tais como
amputação de membros, perda auditiva ou comprometimentos neurológicos. A
transmissão da meningite ocorre através do contato direto com gotículas
respiratórias, ou seja, tosses, espirros, beijos e, eventualmente, o compartilhamento
de objetos como copos e talheres contaminados. Embora extremamente perigosa, a
meningite meningocócica é imunoprevenível, ou seja, pode ser evitada por meio
da vacinação. É espantoso, porém, que mesmo havendo vacina disponível, muitos
pais não estejam vacinando seus filhos, deixando-os desprotegidos contra os
riscos da doença.
A queda dos índices de vacinação contra meningite meningocócica é preocupante.
Segundo o DATASUS, em 2012, a cobertura vacinal contra a meningite tipo C
atingiu a meta de 100% e, em 2015, chegou a 98,19%. Em 2020, porém, este índice
caiu para 78,19%, apresentando uma redução alarmante, visto que tal lacuna abre
portas para a ocorrência de mais casos e, até mesmo, possíveis surtos.
Existem, atualmente, três vacinas disponíveis contra meningite meningocócica.
Na rede pública, há a imunização contra a meningite causada pelo meningococo
tipo C e contra os tipos A, C, W e Y. Na rede privada, além destas, há também a
vacina contra o meningococo B, justamente o tipo de maior ocorrência entre
menores de cinco anos, sendo responsável por 60% dos casos.
Um ponto que vale ser destacado é que a vacinação contra meningite
meningocócica não se restringe a crianças, sendo indicada também para
adolescentes e adultos jovens, pois estes grupos podem ser portadores
assintomáticos da bactéria e, sem saber, podem transmiti-la. O Programa
Nacional de Imunização já fez, aliás, a inclusão da faixa etária entre 11 e 12
anos para a vacinação contra a meningite causada pelos meningococos tipos A, C,
W e Y.
Sabe-se que, com a pandemia, muitos pais e responsáveis têm protelado a
imunização dos filhos. Ocorre que, ao não observar a atualização da carteira de
vacinas, ao não completar os esquemas vacinais e ao não aplicar as doses de
reforço recomendadas, os indivíduos ficam mais expostos. Com a volta às aulas,
em maior ou menor grau, crianças e adolescentes voltam a interagir uns com os
outros, e o risco de transmissão de meningite, assim como de outras infecções,
aumenta.
E, no contexto pandêmico, com a atual sobrecarga hospitalar, temos que agir com
ainda mais consciência: é por meio da vacinação que podemos evitar doenças que
possam levar à hospitalização. Vacinas salvam vidas.
Dr. Luis Alberto Verri (CRM 51162) -
pediatra do Vera Cruz Hospital e especialista em vacinas.
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