A endometriose é uma doença que atinge
em torno de 10 a 15 % das mulheres em idade fértil em todo o mundo. A moléstia
acomete até 70% daquelas que apresentam dor pélvica crônica. O que muitas não
sabem é que a enfermidade pode começar ainda na adolescência, faixa etária
compreendida entre os 10 e 19 anos, segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS).
A dor menstrual (dismenorréia) se manifesta em 60 a 90% das meninas nesta faixa etária e dentro de
certos limites pode ser considerada “normal”. É a chamada dismenorreia
primária; está vinculada a produção mais elevada das chamadas prostaglandinas,
produzidas no próprio útero e que causam contrações mais acentuadas e portanto,
mais dolorosas do músculo uterino.É a dor
menstrual mais comum. Entretanto, boa parte destas jovens adolescentes já estão
acometidas por endometriose em sua fase inicial, porém, por desconhecimento ou
negligência cerca de 70% delas não procuram orientação médica especializada e
muitas delas, deixam de ser tratadas adequadamente em tempo hábil, facilitando
assim a progressão da doença endometriótica.
“A dismenorreia secundária , dor menstrual que
aparece vários anos depois da menarca (primeira menstruação) está associada a
algumas doenças locais já existentes, entre elas e talvez a mais frequente, a
endometriose, a qual alcança um percentual significativo, porém está sendo
subestimada e o diagnóstico definitivo muitas vezes só é confirmado por meio
de laparoscopia”,alerta o ginecologista e obstetra Dr. Claudio Basbaum, membro do Corpo Clínico do Hospital São Luiz em São Paulo.
Dados da Associação Americana de Endometriose
revelam que 66% das mulheres adultas com endometriose começaram a
apresentar os sintomas antes dos 20 anos e decorreram até 12 anos ou
mais para receberem o diagnóstico correto.
“O problema é que os exames de
imagem para diagnóstico de endometriose -ultrassonografia pélvica e
ressonância magnética- nas adolescentes não são conclusivos, pois não conseguem
detectar as lesões ainda superficiais e menos extensas”, explica ainda o
médico. O especialista acrescenta que a endometriose, de acordo com a Sociedade
Americana de Medicina Reprodutiva possui quatro estágios: mínima, leve,
moderada e severa., mas aponta que “mesmo o quadro leve pode apresentar
sintomas graves”.
“Não há uma correlação entre o quadro clínico e
dor. Às vezes, a queixa dolorosa é muito intensa, mas a doença ainda está
evoluindo e não aparece na imagem. Em quase 80% dessas meninas, a doença está
no início, mas futuramente pode levar a infertilidade, sério comprometimento
dos vários órgãos do sistema geniturinário e digestivo, causadores da dor
pélvica crônica com todas as suas consequências”, acrescenta o Dr. Basbaum.
Os sintomas devem ser levados em consideração, pois
a procura de um especialista que faça o diagnóstico diferencial e o tratamento
precoce, diminui a progressão da doença, preserva a fertilidade e melhora a
qualidade de vida das pacientes.
Dr. Claudio Basbaum - Cláudio Basbaum é médico com especialização na
Universidade de Paris-França. Professor-Doutor em Ginecologia e Obstetrícia,
pioneiro da laparoscopia no Brasil (1967), Introdutor do Parto Leboyer ("Nascimento sem
violência") e da técnica "Shantala" (Massagem para bebês) no Brasil e defensor
de técnicas menos agressivas à mulher e ao bebê.
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