Estresse tóxico é definido por uma situação de estresse elevado e contínuo que pode gerar danos irreversíveis ao desenvolvimento neuropsicomotor de uma criança. “A evolução do indivíduo depende da genética e do ambiente que o cerca. Durante a pandemia, esse ambiente tende a se tornar inapropriado para o crescimento adequado de uma criança, que está em intenso desenvolvimento cerebral”, explica a pediatra Dra. Andressa Tannure, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e especialista em Suporte de Vida em Pediatria pelo Instituto Sírio-Libanês e pelo HCOR.
O que
causa e como identificar
Segundo Andressa,
toda criança será exposta, inevitavelmente, a situações adversas, como a perda
do seu animal de estimação, mudança de escola, de cidade, entre outras. Mas, no
momento atual, o cenário é mais delicado, pois se trata de um episódio
completamente atípico.
“A criança pode dar os primeiros sinais desse estresse com atitudes que antes não eram comuns. Ficam mais chorosas, não dormem bem, alteram o apetite, regridem no desenvolvimento (uma criança que já havia realizado o desfralde volta a fazer xixi na cama) e evoluem para quadros mais intensos de hiperatividade, agressividade, personalidade introspectiva, sentimento de incompetência e déficit de atenção”, explica Andressa Tannure.
Quais
as consequências
Quando a criança é
exposta ao estresse tóxico, toda a sua estrutura cerebral é afetada, provocando
disfunção no sistema neurológico e endocrinológico. “Essas alterações se
refletem na vida adulta, com o desencadeamento de doenças crônicas, como
hipertensão arterial sistêmica, diabetes melitos, doenças pulmonares,
distúrbios neuropsiquiátricos e comportamentais (como depressão ou transtorno
de ansiedade generalizada) e maior risco à dependência química”.
Como
lidar com os sintomas
De acordo com a
pediatra, em meio a todas essas situações atuais, fica mais evidente a
importância do suporte familiar, do acolhimento, do incentivo às atividades de
lazer, do estabelecimento de uma rotina saudável (alimentação, sono e
exercícios) e, se necessário, de um tratamento multidisciplinar com
psicoterapia.
“Todo esse amparo, somado a sua maturidade, ao seu
estágio de desenvolvimento e sua habilidade intrínseca, serão determinantes
para que a pandemia não gere graves consequências à criança”, finaliza Andressa
Tannure.
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