Neste período de crise e pandemia é fundamental ir além do convencional e repensar no papel dos pais no desenvolvimento da educação financeira dos filhos. Neste momento, não é mais possível se omitir sobre esse tema, sendo que todos precisam entender minimamente o tema para que o impacto seja menor em relação ao endividamento e inadimplência.
"Diante de um
cenário assustador de quarentena que se estende, crise, população endividada ou
frustrada por não conseguir realizar seus sonhos, ensinar como lidar com
dinheiro e anseios para crianças e jovens tornou-se um dos principais desafios
de pais. Lembro que as famílias têm papel fundamental no significado que os
filhos atribuem ao dinheiro e a forma como se lida com seus recursos
financeiros pode influenciar a maneira como a criança irá administrar seus bens
no futuro", explica Reinaldo Domingos, PhD em Educação Financeira e autor
do livro Mesada não é só dinheiro (Editora DSOP);
Ele conta que muitos
pais, que não receberam orientações dessa natureza e encontram dificuldades em
transmitir esse tipo de conhecimento. Um dos caminhos para famílias educarem
financeiramente seus filhos é estimular que esses identifiquem seus sonhos de
curto, médio e longo prazos; ensinando a investigar quanto custam esses e,
junto com os pais, começarem a poupar.
Reinaldo Domingos
preparou quatro orientações de como os pais podem educar financeiramente os
filhos:
Começar cedo - É uma característica
das crianças serem muito observadores e cedo começam a perceber que o dinheiro
tem uma importância na vida dos pais e, em paralelo tem estabelecido os desejos
de consumo, assim, a partir da percepção deste entendimento, que ocorre
normalmente por volta dos três anos, já deve ter início a educação financeira.
Frequentemente eles observam os adultos entregarem dinheiro, cartões, cheques
em vários locais em troca de mercadorias. Ou seja, observam que troca dinheiro
por coisas que se quer ter. Ao mesmo tempo crianças e jovens estão expostos às
mensagens publicitárias que estimulam o desejo de ter. São duas forças
importantes que movimentam a sociedade e, portanto, precisam ser bem
compreendidas.
Envolva nas decisões
- O antídoto para os
possíveis efeitos nocivos do estímulo ao consumo é envolver esses nas decisões
familiares sobre os gastos, colocando os sonhos em primeiro lugar. Temos de
mostrar que é preciso ter objetivos, fazer escolhas e que nada é mágico, porém,
tudo é possível, desde que o dinheiro seja usado com foco e sabedoria. Dessa
forma, habitua-se as crianças e jovens que acordos não significam negação, mas
sim negociação. Eles perceberão que é possível ter, porém, nem sempre no
momento que se quer. Essa prática também ajuda a aliviar o sentimento de culpa
de muitos pais porque, nesse exercício, eles também aprendem a se reeducar
financeiramente e deixam de ver o dinheiro - ou o poder de comprar - como uma
válvula de escape para suprir lacunas em outros aspectos da vida.
Cuidado com o
excesso de publicidade - A exposição das crianças às ações publicitárias faz com que
estas se tornem cada vez mais cedo consumistas, por isso é preciso conversar
sobre esse tema, mostrar que nem tudo que aparece na tv ou na Internet ele
precisa. . Hoje a criança é elevada ao status de consumidora sem estar
preparada. E a publicidade utiliza de propagandas são apelativas, que causam
desejos imediatos nas crianças de querer o produto, e isso não significa
necessariamente que essa criança é excessivamente consumista, pois, esse desejo
será rapidamente esquecido. Uma situação que indica uma criança excessivamente
consumista é quando ela gasta todo seu dinheiro ganho com mesadas e logo pede mais
dinheiro para seus pais. Porém, não existe um índice que mostre qual o grau que
esse problema atingiu.
Você é o exemplo - Os pais são
referências para os filhos, ocorre que cada família deve ter seus valores, mas
mesmo assim é necessário cuidado. Se a criança vê os pais comprando sem parar,
vão tender a seguir esse exemplo e acabar ficando desta forma. Assim, é
fundamental ter muito cuidado com o exemplo que os familiares passam, e desde
cedo demonstrar que a felicidade não está associada ao consumismo desenfreado e
sim na atitude de atingir seus objetivos. No caso do exemplo externo, a família
também terá um papel de grande relevância, que é o de estabelecer os limites
para esta atitude. Os pais podem reforçar ou não a atitude consumista da
criança e se o comportamento da criança não mudar nesse primeiro momento é
muito provável que ela se torne um adulto sem limite nos seus gastos.
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