Durante a quarentena, muitas mulheres têm tido irregularidade no ciclo menstrual, alteração que pode estar associada ao estresse e até às mudanças de rotina. “O momento em que vivemos traz uma carga imensa de ansiedade e estresse, e ambos podem interferir na menstruação”, confirma a Dra. Karina Tafner, ginecologista e obstetra, especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa, e especialista em reprodução assistida pela FEBRASGO.
Segundo ela, quando o corpo é colocado sob pressão constante ou excessiva, ele secreta os hormônios do estresse: cortisol e adrenalina. “A adrenalina fornece energia, por exemplo, para correr diante de um perigo eminente. O cortisol aumenta a função cerebral e interrompe ou diminui as funções que o corpo considera não essenciais. O cortisol sinaliza o corpo para diminuir funções não vitais como a reprodução, enquanto a adrenalina prepara-o para sobreviver ao estresse”, explica Karina Tafner.
Dito isso, o estresse
repentino ou prolongado pode ter grandes efeitos nos hormônios reprodutivos,
sendo uma maneira de “proteção e preservação“ do corpo em momentos de ansiedade
intensa, tornando improvável que uma mulher engravide durante estes períodos.
Como isso acontece
Segundo a ginecologista, o cortisol altera os padrões de secreção de um hormônio chamado GnRH que, consequentemente, altera a secreção de dois outros hormônios essenciais ao funcionamento ovariano e a ovulação: o luteinizante (LH) e o folículo estimulante (também conhecido como FSH).
“Quando os níveis de LH e FSH
são baixos, os ovários podem não produzir estrogênio adequado para ocorrer a
ovulação e, consequentemente, a menstruação, causando as alterações no ciclo
menstrual. Essas alterações não resultam necessariamente na cessação total do
ciclo menstrual, podendo levar desde o início do sangramento antes do esperado
(ciclos mais curtos) até atrasos menstruais que duram meses”, explica Karina
Tafner.
E quem toma pílula?
De acordo com a especialista, o atraso não acontece com quem faz uso de pílulas anticoncepcionais. “Isso porque elas fazem com que as mulheres tenham uma menstruação ‘artificial’, ou seja, a menstruação não acontece pelos hormônios naturais, mas pela ingestão de hormônios contidos na pílula (estrogênio e progesterona) e independe do funcionamento do ovário”.
Nenhum atraso menstrual é normal
Mesmo as alterações menstruais causadas por estresse ou ansiedade não são
normais. Segundo Karina, são situações que pedem avaliação. “Qualquer mulher
com atraso menstrual, que não utiliza nenhum contraceptivo, primeiramente deve
excluir uma gestação. Excluída a gestação, aconselho a mulher a realizar
registros dos ciclos menstruais e qualquer sintoma relacionado a ele, por três
meses. Se o seu ciclo menstrual continuar anormal, procure avaliação médica. Se
houver parada total da menstruação, vá ao especialista antes desse período”,
recomenda Karina Tafner.
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