Com
as limitações e restrições do cenário de pandemia, o ganho de peso e o
descontrole alimentar estão ligados a questão emocional
O Brasil já registrou
mais de 3 milhões de casos de Covid-19. Em tempos de pandemia, a medida mais
segura é ficar em isolamento social. Neste cenário, é possível ouvir pessoas se
queixarem do ganho de peso e do descontrole alimentar. Para entender por que
isso acontece, a nutricionista Vera Salvo, do Conselho Regional de
Nutricionistas da 3ª Região SP-MS (CRN-3) fala dos aspectos emocionais e da
necessidade de resgatar duas funções básicas da alimentação.
"Primeiro, é
preciso garantir a quantidade de nutrientes necessários à sobrevivência, é o
que chamamos de fome hipotalâmica. Ela nos alimentamos para ter energia.
Segundo, a obtenção de prazer a partir do ato de comer, a fome hedônica. Sim, a
alimentação é um prazer na vida das pessoas e fome hedônica pode superar a
hipotalâmica", explica.
A nutricionista salienta que se as pessoas fossem guiadas apenas pela fome hipotalâmica, a alimentação poderia parecer algo obrigatório, mais uma tarefa dentre tantas outras a serem cumpridas para a sobrevivência. Por isso, é importante balancear as duas funções: hipotalâmica e hedônica.
Cuidando da alimentação e do emocional
Neste cenário de
pandemia, com tantas limitações, restrições no dia a dia, Vera explica como
fica a questão emocional. "O alimento traz prazer, na tentativa de
amenizar um pouco o estado emocional alterado. Ele é mais que combustível,
passa a ser o anestésico, ajuda a fugir de momentos, de momentos ruins,
distrair".
Diante de situações
estressantes, a nutricionista revela que 70% das pessoas alteram a qualidade ou
quantidade da alimentação e que é um momento ruim para fazer dietas
restritivas, especialmente em relação a carboidratos. "Isso agravaria mais
o estresse, a ansiedade e depressão, já que influenciaria negativamente a
produção de serotonina, um neurotransmissor responsável pela regulação do
apetite, do sono e do humor", pontua.
Do ponto de vista
fisiológico, à medida que as pessoas se mantém estressadas, elas apresentam
privação do sono e buscam fazer dieta restritiva, o cortisol, o hormônio do
estresse, pode elevar-se e assim, aumentar a vontade de alimentos doces,
gordurosos e salgados.
Diferentes medidas poderiam ser tomadas para proteger a saúde física e mental. "Seriam pequenas mudanças de hábitos no nosso consumo alimentar, introduzindo alimentos frescos, ricos em vitaminas, minerais e antioxidantes, o que naturalmente já aumentaria a imunidade, e que promoveria maior saciedade", finaliza.
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