2020 foi um turbilhão, mas deixará um
legado importante para o dia das pessoas
Depois de nove meses de pandemia da Covid-19, a vacina
contra o vírus já é uma realidade bastante próxima, com países como Inglaterra,
Canadá e Estados Unidos sendo os primeiros a iniciar a imunização de seus
habitantes.
No Brasil, por enquanto, apenas o estado de São Paulo divulgou um cronograma de
vacinação que terá início em 25 de janeiro. Já o Governo Federal anunciou que
prevê iniciar vacinação contra a Covid cinco dias após aval da Anvisa e entrega
das doses, mas não especificou nenhuma data. Nas declarações mais recentes do
Ministério da Saúde, fevereiro foi apontado como mês provável para esse início
de processo.
Mesmo que ainda não haja uma certeza de quando haverá o início de uma vacinação
em massa por aqui, agora as pessoas já conseguem vislumbrar uma luz no fim do
túnel, mas, é importante reforçar que o coronavírus segue infectando milhares
de pessoas por dia e tirando centenas de vidas Brasil afora. Não podemos,
portanto, agir como se a doença não fosse mais uma ameaça, pois, o considerável
aumento do número de casos no País e o surgimento de uma segunda onda de
contágio na Europa nos comprovam justamente o contrário.
E quando a pandemia passar, alguns hábitos que foram construídos e mudanças que
foram implementadas na vida das pessoas devem permanecer. Até porque, após toda
população ser vacinada, ainda demorará algum tempo para termos dados confiáveis
sobre
como será a vida pós-pandemia.
De acordo com especialistas, a vacina impedirá
que a pessoa adoeça, mas não se sabe se impedirá a infecção e
transmissão a outra pessoa não vacinada.
Isso significa que os mesmos protocolos preventivos que todos seguiram ao longo
de 2020 - do distanciamento físico ao uso de máscaras de proteção - ainda devem
ser seguidos. Além disso, outras mudanças que se instalaram neste período
vieram para ficar de vez e, acreditem, isso é algo bastante positivo. Veja
quais são eles e a opinião de especialistas:
Home Office - Trabalhando do sofá
Durante a pandemia, a tecnologia também permitiu que qualquer pessoa que
trabalha sentada atrás de um computador pudesse se manter distante da sede da
empresa e, este novo formato será adotado permanentemente por muitas
companhias. No Brasil, os dois mil atendentes do call center da Tim
permanecerão em home office. No Magazine Luiza cerca de 1.500 funcionários — de
um total de 40 mil— não precisarão mais ir ao escritório. Até mesmo a
Prefeitura de São Paulo implementou o trabalho remoto de forma definitiva para
os seus mais de 120 mil servidores.
Com esta mudança, empresas podem reduzir os custos de infraestrutura abrindo
mão de espaços físicos ou mesmo alugando lugares menores, além de fazer uma
economia considerável com energia elétrica, internet, manutenção e suprimentos.
Já para os colaboradores, o home office possibilitou, sobretudo, qualidade de
vida sem a exaustiva jornada que incluía horas perdidas no trânsito, diminuição
de gastos com transporte, alimentação e roupas e também maior convivência com a
família.
"A pandemia acelerou a implementação de um sistema de trabalho que levaria
ainda muitos anos para ser adotado de forma abrangente. Havia muitas dúvidas
sobre a eficiência do home office e se as pessoas manteriam a performance
devido às distrações de casa - de filhos à televisão - mas passados nove meses,
muitas empresas relatam que a produtividade permaneceu nos níveis anteriores à
pandemia, ou até mesmo aumentou. Portanto, esta é uma mudança trazida pela
pandemia que, daqui pra frente, deve se estabelecer e fazer parte da vida das
pessoas", explica o consultor em gestão, governança corporativa e
planejamento estratégico, Uranio Bonoldi.
"Anywhere Office" - Meu escritório é onde eu estiver
A pandemia desmistificou o home Office comprovando às empresas que as pessoas
podem produzir ainda mais de suas próprias casas e agora está entrando em cena
um novo conceito: o "Anywhere Office", ou, ‘escritório em qualquer
lugar’. Esta nova modalidade vai se estabelecer como uma grande guinada com
relação à dinâmica de como muitos trabalham atualmente: se com internet e um
laptop podemos trabalhar, o escritório será onde estivermos.
E não se trata de nomadismo digital que é quando a pessoa trabalha de um hostel
em Bora Bora ou de um café em Berlim, mas de adequar as necessidades
profissionais à vida em um local que contribua para a realização pessoal com
saúde física e mental. Por exemplo: por quê viver em apartamentos minúsculos em
uma grande cidade se há possibilidade de morar e trabalhar em espaços maiores
no interior ou mesmo no litoral? Segundo uma pesquisa da plataforma de comércio
OLX, a procura por imóveis em cidades do interior cresceu cerca de 30% no mês
de julho. Ao que tudo indica ao observarmos metrópoles pelo mundo, este pode
ser o início de um verdadeiro êxodo urbano.
"A partir deste novo formato de trabalho, quando não mais for preciso se
deslocar diariamente para ir ao escritório, as pessoas passaram a desejar viver
em lugares mais espaçosos para trabalhar e ainda conviver de forma mais harmoniosa
com a família. Agora, a prioridade é uma vida mais confortável em lugares onde
o custo de vida é mais baixo e com mais segurança - os grandes centros urbanos
não são compatíveis com esta nova realidade. Consigo identificar esta mudança
como o início de uma nova tendência de comportamento", comenta Dante
Seferian, CEO da construtora e incorporadora Danpris.
