Apoiados pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, materiais fazem um recorte sobre a maternidade em tempos de pandemia e mostram que o isolamento social impactou negativamente as famílias
• Estudo "O impacto da pandemia do
coronavirus e do isolamento social: Examinando indicadores de comportamento da
criança e da parentalidade" mostra que 63% das mães tiveram sintomas
depressivos durante a pandemia, 78% delas relataram sentimentos de desconforto
com o coronavírus e 34% tiveram sentimentos negativos (medo, angústia,
ansiedade e insegurança) durante o período.
• Em relação ao
comportamento das crianças, 50% das mães relataram problemas durante o período
de distanciamento social. 29% relataram que os filhos tiveram problemas de
agitação, birra e bagunça e 23% sentiram desajuste à nova rotina diária.
• Estudo "Vivências
Das Mães Com Seus Filhos Pré-Escolares Durante A Pandemia De Covid-19:
Contribuições Da Intervenção Precoce Para A Promoção Do Desenvolvimento
Infantil" aponta que 41% das mães tiveram dificuldade em lidar
com os filhos durante a pandemia, sendo que as mães com sintomas depressivos e
as que recebiam Bolsa-Família relataram mais dificuldade que as demais.
• A maioria das mães
assistiu televisão com seus filhos (94%), brincou (77%) e cantou com os
pequenos (65%). No entanto, apenas uma pequena parcela das mães leu (27%) ou
praticou exercícios físicos junto com os filhos (22%).
Neste mês de março,
segundo a declaração oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia
de coronavírus completa um ano. Nesse tempo, essa crise sanitária alterou a
vida das famílias ao redor do mundo. Os pais precisaram adaptar sua rotina
diária e as medidas de distanciamento social culminaram, entre outras coisas,
no fechamento das escolas. Este desafio impactou diretamente o comportamento e
estado emocional de todos.
Com o objetivo de
avaliar indicadores de saúde mental e a adaptação de mães e crianças de 1 a 6
anos durante o período do isolamento social, o estudo "O impacto da
pandemia do coronavirus e do isolamento social: Examinando indicadores de
comportamento da criança e da parentalidade", feito por pesquisadores
da faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, avaliou as dinâmicas familiares na
quarentena e percebeu um aumento de sintomas depressivos nas mães e mudança de
comportamento das crianças.
Segundo os dados, 63%
das mães tiveram sintomas depressivos durante a pandemia, 78% delas relataram
sentimentos de desconforto com o coronavírus e 34% tiveram sentimentos negativos
(medo, angústia, ansiedade e insegurança) durante o período. Em uma análise
segmentada, detectou-se que 89% das mães que já apresentavam indícios
depressivos antes da pandemia continuaram com os sintomas na quarentena e 47%
das mães que não tinham sinais de depressão passaram a apresentá-los.
Em relação ao
comportamento das crianças, 50% das mães relataram problemas durante o período
de distanciamento social. 29% relataram que os filhos tiveram problemas de
agitação, birra e bagunça e 23% sentiram desajuste à nova rotina diária.
"Os achados
confirmaram o impacto negativo do isolamento social em indicadores de saúde
mental materna e comportamentos das crianças durante o contexto da pandemia
mesmo quando não haviam problemas pré-existentes de saúde mental materna ou
infantil", explica Maria beatriz Linhares, responsável pelo estudo ao lado
de Elisa Rachel Pisani Altafim, Claudia Maria Gaspardo, Camila Regina Lotto
Rebeca Cristina de Oliveira.
Já o estudo "Vivências
Das Mães Com Seus Filhos Pré-Escolares Durante A Pandemia De Covid-19:
Contribuições Da Intervenção Precoce Para A Promoção Do Desenvolvimento
Infantil", teve o objetivo de analisar as vivências das mães
com seus filhos durante a pandemia e os fatores associados as dificuldades
maternas em lidar com o comportamento dos pequenos, e discutir o repertório de
atividades das mães com seus filhos durante a pandemia de COVID-19 e as
contribuições do Projeto Cuidar & Crescer (C&C).
Assim como na pesquisa
anterior, os dados também mostraram que as mães apresentaram sintomas
depressivos nesse período (53%). Além disso, 41% delas relataram dificuldade em
lidar com os filhos durante a pandemia. As dificuldades foram atribuídas
principalmente aos comportamentos externalizantes (29%) e internalizantes (26%)
das crianças, à ociosidade (22%) e à desadaptação com as mudanças na rotina
(20%).
A pesquisa também
mostrou que no período de quarentena a maioria das mães assistia televisão com
seus filhos (94%), brincavam (77%) e cantavam com seus filhos (65%). No
entanto, apenas uma pequena parcela das mães lia (27%) e praticava exercícios
físicos junto com os filhos (22%). Já as mães que participaram do Projeto
C&C leram (40%) e cantaram (77%) mais para os filhos do que as demais.
"Observamos que a
prevalência de mães com dificuldade em lidar com seus filhos durante a pandemia
foi alta e mais frequente naquelas com sintomas depressivos e mais pobres.
Também notamos que as atividades lúdicas que poderiam melhorar o comportamento
das crianças foram menos praticadas do que exposição a programas de TV",
completa Maria Beatriz.
O estudo Vivências
Das Mães Com Seus Filhos Pré-Escolares Durante A Pandemia De Covid-19:
Contribuições Da Intervenção Precoce Para A Promoção Do Desenvolvimento
Infantil é um trabalho realizado Claudia Regina Lindgren Alves, Isadora de
Araújo Martins e Gabriela Soutto Mayor Assumpção Pinheiro, do departamento de
Pediatria, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
e Camila Regina Lotto e Maria Beatriz e Martins Linhares, da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto - USP/Laboratório de Pesquisa em Prevenção de
Problemas de Desenvolvimento e Comportamento da Criança (LAPREDES).
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