Quase todo mundo conhece alguém que já retirou a tireoide.
Mas existe um aumento no número de casos de câncer
de tireoide ou os exames mais precisos estão diagnosticando tumores que antes
não eram detectados?
De
acordo com o Professor Doutor Flavio Hojaij, Livre Docente da Faculdade de
Medicina da USP, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, as duas coisas
parecem contribuir para esta percepção. Como os médicos passaram a solicitar
mais exames e os diagnósticos melhoraram, o câncer passou a ser descoberto
precocemente. No entanto, sabe-se que a incidência da doença, que geralmente
tem causa genética, aumentou em 10% na última década.
“Existem
protocolos para indicar aos especialistas quando um nódulo na tireoide deve ser
analisado e quando deve ser realizada uma cirurgia para a retirada da glândula.
Mas a decisão final sobre como proceder é sempre do cirurgião e do paciente.
Dessa forma, algumas cirurgias são realizadas mais por precaução”, observa o
Dr. Hojaij.
Em
alguns países, como Estados Unidos e Japão, em centros universitários
importantes, os especialistas já estão optando por apenas observar e monitorar
alguns tipos de câncer de tireoide e não mais operar a todos,
indiscriminadamente.
O
Dr. Flavio Hojaij lembra também que existe a possibilidade de uma cirurgia
parcial da tireoide, indicada em algumas situações específicas: paciente jovem,
nódulo único e pequeno, sem sinais de doença à distância, entre outros.
“Os especialistas
devem verificar a possibilidade de realizar uma cirurgia parcial de tireoide em
alguns pacientes, visando proporcionar uma melhor
qualidade de vida sem perder o foco no tratamento e resultado de se livrar
do tumor”, explica o médico.
Nos
últimos três anos o cirurgião realizou 242 tratamentos para câncer
de tireoide - em nível privado -, sendo que 42 pacientes foram tratados com
remoção parcial da glândula.
Câncer
na tireoide
O
câncer na tireoide pode ter causa hereditária e já existem hipóteses (não
conclusivas) de que também existem agentes externos como causadores. Ele não é
agressivo e após a cirurgia, na maioria dos casos, não há recidiva ou
metástase. A pessoa passará a fazer uso contínuo do hormônio que era produzido
pela glândula, o levotiroxina.
Considerado
o mais comum da região da cabeça e pescoço, o câncer de tireoide é três vezes
mais frequente no sexo feminino. Nos Estados Unidos, a doença corresponde a 3%
de todos os casos de cânceres que atingem as mulheres. No Brasil, corresponde a
1,3% de todos os casos verificados pelo Inca (1994 a 1998), e a 6,4% de todos
os cânceres de Cabeça e Pescoço. No Brasil é o oitavo mais comum na
população feminina.
Estima-se
que 60% da população brasileira tenha nódulos na tireoide em algum momento da
vida, mas menos de 5% deles são malignos. A incidência da doença aumentou em
10% na última década. Em caso de suspeita de câncer, além da avaliação clínica
e de exames laboratoriais, o médico solicita exames de imagem ou biópsias.
A
tireoide é uma glândula que produz dois hormônios que contêm iodo – a tiroxina
(T4) e a triiodotironina (T3) – e que controlam nosso metabolismo, influenciam
no nosso desenvolvimento e na atividade do sistema nervoso. Ela regula ainda a
função de órgãos importantes como coração, cérebro, fígado e rins e, ainda, as
relacionadas ao intestino e ao aparelho genital.
Dr.
Flavio Hojaij - Professor Doutor da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo e é credenciado nos principais hospitais de São Paulo, como Hospital
Israelita Albert Einstein, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Oswaldo Cruz,
Hospital São Luiz e Hospital BP Mirante. Foi Professor Visitante do
Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Também é Secretário da SBCCP e
atua em campanhas públicas para a população, como o “Programa Corujão da
Saúde”, da Prefeitura da Cidade de São Paulo, quando são operados, em horários
alternativos, centenas de pacientes agendados pelo sistema público. Em 2018 sua
equipe realizou 97 cirurgias pelo Corujão da Saúde.
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