Cada vez mais, lojas físicas têm investido em
tecnologias para obter informações sobre seus consumidores. Bancos de dados e
sistemas de relacionamento passam a direcionar ações de marketing e a nortear
campanhas de incentivo. Shoppings centers, por exemplo, usam sistemas de
relacionamento com cliente (CRM) para oferecer uma experiência de compra
diferenciada. Para trazer resultados, todas as ferramentas precisam funcionar
como uma orquestra. E, como toda a orquestra, a afinação e o tom adequado são
essenciais.
Mais do que desenvolver ações com os dados captados
de um CRM, é preciso que eles sejam mensurados e cruzados, para traçar perfis e
definir estratégias adequadas. A expressão criada pelo matemático londrino
especializado em ciência de dados, Clive Humby, traduz o momento que estamos
vivendo hoje: “dados são o novo petróleo”. Assim como o combustível precisa ser
refinado, dados precisam ser analisados, e empresas usam a inteligência para
transformá-los em realidade. Devem estar cada vez mais
"alfabetizadas" para abordar esta nova linguagem e extrair o
potencial desses dados.
Em shoppings centers, há diversas formas para
captar informações de clientes. Geralmente os primeiros passos são dados em
campanhas e eventos. Assim, perguntas sobre dados pessoais, lojas de
preferência e ticket médio são fundamentais para traçar o perfil de cada
consumidor, além de informações completas sobre o processo de vendas, baseado
na jornada do cliente. Depois, pode ser realizada uma pesquisa para que sejam
avaliadas as preferências e diferenciais percebidos de um empreendimento. É
importante saber que cada cliente é único: enviar uma mensagem personalizada
faz a diferença e estreita o relacionamento.
A rede de Wi-Fi também é uma ferramenta poderosa:
quando um cliente se conecta, pode ser iniciada uma conversa - uma ótima
oportunidade para captar dados diferentes e estreitar a comunicação entre
empresa e consumidor. Com a conexão, pode ser mensurado o fluxo nos corredores
e os diferentes períodos em que o consumidor frequenta o estabelecimento. Por
exemplo, quando um cliente entra no shopping com o celular ligado, transmite
informações importantes como, por exemplo, qual o corredor que ele mais circula
e o tempo de permanência em cada loja. Só não podemos esquecer que essas
análises e segmentações de dados devem ser feitas seguindo as premissas da Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP).
Por fim, esse “petróleo” não precisa ficar apenas
em poder da administração de um shopping. Deve ser compartilhado com os
lojistas, pois faz toda a diferença para continuar um relacionamento com os
clientes. A qualidade de atendimento do shopping - e principalmente dos
lojistas - é fundamental. Atitudes assim podem resultar em relacionamentos a
longo prazo e até criar memórias afetivas nos consumidores.
Para estarem competitivas frente ao comércio
eletrônico, as lojas físicas e shoppings centers devem investir no atendimento
próximo e eficaz. E o combustível dessa relação são os dados. Por outro lado,
oferecer uma experiência completa e momentos únicos são sentimentos que só podem
ser transmitidos pessoalmente. Ou seja, o relacionamento humano é
insubstituível e os shoppings precisam estar afinados para saber como estreitar
estas relações.
Cida Oliveira - diretora de marketing do Grupo
Tacla Shopping
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