Especialista alerta para os cuidados
com a audição
Na próxima segunda-feira, 24 de agosto,
é comemorado o Dia nacional da infância. A data, criada pelo Fundo das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF), tem o propósito de promover uma reflexão sobre
as condições em que as meninas e meninos vivem no Brasil. Esse dia é um convite
a toda sociedade para colocar a infância como prioridade, principalmente em
relação à saúde e ao desenvolvimento.
Pouco discutida, a audição na infância é um fator importante que deve ser
lembrada nesta data. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 34 milhões
de crianças no mundo possuem deficiência auditiva em algum grau. Os dados
também mostram que 3 a 4 mil bebês já nascem com algum tipo de problema
auditivo.
É importante cuidar da audição desde os primeiros dias de vida. "A perda
auditiva pode limitar o acesso da criança a alguns sons, que são importantes
para a comunicação. A gente aprende, basicamente, por meio dos nossos sentidos,
pelas experiências auditivas, visuais e táteis - isso cria as conexões
cerebrais que dão significado às coisas. Por meio dessas experiências acontece
o aprendizado", explica Erica Bacchetti, fonoaudióloga da ParaOuvir.
A boa notícia é que a perda auditiva tem tratamento e quanto mais cedo for
diagnosticada, melhor é o prognóstico. "O desenvolvimento da criança
precisa ser acompanhado em um todo. Quando os pais levam a criança ao pediatra,
é observado quanto a criança cresceu, quanto ela pesa, se está com os exames
todos dentro dos padrões. Muitos pais levam ao oftalmologista para fazer uma
triagem visual, mas esquecemos de dar atenção à audição", ressalta Erica.
Sinais de alerta
Para um diagnóstico precoce e tratamento adequado, é necessário que os pais
estejam atentos aos sinais de alerta. Os comportamentos da criança devem ser
minimamente observados. Nos primeiros anos de vida, a criança manifesta muitas
de suas dificuldades e sofrimentos em mudanças de comportamento. "Sempre
que a gente observa que nossos filhos estão se comportando um pouco diferente
do que o habitual deles, devemos investigar", pontua a fonoaudióloga.
Dores de ouvido constantes, incômodo com sons intensos, dificuldades na escola,
falta de interesse em atividades de comunicação, assistir televisão com o
volume muito alto podem ser sinais que indicam para alguma alteração auditiva.
"A criança pode começar a responder algo totalmente diferente do que
perguntamos dar respostas desconexas. Quando chamamos pela criança e ela não
responde, quando é muito distraída ou ainda muito agitada", lista Erica.
Em crianças menores e bebês os sintomas podem ser mais sutis. Nos primeiros
meses de vida, por exemplo, o bebê começa a se familiarizar com a voz de quem
cuida dele, assusta se escuta sons altos, como a batida de uma porta, por
exemplo. Com o passar do tempo começam os balbucios e as primeiras emissões de
sílabas e as reproduções de barulhos que podem parecer palavras.
Tratamentos
No Brasil o teste da orelhinha é obrigatório. Assim que nasce o bebê, ele é
submetido a esse exame com a finalidade de identificar precocemente perdas
auditivas. Essa triagem auditiva neonatal é muito eficaz. "Tem muitas
crianças que nascem, passam na triagem auditiva porque realmente escutam bem,
mas durante o desenvolvimento têm alguma intercorrência que causa a perda da
audição", afirma Erica.
Apesar da perda auditiva resultar em algumas dificuldades durante a infância,
ela não é impeditiva. A criança não será impedida de falar, de aprender ou se
relacionar, isso devido aos inúmeros tratamentos disponíveis para proporcionar
qualidade de vida a esses indivíduos. "É importante ressaltar que uma
criança com perda auditiva não necessariamente vai ter dificuldade para
desenvolver a fala", tranquiliza a fonoaudióloga da ParaOuvir.
O tratamento para os problemas auditivos em crianças depende da causa e
gravidade da perda, por isso é sempre necessária uma avaliação médica para
indicação do procedimento adequado para cada paciente. O médico determinará a
causa da dificuldade para ouvir e qual conduta será adotada: uso de
medicamentos, cirurgia, uso de aparelhos auditivos ou implante coclear.
No mercado existe uma infinidade de modelos e opções de aparelhos auditivos,
que podem ser usados no tratamento de perda auditiva em crianças. "A
criança com deficiência auditiva que recebe a estimulação adequada por meio da
tecnologia, seja usando aparelho auditivo, implante coclear ou prótese
implantada, tem o mesmo acesso aos sons que uma criança com a audição dentro da
normalidade", finaliza Erica.
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