Médico tradicionalmente masculino tem papel importante também na saúde feminina
Culturalmente,
estamos acostumados a ouvir que o urologista é o médico do homem e o
ginecologista é o médico da mulher. De fato, a ginecologia é uma especialidade
exclusivamente feminina, que trata das questões envolvendo o sistema reprodutor
delas.
O
que muitas pessoas não sabem é que o urologista, que é mais frequentado por
homens, também é de grande importância para a saúde feminina. Além das questões
inerentes ao sexo masculino, o urologista também cuida do sistema urinário,
nesse caso, de ambos os gêneros.
Problemas
relacionados à incontinência urinária, cistites, bexiga hiperativa e cálculos
renais são tratados pelo especialista que, apesar de muitas pessoas não terem o
conhecimento, também atende mulheres. Esse imbróglio cultural é refletido na
própria sociedade médica: de cada 100 urologistas, apenas duas são mulheres, de
acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com seus médicos
associados.
Apesar
disso, as mulheres também podem frequentar o urologista, uma vez que são elas
as mais acometidas de doenças como incontinência urinária, que é a perda
involuntária de urina. Números internacionais da Urology Care Foundation
apontam que uma em cada três mulheres podem sofrer com incontinência urinária
em algum momento da vida. Na terceira idade, a chance de as mulheres
desenvolverem a doença é duas vezes maior em relação aos homens, segundo a
International Continence Society.
O
Estudo SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), feito com pessoas acima de 60
anos, realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com a
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), apontou que a prevalência de
incontinência urinária é de 11,8% entre homens e 26,2% entre mulheres. A
pesquisa foi feita em países da América Latina e no Caribe e a amostra
brasileira contou com 2.143 idosos residentes na capital paulista.
Problemas
como os que foram citados nas pesquisam levam as mulheres a procurarem o
urologista. O especialista no assunto, Dr. Willy Baccaglini esclarece quais são
os casos mais relatados por elas nas consultas. “A doença que acomete mulheres e
que mais comumente as levam ao Urologista é a litíase urinária. Cálculos renais
são uma das principais causas de procura de pronto-atendimento. E, assim como
na população masculina, os cálculos renais são bastante comuns. Outra causa
relativamente comum de procura do urologista pelas mulheres é a infecção de
urina de repetição. Porém, diferente dos cálculos renais, a maior parte das
mulheres não sabe que o urologista é o médico mais adequado para o tratamento
da infecção de urina de repetição”, afirma.
Segundo
o especialista, existe uma característica feminina de, culturalmente,
frequentar consultas médicas mais regulamente do que os homens, o que colabora
com diagnósticos e tratamentos. “As mulheres, por iniciarem o acompanhamento de
rotina mais cedo, estão mais acostumadas ao ambiente do consultório médico e
habituadas as consultas de rotina. Sem contar o fato cultural das mulheres
naturalmente se preocuparem mais com a própria saúde, além da saúde das pessoas
a sua volta”.
Em
relação à desinformação de muitas mulheres sobre a atuação do urologista, Dr.
Willy pontua que é justamente por isso que elas acabam demorando em procurar
uma consulta nesta especialidade, o que pode complicar o tratamento.
“As
mulheres que procuram o urologista, exceto aquelas que sofrem de cálculos
renais, normalmente o fazem numa fase mais tardia de suas doenças. Isto ocorre
porque boa parte delas desconhece o fato de que o urologista possa atender o
público feminino.”, declara.
Também
é fundamental saber reconhecer os sintomas e quais são os órgãos afetados em
cada patologia, para saber qual médico procurar. Nos casos da especialidade de
urologia, dentre as doenças já citadas que mais levam as mulheres a procurarem
um médico, as principais são:
- Cistite: uma inflamação/infecção na bexiga que pode causar dores ao urinar e uma vontade constante de ir ao banheiro, mesmo que saia pouca urina. Em alguns casos, pode aparecer um pouco de sangue na urina.
- Urolitíase: muito comuns, tanto em mulheres quanto em homens, as chamadas “pedras” nos rins são pequenos cálculos ou cristais que se formam nos órgãos e podem causar fortes dores e cólicas renais, além de dificuldades para urinar.
- Incontinência urinária: é a perda de controle da bexiga e liberação involuntária de urina. Às vezes, ao tossir, espirrar ou até dar risada pode acabar liberando pequenas quantidades de xixi na roupa, ou em casos mais graves, a perda total do controle da micção.
- Bexiga hiperativa: se trata da
necessidade constante de ir ao banheiro e geralmente está associada à
incontinência urinária. Pessoas que sofrem com isso costumam levantar
durante a noite para ir ao banheiro, o que prejudica a qualidade do sono.
Situações
como essas levam a uma reflexão importante, que é justamente conhecer qual a
área de atuação de cada especialidade médica, para saber exatamente quem
procurar quando identificar que algo está errado com o corpo. O
autoconhecimento e reconhecimento dos sintomas são aliados fundamentais na
prevenção, tratamento e cura de doenças.
Dr.
Willy acredita que a mulher está muito bem amparada pelo acompanhamento e
prevenção de doenças pela área de ginecologia, mas faz um alerta a respeito da
necessidade de procurar um urologista ao identificar sintomas como os citados
acima. “Toda mulher que tenha alguma queixa urinária, ou que tenha mais de dois
episódios de infecção de urina em um semestre ou mais do que três em um ano,
devem procurar um urologista para avaliar a possibilidade de tratamento. E todo
paciente com cálculo renal, seja homem, seja mulher, precisa ter um
acompanhamento com um urologista”, afirma Baccaglini.
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