Parto
prematuro pode acarretar complicações oftalmológicas para o bebê
No início de dezembro, a imprensa noticiou o nascimento prematuro da
pequena Raika, filha do DJ Alok e de Romana Novais. O casal havia anunciado ter
contraído o Covid-19 poucos dias antes do nascimento do bebê. Desde o início da
pandemia, os médicos perceberam que uma parcela das gestantes com Covid-19
evoluiu para partos prematuros
Os estudos estão em andamento, mas segundo uma revisão de várias pesquisas,
publicado recentemente na Revista
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, esses desfechos podem estar relacionados à
vulnerabilidade das gestantes a infecções respiratórias graves. O estudo
apontou que 41% dos partos ocorreram antes de 37 semanas e 15% antes de 34
semanas.
De acordo com os pesquisadores, uma das teorias é que devido às mudanças
adaptativas fisiológicas durante a gravidez, como o aumento do consumo de
oxigênio, edema da mucosa do trato respiratório e elevação do diafragma, as
gestantes têm menos tolerância à hipóxia (falta de oxigênio). A boa notícia é
que a transmissão vertical, ou seja, quando a mãe transmite o vírus para o
bebê, é raríssima.
Infelizmente, a prematuridade pode trazer algumas complicações oftalmológicas
para o bebê, como a retinopatia da prematuridade (ROP). Segundo Dra.
Marcela Barreira, oftalmopediatra e especialista em estrabismo,
a ROP é uma das principais causas de cegueira infantil que podem ser prevenidas
e está relacionada à imaturidade orgânica do prematuro.
Idade gestacional e baixo peso
“A ROP é uma doença vasoproliferativa que surge como resultado de uma
vascularização inadequada da retina dos bebês pré-termo. Quanto mais
prematuramente o bebê nascer, maior o risco de ter a ROP”, diz.
De acordo com dados das Diretrizes
da Associação Médica Brasileira (AMB), a ROP é uma das principais causas de cegueira
prevenível na infância. A incidência da patologia em bebês com peso inferior a
1,2 Kg é de 68%. Os dois fatores de risco mais importantes são a idade
gestacional, baixo peso e oxigenioterapia.
Cuidados Neonatais
A boa evolução de um bebê prematuro depende, sobretudo, da disponibilidade de
recursos na maternidade em que nasceu. Nos últimos anos, a necessidade de um
oftalmopediatra nas unidades neonatais foi reconhecida como de extrema
importância.
“Existe um período, uma janela de oportunidade, para tratar a retinopatia da
prematuridade. Recomenda-se que bebê prematuro seja avaliado por um
oftalmopediatra entre a 31ª e 33ª semana de idade gestacional ou entre a 4ª e
6ª semana de vida”, comenta Dra. Marcela.
“Vale lembrar ainda que os prematuros têm 46% de chance de apresentarem outras
condições oftalmológicas, como estrabismo, nistagmo e erros refrativos.
Portanto, o acompanhamento com um oftalmopediatra independe de o bebê
apresentar ou não a retinopatia da prematuridade”, ressalta a médica.
Desenvolvimento Visual
“O bebê prematuro precisará de consultas com o oftalmopediatra de forma
rotineira, até que a visão esteja completa, por volta dos sete ou oito anos,
mesmo que não apresente nenhum problema na maternidade”, finaliza Dra. Marcela.
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