Decisão deve levar em conta tipo de câncer, estadiamento e condição cirúrgica
As cirurgias oncológicas foram afetadas pela
pandemia e muitos pacientes e familiares ficam apreensivos quando o médico
sugere o adiamento do procedimento. O cirurgião oncológico Rodrigo Bregeiro, do
Grupo Surgical, explica os casos em que a cirurgia pode aguardar e o que os
médicos levam em conta na hora de tomar essa decisão.
“Diante do cenário mundial da pandemia Covid-19, o
tratamento oncológico e, notadamente, as cirurgias oncológicas foram fortemente
afetados devido a gravidade da infecção pelo novo vírus e o potencial de
complicação relacionado ao período transoperatório”, explica. “Diversas
recomendações de sociedades internacionais sugeriram a suspensão dos
procedimentos cirúrgicos oncológicos com parcimônia, a depender de diversos
fatores, como tipo de câncer, estadiamento e condição cirúrgica, exceto em
casos de urgência e emergência, obviamente”’, ressalta.
Diante dessas recomendações, é comum que pacientes
e familiares questionem se o câncer vai aumentar, se há riscos de metástase ou
de morte. De acordo com Bregeiro, o primeiro passo é ter calma e confiar na
equipe médica. “De fato, alguns tumores têm potencial de agressividade maior e
não podem ter seu tratamento cirúrgico postergados com segurança, por exemplo,
tumores de pâncreas, vias biliares, pulmão, entre outros. Entretanto, hoje
possuímos diversas estratégias seguras e comprovadas cientificamente para
postergar o tratamento cirúrgico com intenção curativa para um momento
adequado, adotando terapias neoadjuvantes, que buscam reduzir e controlar o
tumor antes do tratamento cirúrgico proposto”, orienta.
Segundo o cirurgião, o tratamento oncológico é
fundamentado em, basicamente, três grandes áreas da medicina: a Oncologia
clínica, responsável pela quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia e,
atualmente em grande destaque, as drogas de “terapia-alvo”; a Radioterapia,
responsável pela irradiação dos sítios tumorais para regressão ou destruição
dos tumores; e, por fim, a Cirurgia Oncológica, que atua na remoção dos tumores
sólidos, seguindo preceitos oncológicos e, em algumas situações, como controle
dos sintomas causados pelos tumores.
Ele explica que os pacientes que vão ser submetidos
a uma cirurgia oncológica precisam tomar todos os cuidados básicos de prevenção
à COVID-19, como uso de máscaras e higienização das mãos, além de realizar
adequadamente seus exames pré-operatórios, manter boa alimentação e atividades
físicas, se possível. “Sabemos que o risco de contrair uma infecção hospitalar
por Covid-19 no período perioperatório deve ser informado e considerado, mesmo
diante de uma preparação adequada. Percebemos, nos últimos meses, casos mais
avançados sendo submetidos a cirurgias oncológicas, principalmente em situações
de urgência e emergência”, pondera.
Em linhas gerais, de acordo com Bregeiro, mesmo com
a orientação de adiamento da cirurgia, pacientes oncológicos devem procurar
atendimento médico em situações de perda de peso inexplicada, dores, fadiga,
sangramentos, febre, falta de ar, alterações no apetite e funcionamento
intestinal, entre outras.
“Apesar de ainda termos poucos estudos que
relacionam COVID-19 e câncer, já sabemos que pacientes oncológicos podem ter um
risco maior de manifestações da COVID-19 e piores resultados de sua evolução
clínica, se comparado a pacientes sem câncer. Por isso, eles merecem uma
atenção especial. Nos casos em que há necessidade de cirurgia, é importante que
os hospitais tenham alas livres de COVID-19 para minimizar os riscos de
contaminação, já que, como explicado anteriormente, esses pacientes são mais suscetíveis
à doença”, afirma o cirurgião.
Bregeiro reforça que é muito importante confiar na
equipe médica, que vai tomar uma decisão baseada em todo o histórico do
paciente. “O binômio Câncer/COVID -19 é algo novo em que nós, profissionais da
saúde e pacientes, estamos tendo que nos habituar. Historicamente são raros
relatos de situações pandêmicas ou epidêmicas que trouxeram impacto direto de
tamanha proporção em outras doenças crônicas que demandam início de tratamento
rápido e eficaz como nas situações oncológicas”, finaliza
Grupo
Surgical
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