As doações para o enfrentamento ao Covid-19 no país ultrapassaram R$ 6 bilhões, segundo levantamento da ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos). Com um total de 460.171 doadores, a Associação contabilizou o maior montante nos meses de abril e maio mas, no momento em que o mundo mais sofre com as consequências da doença, a arrecadação mostra sinais de queda. Em junho, as doações caíram 88% em relação à média dos dois meses anteriores.
Mesmo com um recorde histórico de doações, o estudo
"O impacto da Covid-19 nas organizações da sociedade civil brasileiras",
da Mobiliza e Reos Partners, mostra, porém, que 20% das instituições
brasileiras estão sem fundos para manter projetos e dar continuidade às ações;
87% relataram ter toda ou parte de suas atividades principais interrompidas ou
suspensas por conta da pandemia; e 73% disseram que houve queda significativa
da captação de recursos no período.
O aumento das arrecadações durante a pandemia
beneficiou a área da saúde, o que é natural, dado o contexto, mas seria
importante os doadores não esquecerem das organizações sociais que, diante do
isolamento social, estão perdendo dia a dia as suas fontes de renda, captados,
por exemplo, em eventos beneficentes, bingos e bazares ou com a força de
voluntários. Essas organizações atendem, na sua maioria, a população mais
vulnerável. Não podemos falhar como sociedade no acolhimento e atendimento
desse público.
Uma pesquisa realizada em maio pela Central Press
com 270 executivos paranaenses revelou que, mesmo 49% deles relatando queda de
50% a 100% no faturamento da empresa, 35% das organizações ampliaram as doações
e projetos sociais por conta da pandemia. O momento fez as empresas se
atentarem à responsabilidade social - e essa atitude veio para ficar. Não
apenas por incentivos fiscais mas, por que não utilizar os recursos internos
para mobilizar a rede de relacionamento da empresa?
Considerando o momento excepcional trazido pela
pandemia e a repercussão na saúde das empresas, é preciso pensar em diferentes
formas de contribuir com as necessidades da comunidade, por exemplo, por que
não convidar colaboradores, fornecedores e clientes a se engajarem com as
causas sociais? Ao fazer a informação circular, a empresa estará ajudando a
construir um coletivo de apoio, o que aumentará as chances de crescer a rede de
doadores. Cada um avaliará as suas próprias condições de doação e, o melhor,
mais pessoas poderão ser beneficiadas.
Eliziane Gorniak - diretora do Instituto Positivo
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