A vida nas cidades passou por inúmeras transformações ao longo da história. Nos últimos anos, passamos a assistir as construtoras investindo em apartamentos cada vez menores, com até 60m² e batendo recordes em locais compactos. O menor apartamento do País mede 9,8m² e está localizado em Curitiba. Esse movimento, aconteceu devido a diminuição de membros da família média e também, por conta da correria do dia a dia, que transformou os lares em dormitórios para um descanso rápido, após um dia corrido dentro de qualquer metrópole.
E isso estamos falando apenas nas mudanças das cidades. Além das mudanças de
infraestrutura, com os dias cada vez mais apertados, problemas relacionados a
saúde mental e ao sono também se tornaram mais comuns. A insônia, por exemplo,
já é um dos principais problemas da sociedade e segundo a Associação Brasileira
do Sono (ABS), ela afeta mais de 73 mil pessoas no país.
Uma noite mal dormida pode acarretar outros tipos de sintomas, como ansiedade,
estresse, indisposição e dificuldades em focar nas atividades do dia ou ainda,
de relacionar-se com outras pessoas. Porém, por mais comum que estes problemas
pareçam, a relação deles com o sono passou a ser mais discutida durante o
período que atravessamos no Brasil.
A pandemia do novo coronavírus traz novamente a importância dos nossos lares à
tona. Além disso, o cuidado com aspectos psicológicos também foi pautado pelos
grandes veículos de imprensa. Notamos como a nossa rotina afeta diretamente o
sono e aprendemos que dormir bem traz benefícios para a saúde e para o bem
estar.
Será que agora entenderemos a importância do sono? O levantamento "Será
que os brasileiros estão mais sonolentos na quarentena?" mostra que 50%
dos brasileiros afirmaram estar mais preguiçosos durante a pandemia e ainda,
46% dos respondentes avaliaram que a qualidade de vida deles piorou neste
período.
Uma hipótese é que um dado esteja relacionado ao outro. Embora a população do
mundo todo esteja atravessando uma crise que trouxe adversidades, para o
mercado, economia, ciência e saúde pública, faço um convite para que cada
leitor busque mais cuidados com a saúde mental e a do sono, procurar rotinas
que ofereça momentos de relaxamento e de descontração.
Pensando em um momento pós pandêmico, acredito que a indústria do sono deverá
alavancar. Segundo alguns analistas, esse mercado deve atingir mais de US$100
bilhões até 2023, mas a crise deve fazer subir ainda mais esse valor, devido a
mudança no consumidor e o interesse da população por artigos e produtos
voltados ao sono e ao relaxamento.
Não é a toa que, assim como outro setores, o do sono também ganhou um impulso
nas novas soluções para dormir melhor, com uma população de cerca de 80% que
afirma ter problemas na hora de dormir (ABS), às empresas de olho nesse público
ficaram ainda mais esperançosas.
Nos Estados Unidos, a indústria já movimenta cerca de US$ 40 bilhões. Entre as
principais frentes de negócio no que se diz respeito a produto estão melhorias
para o quarto, mudança na rotina, novos medicamentos e produtos alternativos,
como por exemplo, os florais. Alguns exemplos são os umidificadores,
controladores de som, iluminação e temperatura, produtos para o banho,
travesseiros, colchões especiais e tecnologias em produtos e aplicativos que
monitoram sono.
Saber que a má qualidade do sono afeta aspectos cognitivos, emocionais e
psicológicos, nos traz ainda mais responsabilidade para toda essa indústria que
tem como propósito melhorar a vida dos brasileiros. Aprendemos que permanecer
no mercado é então nosso principal desafio durante uma crise, mas também temos
a certeza que elas não são capazes de atrapalhar nossos melhores sonhos. É
preciso também repensar nossas ações e anseios e traçar novos desafios, para
que nossa saúde e bem estar não entrem em colapso.
Rafael Moura - fundador e CEO da I
wanna sleep, Retail Tech focada em sono e relaxamento. Fundada em 2014 e com
entrada no mercado de franquias em 2017, a rede conta com 12 unidades nos
estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Formado em engenharia
agrônoma e de produção, abriu mão de trabalhar na empresa familiar no setor
agrícola para empreender. Antes da I wanna sleep, já esteve à frente de três
empresas de internet e computação. Moura também foi selecionado dentre 600
empreendedores pela Endeavor para o programa Scale Up BRMalls Partners.
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