Estatísticas apontam necessidade de políticas de
redução de riscos
De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer
(ABRAz), a cada três segundos uma pessoa desenvolve demência no mundo,
totalizando, aproximadamente, 10 milhões de novos casos por ano. Estima-se que
a população de portadores de demência triplique até 2050 caso não sejam
implementadas estratégias de redução de riscos no mundo. Apesar dos dados
alarmantes, a condição ainda enfrenta tabus e desconhecimento generalizado.
Marcus Tulius Silva, neurologista do Complexo
Hospitalar de Niterói, explica que demência é um termo genérico que envolve
diversas doenças, cuja principal característica em comum é a perda de
habilidades cognitivas – como memória, atenção, habilidades motoras e função
executiva – ou capacidade de organização.
“Quando alguns sintomas, como o esquecimento, de
forma geral, começam a atrapalhar a vida de uma pessoa, sendo frequentes,
torna-se um sinal de alerta. Outras situações comuns para os portadores de
demência são, por exemplo, o abandono do cuidado com a casa, a realização de
movimentações financeiras desvantajosas e confusão”, esclarece o médico.
O grupo mais afetado pela demência são as pessoas
idosas – na maior parte dos casos, a partir dos 60 anos –, mas existem
igualmente casos de demência em pessoas mais novas. Conforme a idade avança, as
chances de desenvolver a doença também aumentam.
O diagnóstico geralmente é feito por um médico
especializado, como o neurologista, o psiquiatra ou o geriatra, por meio de
entrevista com o próprio paciente e sua família. Além disso, testes clínicos
neuropsicológicos e exames de imagem, como a ressonância magnética,
possibilitam a identificação da patologia.
Existem diversos tipos diferentes de demência,
sendo o mal de Alzheimer o mais comum. Além deste, há também a demência senil –
associada à idade –, a demência vascular – resultado de múltiplos infartos
cerebrais –, a demência de Pick e a demência por corpos de Lewy.
A demência de Alzheimer é uma doença de média
evolução que começa com um déficit de memória. A demência de Pick causa forte
alteração psiquiátrica, fazendo com que muitos pacientes sejam vistos como
portadores de surtos psicóticos. Já a demência por corpos de Lewy possui
evolução relativamente rápida e provoca grande alteração motora e de
comportamento, além de agressividade, com características físicas semelhantes
às do mal de Parkinson.
Apesar de não existir prevenção, algumas medidas
podem reduzir as chances de desenvolvimento da doença quanto mais precocemente
forem tomadas, principalmente do Alzheimer. Manter uma alimentação saudável,
rica em óleos de boa qualidade, peixes, frutas e legumes e pobre em carnes vermelhas,
bem como praticar atividades aeróbicas regularmente desde cedo, não fumar e
beber moderadamente, é fundamental para a redução de riscos, mesmo quando há
histórico familiar.
Por ser uma doença progressiva e degenerativa, a
demência evolui com o tempo, no entanto, existem alguns tratamentos que servem
para desacelerar seu progresso. Vale ressaltar que cada tipo da doença exige
uma abordagem específica.
A medicação geralmente é feita por via oral, mas há
também em forma de adesivo, por via transdérmica. São disponibilizados, hoje,
quatro remédios aprovados para tratamento específico. Já para os sintomas
associados, como alteração de comportamento e depressão – muito comuns na
demência –, o uso de antidepressivos e antipsicóticos é uma possibilidade.
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