Hoje boa parte dos homens participa ativamente da paternidade, desde o momento em que se descobrem “grávidos”. Mas nem sempre foi assim. Ao longo da história, a sociedade atribui às mulheres o papel de cuidadora. Na natureza, as coisas são um pouco diferentes. Por não ter relação com cultura mas sim com instinto, há espécies em que os machos são verdadeiros paizões desde que o mundo é mundo.
Há
comportamentos clássicos, muito difundidos, como os dos pinguins-imperadores e
dos cavalos-marinhos. Outros pouco conhecidos, como as emas e alguns anfíbios.
Fundamental a todos, como lembra o coordenador de Ciência e Conservação da
Fundação Grupo Boticário, Robson Capretz, é que essas famílias contem com
habitats protegidos e equilibrados para que garantam a preservação das
espécies.
“Todas as
espécies de fauna e flora dependem de biomas e habitats protegidos e
conservados para que se desenvolvam e aumentem suas populações. A intervenção
humana, quando não respeita os limites da natureza, nesses espaços aumenta os
riscos sobre as espécies. A conscientização da importância da preservação é o
caminho para dar segurança à fauna e à flora”, avalia Capretz.
Neste Dia
dos Pais, confira alguns dos paizões do reino animal.
Cavalo-marinho
Elegante e
monogâmico, faz tudo para agradar a companheira, paizão reconhecido. Tanto que
carrega os ovos na própria barriga, transferidos pela fêmea, com volume que
pode variar entre 50 e 1.500 filhotes conforme a espécie. A gestação dura de
duas a quatro semanas e nesse período permanece preso por sua cauda em corais e
plantas marinhas.
Há cerca de
30 espécies de cavalos-marinhos distribuídas nos oceanos Atlântico, Índico,
Pacífico e Mediterrâneo e todas são consideradas vulneráveis à extinção. No
Brasil, existem dois tipos: Hippocampus reidi e H. erectus. As
principais ameaças são a pesca predatória, a destruição do habitat e
a captura para criação em aquários.
Seu
ambiente preferido são os campos de algas, em águas mornas e tranquilas. Seu
corpo, que pode medir entre quatro e 30 centímetros de acordo com a espécie, é
recoberto por anéis ósseos em vez de escamas. Tem vários padrões de cores:
amarelo-claro, alaranjado, marrom, preto, listrado ou com pinta.
Pinguim-imperador
Outro
paizão respeitado é o pinguim-imperador (Pinguinus impennis). Depois que a fêmea
bota o ovo, ele assume todo o trabalho. Mantém o ovo aquecido por cerca de dois
meses até o momento da eclosão (missão árdua considerando a temperatura em que
vivem!) e alimenta os filhotes após o nascimento. Tudo isso para permitir que a
fêmea recupere suas reservas nutricionais se alimentando livremente no mar.
Somente passado esse período inicial de cuidados intensos, eles retomam sua
rotina normal.
Há ao menos
18 espécies de pinguins, que podem ser encontradas principalmente no hemisfério
Sul: Antártica e costas frias da África, Nova Zelândia, Austrália e América do
Sul. O imperador é a maior delas, chegando a pesar 36 quilos quando adulto,
preferindo água e ambientes mais gelados que os registrados no Brasil.
As mudanças
climáticas e a perda de habitat são as maiores ameaças à conservação dos
pinguins. Estudo do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), de
2017, alerta que os pinguins-imperadores podem estar extintos até 2100 devido
ao aumento da temperatura e ao derretimento do gelo.
Sagui
Os saguis (Callithrix)
são extremamente dedicados à família. Como o filhote é grande, normalmente
nascendo com 25% do peso da mãe, a gestação e o parto são muito desgastantes.
No nascimento, o macho atua como “parteiro”, mordendo o cordão umbilical e
limpando a placenta. Enquanto a fêmea se recupera na floresta, ele alimenta e
carrega seus filhotes nas costas. Os irmãos mais velhos também ajudam nos
cuidados com os pequenos.
Este gênero
de primata é endêmico do leste e centro-oeste do Brasil, ocorrendo
principalmente na Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. Sua alimentação consiste
basicamente de insetos, mas
ingerem também frutas, sementes, ovos, seiva de
árvores e pequenas aves.
O avanço do
desmatamento em seu habitat é uma enorme ameaça aos saguis. Mas eles sofrem
também com o intenso tráfico de animais.
Sapos e rãs
Sapos e rãs
(anfíbios anuros) reúnem um grande número de pais dedicados. Há os que são
capazes de incorporar a prole à pele das costas ou pernas, os que têm uma bolsa
especial para os girinos até que cresçam e até mesmo os que os conservam na
boca, recusando-se a comer até que fiquem suficientemente grandes para
sobreviver por conta própria.
Ema
O macho de
ema (Rhea americana) vive em grupos com até 12 fêmeas. Isso
aumenta o seu trabalho, porque são responsáveis por incubar os ovos do seu
grupo – podendo chegar a 60 ovos e levar cerca de 40 dias para eclodirem – e
pela criação dos recém-nascidos.
A ema
ocorre exclusivamente na América do Sul, especialmente em regiões campestres e
cerrados do Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Mesmo com grandes
asas, não voa. Ela a usa para se equilibrar e mudar de direção enquanto corre.
É a maior e mais pesada ave do continente. Um macho adulto pode atingir 1,70
metro.
A ema é
onívora, se alimentando de frutas, sementes, folhas de grandes árvores,
lagartos, moscas, cobras, moluscos, peixes entre outros.
Novamente,
a intervenção humana nos biomas é a principal ameaça para estes animais, assim
como a caça. Apesar de despertar preocupação, as aves ainda encontram um ambiente
propício para sobrevivência no Pantanal, com um número de indivíduos
considerado satisfatório.
Sobre a
Fundação Grupo Boticário
Com 30 anos
de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações
empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A
instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos
negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores
e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais,
sociais e econômicos. Já realizou doações para mais de 1.600 iniciativas
dedicadas à causa da conservação em todo o País. Protege duas áreas de Mata
Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil
hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de
seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano
das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O
Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A
instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra,
evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.
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