A chegada do Covid-19 fez as pessoas
repensarem muitas coisas, entre elas, como equilibrar, sem proibir, o uso de
telas por parte das crianças. Em um momento onde a maioria dos pais trabalham
em casa e as crianças desenvolvem as mais variadas tarefas, os eletrônicos
ganharam grande protagonismo. A pedagoga da Dentro da História, Claudia Onofre,
explica os prós e contras da situação e a importância dos adultos serem um
"espelho" ao impor os limites necessários para o uso da tecnologia,
já que as crianças tendem a repetir o comportamento dos pais; essas precauções
geram mais unidade em casa, além de uma utilização saudável das telas.
Segundo a Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP), o uso de telas por parte das crianças precisa ter um controle
rigoroso por parte dos pais. A recomendação sobre o tempo que os pequenos
passam em frente a celulares, tablets, TV’s e computadores varia conforme a
idade: crianças menores de 2 anos não devem ser expostas a nenhum tipo de tela;
de 2 a 5 devem ter acesso aos eletrônicos durante 1h por dia; de 6 a 10 anos no
máximo 2h por dia; acima de 10 anos e adolescentes, o limite é de 3h. Mas em
meio a uma pandemia, em que as crianças e pais se encontram mais tempo dentro
de casa, o cenário mudou em grande parte das famílias. De acordo com a pedagoga
da Dentro da História, plataforma de livros personalizáveis, Claudia Onofre, a
tecnologia não deve ser tratada como inimiga, pois, se usada com moderação,
pode contribuir de forma positiva para o desenvolvimento infantil, principalmente
em tempos de pandemia. "O isolamento social desmistificou a era digital
como algo improdutivo ou até viciante. A tecnologia traz diversidade e novos
horizontes e a liberdade de interação, seja de conhecimento, atividades
lúdicas, leitura ou de aproximação com pessoas queridas que as crianças foram
privadas do convívio", comenta.
Reconhecendo a necessidade das telas no momento atual, a SBP mudou suas
recomendações, dando o aval até mesmo para crianças menores de 2 anos
usufruírem da tecnologia (nesta faixa etária, a recomendação é apenas para
contato com os familiares). Em abril, a Unicef, órgão da Organização das Nações
Unidas (ONU) para infância publicou um artigo sobre a importância de repensar o
uso das telas em tempos de Covid-19. O estudo defende que a atenção deve ser
mais com o que as crianças fazem online, com os conteúdos que elas acessam e
com o apoio que têm fora das telas, do que com o tempo que se gasta em frente
aos eletrônicos. Mas como encontrar o equilíbrio? Claudia conta que é preciso se
atentar para o uso consciente desse avanço na educação, uma vez que a
tecnologia se tornou grande aliada para os pais que têm trabalhado em casa e
precisam entreter os filhos neste momento. "Esse equilíbrio pode ter
diferentes soluções de acordo com as idades. Mas a dica de ouro é ‘seja um
exemplo’. As crianças são esponjas, não adianta impor horários e limites se o
próprio adulto perdeu qualquer controle", ressalta.
:: CRIANÇAS X ADOLESCENTES
De acordo com a pedagoga da Dentro da
História, o entretenimento para as crianças é importante durante a rotina,
porém, o ideal é separar um tempo para vivenciarem momentos de unidade juntos.
"Vale preservar o que chamo de "os 15 minutos de ouro", onde o
mundo pode desabar, mas nada tira você daquele momento com seus filhos. Seja
para contar uma história real, ler um bom livro, falar dos desafios atuais,
chorar junto, rir, fazer coceguinhas. Enfim, fazer valer aquele momento para a
vida. Tenha a certeza que estes são únicos e irão gerar uma linda memória
afetiva para a vida toda", ressalta Claudia.
Quando o assunto é a adolescência, a resistência de passar um tempo com os
pais e compartilhar as atividades é maior. "Independente da faixa etária,
os filhos devem ser monitorados. Os pais precisam encontrar coerência e
equilíbrio e nunca fazer nada escondido. Como pais ou responsáveis temos o
direito e dever de zelar, mas tudo isso deve ser feito de maneira transparente.
É legal procurar atividades que os filhos gostem para mostrar à eles os
prazeres e perigos da internet, seja assistindo juntos um filme sobre o assunto
ou presenteá-los com algum livro sobre o tema", aconselha a pedagoga.
:: TECNOLOGIA E LEITURA, GRANDES ALIADAS PARA TODAS AS IDADES
Segundo Claudia, a tecnologia pode ser
aliada, inclusive, para incentivar as crianças desenvolverem maior gosto pela
leitura. "Mas o ideal é que este hábito vá além das telas e os pais
utilizem os livros para criar esse momento lúdico que, além de educar, ajudam a
criar uma relação mais próxima entre pais e filhos", comenta Claudia. Uma
dica da profissional é observar o que os pequenos gostam de ver nas telas e
utilizar essa informação para estimular o gosto pelos livros. "Conhecer o
que atrai a criança, ajudará neste trabalho de migração das telas para as páginas
impressas. Há muitos livros que fazem uso de personagens famosos, mas que
exploram o lado didático na história. Se a criança adora assistir desenhos de
dinossauros, com certeza ela se sentirá mais atraída se o livro trouxer esse
tema. E consequentemente, aprenderá de forma mais rápida e prazerosa",
conta.
Esta questão é bastante explorada na Dentro da História, que traz diversos
títulos com personagens famosos entre as crianças. A plataforma uni o digital,
com a criação do avatar da criança, para que ela seja inserida na história ao
lado do seu personagem favorito, com o físico, ao entregar o livro em casa.
"É uma maneira de envolver ainda mais a criança na leitura. O filho pode
participar da criação do seu avatar, em um meio conhecido por ele, o que irá gerar
muito mais interesse pela leitura quando receber os livros em mãos", opina
Claudia.
Na era digital, não tem como proibir o uso das telas. E nem deve! O cuidado
deve ser no monitoramento e na integração do virtual, com o mundo real. "O
mais importante é estabelecer a rotina e cuidar para que tudo caminhe como o
acordado, assim quando a criança for para tela será tranquilo, leve e prazeroso
para todos, e o melhor: sem nenhuma culpa", finaliza a pedagoga.
Dentro da História -
é uma Edtech brasileira que atua com personalização de livros infantis. Por
meio de uma plataforma online que permite a criação de um avatar com
características físicas das crianças, como tom de pele, cor de cabelo e olhos,
estilo de roupa, óculos e calçado, possibilita que os pequenos participem de
histórias ao lado de seus personagens preferidos.
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