Produtos que aumentam a proteção? Queremos (precisamos)!
Com o início da vacinação que se aproxima no Brasil, sabemos que em alguns
meses a pandemia de coronavírus pode ser apenas uma lembrança pra lá de
desagradável. No entanto, ainda não se pode dizer com certeza qual é o futuro
do COVID-19. Com base em outras infecções, há poucos motivos para acreditar que
o coronavírus SARS-CoV-2 irá embora em breve, mesmo quando as vacinas estiverem
disponíveis. Um cenário mais realista é que ele será adicionado à (grande e
crescente) família de doenças infecciosas que são conhecidas como
"endêmicas" na população humana.
Além disso, especialistas vêm afirmando que mesmo que vacinadas, as pessoas
ainda podem carregar e espalhar o vírus e, por conta disso, o uso de máscaras e
outras medidas de proteção, como lavar as mãos com frequência e manter
distanciamento social, serão necessárias até que a maioria da população seja
inoculada. Sendo assim, produtos surgidos com a pandemia com propriedades
antibactericidas e antivirais devem fazer parte de nossas vidas de maneira
permanente daqui pra frente.
E não estamos falando apenas de máscaras, mas de plásticos que inativam o
coronavírus e vem sendo utilizados para cobrir superfícies diversas, tecidos
que por possuírem propriedades anti Covid-19 estão ajudando o setor hoteleiro a
expandir as medidas para a segurança de seus hóspedes e até de pisos e tintas
de parede que intensificam a proteção das pessoas contra esta doença e outras
infecções.
"A pandemia da Covid-19 deflagrou uma nova etapa na guerra com os
micróbios. Uma luta histórica contra várias doenças de origem viral ou
bacteriana, entre elas a gripe, que reaparece todo ano e, segundo alguns
cientistas, poderá vir ainda mais forte. De olho nisso, precisamos criar e
aperfeiçoar barreiras contra esses patógenos. E, quanto mais combatermos esses
problemas pela raiz, mais evitaremos novos surtos e pandemias. Usar máscaras,
lavar as mãos e utilizar produtos com ação antiviral seguirão mesmo após a
aprovação da vacina contra o coronavírus. São hábitos que não têm mais volta.
Até porque, quando uma epidemia for embora, podemos ter outra batendo à nossa
porta", explica Daniel Minozzi, químico e fundador da Nanox, empresa
brasileira de nanotecnologia.
Eventos híbridos - O mundo ao alcance das mãos
Dizer que os últimos meses foram um turbilhão seria um eufemismo. Em questão de
dias, eventos ao vivo e conferências planejadas com meses de antecedência foram
repentinamente adiadas ou canceladas. Os eventos virtuais se tornaram parte da
rotina e, rapidamente, o segmento teve que reaprender a ser eficaz neste novo
formato.
Durante este período, uma das lições mais importantes que a indústria de
eventos aprendeu foi que, embora os eventos virtuais certamente tenham seus
benefícios, os eventos ao vivo sempre serão uma parte importante de qualquer
programação de eventos. Sendo assim, os eventos híbridos - aqueles que combinam
experiências presenciais e virtuais - serão uma parte essencial na indústria de
eventos daqui em diante e serão responsáveis por uma verdadeira transformação
na interação do público.
Mas não espere simplesmente uma transmissão ao vivo de uma webcam em um canto,
pois é preciso manter os participantes engajados. Agora, do mesmo jeito que os
organizadores têm uma equipe de produção para eventos presenciais, precisarão
também de uma equipe de produção focada exclusivamente na experiência virtual.
"Desde que a pandemia de COVID-19 começou, os eventos virtuais se tornaram
a nova opção para empresas e marcas que buscam manter seus clientes engajados
durante o longo período de bloqueio. Agora que o mercado lentamente começa a
retornar, é preciso se adaptar novamente e os eventos híbridos permitirão
aumentar o seu alcanc e com a transmissão para um público maior do que jamais
seria possível pessoalmente", explica Natasha de Caiado Castro,
especialista em inteligência de mercado e CEO da Wish International.
Telemedicina - Saúde através do celular
Com o Covid-19, a medicina despontou como um dos segmentos que mais se valeram
da tecnologia para assegurar que a população mantivesse seus fluxos de controle
sem comprometer ainda mais o sistema de saúde. No início da pandemia, o Governo
Federal autorizou que a prática de consultas virtuais pudesse ser realizada.
Desta forma, muitos casos não emergenciais puderam ser tratados sem que os
Pronto-Socorro ficassem lotados de casos que podiam ser facilmente orientados à
distância com o devido suporte especializado. Passado este momento crítico,
este avanço apoiado por recursos tecnológicos que fazem parte do dia a dia das
pessoas, permitirá fechar todo o ciclo do atendimento: do telediagnóstico ao
acompanhamento contínuo do paciente, facilitando o processo, salvando mais
vidas e garantindo que um número muito maior de pessoas tenha acesso à devida
opinião médica ao alcance de um clique. "As plataformas de atendimento
virtual são um legado positivo para a saúde. A telemedicina estimula a busca
por diagnóstico preciso, evita a automedicação e promove a tomada de decisões
com respaldo clínico especializado. Esse acesso correto aos serviços de saúde
melhora a eficiência do setor como um todo. E olhando para o bem estar do
paciente, promove melhores desfechos clínicos, garantindo diagnósticos
precoces, orientações e encaminhamento correto", afirma Vitor Moura, CEO
da startup de saúde VidaClass.
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